Se tem uma coisa que esta temporada de primavera vai deixar, certamente é um gostinho de “quero mais”. Tivemos uma quantidade considerável de boas adaptações. Os fãs de romance, em especial, foram muito bem servidos. Esperamos que essa qualidade se mantenha para as próximas temporadas!
Nesta postagem vocês poderão conferir nossas impressões finais de Edomae Elf, Jigokuraku, Kimi wa Houkago Insomnia, Oshi no Ko, Otonari ni Ginga, Skip to Loafer, Watashi no Yuri wa Oshigoto desu! e Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru.

Edomae Elf [Mari]
Edomae Elf conta a história de Elda, uma deusa que foi invocada no Período Edo pela figura histórica de Ieyasu Tokugawa com o objetivo de proteger o povo japonês. No entanto, a realidade é que Elda é apenas uma elfa e não possui nenhum tipo de poder, mas a população em geral não sabe disso e continua a venerá-la ao longo dos séculos. Koito, por sua vez, faz parte da família que há gerações cuida do templo onde Elda mora, e aos dezesseis anos ela assume a responsabilidade de desempenhar o papel de miko da Elda. Assim, nós acompanhamos o dia a dia dessa dupla de personagens carismáticas que possuem personalidades completamente distintas e que são especialistas em arrancar uma boa risada do espectador.
Apesar de partir de uma premissa sem pé nem cabeça, Edomae Elf tende a ser bastante realista na maior parte do tempo. Ele retrata fielmente a natureza de hikikomori da Elda, com seus vícios em videogame, quadrinhos e figures, e tenta balanceá-la com as aventuras e desventuras adolescentes de Koito. Há outros personagens que tornam a história mais divertida, como Koma, a melhor amiga de Koito; Akane e Kirara, que também cresceram na mesma comunidade das duas; e o relacionamento entre outras elfas e suas respectivas mikos.
Falando nisso, o autor aproveita que todas as três elfas que conhecemos no decorrer desses 12 episódios têm centenas de anos para trazer fatos históricos sobre como era a vida no Japão desde o período em que elas foram invocadas até os dias de hoje. Eu não saberia dizer o quão acuradas são as retratações que o autor ilustra, mas não me pareciam estar muito descoladas da realidade. Sendo assim, se você gosta de uma boa comédia e tem interesse em aprender sobre curiosidades relacionadas à história do Japão, Edomae Elf é definitivamente pra você.
A única coisa que poderia ser melhorada, na minha opinião, é que há momentos um pouco mais sérios no desenrolar do anime que nunca são realmente explorados. Por exemplo, a imortalidade da Elda certamente deve gerar sentimentos conflitantes quando se diz respeito a formar laços com humanos, visto que eles morrerão muito antes do que ela, que será deixada para trás. Nós nunca descobrimos o que de fato aconteceu com a mãe da Koito, mesmo sendo um evento importante da backstory dela. Pode ser que essas questões sejam trabalhadas mais para frente no mangá, mas eu gostaria muito que tivéssemos uma continuação em anime.
Aliás, vale destacar que tecnicamente Edomae Elf é excelente. Os cenários são lindos, a animação não teve quedas de qualidade bruscas, e a direção acertou em cheio no timing das piadas. O elenco de vozes também fez um ótimo trabalho – especialmente Ami Koshimizu como Elda e Yuka Ozaki como Koito.
8.5/10

Jigokuraku [Lucy]
Beleza não é tudo, e o estúdio MAPPA esqueceu disso.
Jigokuraku foi uma das obras da temporada com mais hype antes da estreia, o que despertou minha curiosidade e foi o motivo pelo qual escolhi comentá-la. Lamento anunciar que falharam em entregar o que foi prometido, pelo menos a meu ver. Os conceitos principais e a construção de mundo são interessantes, mas me parece um caso de potencial perdido. A história em si é um tanto limitada em seus parâmetros, mas eu não acredito que simplicidade seja um problema quando bem executada. Ser direto ao ponto não é uma coisa ruim! Só que em momento nenhum bateu aquela curiosidade de saber o que vai acontecer no próximo episódio.
Os personagens também são todos maneiros, mas de um jeito bem superficial. Os designs são ótimos e alguns têm boas motivações (destaco a Sagiri como talvez a melhor e mais completa do grupo), mas ficou faltando algo pra eles me cativarem. Pensei que pudesse ser o fator battle royale mesmo, o lance de “não se apegue porque vai morrer”, mas isso não me impediu de um dos meus favoritos ser o cara cuja morte literalmente aparece já na abertura…
Talvez o problema maior não seja estrutural, e sim na adaptação. Não foram poucos os fãs do mangá que vi reclamarem do trabalho do MAPPA com essa versão animada. Não posso afirmar que a equipe foi incapaz de traduzir o charme do original, mas explicaria muito sobre toda essa empolgação que vi a princípio não condizer com o produto final. Se for realmente o caso, espero que a futura segunda temporada conserte um pouco o tom. É triste imaginar que todo o capricho foi pro visual em detrimento da alma do negócio.
No final das contas, o maior mérito do anime pra mim foi colocar o Junichi Suwabe, meu dublador favorito, em meia dúzia de papéis diferentes. Fora isso, não consegui aproveitar muito mais — mas não isso não quer dizer que vá ser assim para todo mundo! Para quem é fã de ação e curte uma boa luta com artes marciais, tem bastante a oferecer. Essas partes se destacam como ponto alto da produção, junto com toda a pompa da apresentação e ambientação. De resto, acho fascinante como eles conseguiram meter um plot twist duplo no último episódio e eu ainda assim não fiquei com a mínima vontade de saber o que acontece depois.
6.0/10

Kimi wa Houkago Insomnia [Lucy]
Como eu já tinha previsto lá nas impressões iniciais, o casal de protagonistas realmente é o coração da obra. A dinâmica deles é pura fofura, e foi muito bem aproveitada! Fiquei surpresa com a evolução do romance: temos beijos e declarações. Apesar da pouca quantidade de episódios, foi desenvolvido de maneira natural. Não sei quanto tempo levou para eles chegarem a esse ponto no mangá, mas a equipe da adaptação está de parabéns nesse aspecto: o ritmo entre eles ficou perfeito.
Mas falando em ritmo…
Não sei se é porque eu não estava no clima, se é algum tipo de estafa pessoal, mas pela segunda vez nesse post — vide Jigokuraku aí em cima —, eu não consegui gostar tanto quanto queria desse anime. As partes que trabalham o romance foram as únicas que conseguiram me prender mais, porque em compensação, as interações escolares e a montagem do clube me perdiam em algumas horas. Acho que isso é um testamento de algo que vejo na verdade como um positivo de Kimi wa Houkago Insomnia: é uma história bastante mundana.
Apesar do passado dramático de ambos os protagonistas, o foco é nesse dia a dia longe do extraordinário. Isso se expressa também no visual, que não emprega exageros ou floreios, com exceção das cenas noturnas. A meu ver, foi a abordagem correta em dois pontos: casa perfeitamente com a atmosfera, e traz mais impacto às estrelas que os insones caçam. Talvez seja porque eu não estou no clima para tal, mas ainda assim, é um anime bastante competente no que se propõe a fazer tanto na frente da apresentação quanto na escrita. Vi muitos elogios à adaptação e faço coro a eles: entre tantos romances saindo esse ano, atesto que com certeza esse é um dos que você deve assistir.
Só ressalto que você precisa estar disposto a algo bem mais lentinho. Eu, pelo menos, vou esperar um pouquinho mais e aí, quem sabe, dar uma chance para o mangá também.
7.0/10

Oshi no Ko [Ana]
Era óbvio que ao estrear com tudo, Oshi no Ko elevaria as expectativas para os próximos episódios. Como eu já suspeitava, tivemos uma adaptação de bastante qualidade, principalmente em termos técnicos. Por mais que eu tenha algumas ressalvas quanto ao desenrolar da história, ainda assim tivemos aqui um dos melhores animes da temporada.
Meu principal ponto é que mesmo depois de 11 episódios eu não sei exatamente onde Oshi no Ko quer chegar. São tantos elementos que se misturam, mas que não são tratados com a profundidade que ao menos pareceu que seria em um primeiro momento: reencarnação, crítica à indústria de idols e entretenimento no geral e uma possível vingança pela morte da Ai. No entanto, em grande parte eu senti que estava apenas assistindo a um slice of life de dois irmãos envolvidos na indústria do entretenimento. A questão da vingança é meramente mencionada em alguns momentos, por exemplo no último episódio, como numa espécie de “olha, a gente não esqueceu desse plot, a qualquer momento vem aí”. A parte da reencarnação no fim também adiciona pouco à história em si, por mais que seja justificável que os personagens ajam de tal forma devido às suas vidas passadas, isso fazia um pouco mais de sentido quando eles ainda eram crianças, porque agora o Aqua parece ser apenas mais um adolescente edge e não alguém que usa de sua experiência como adulto para se destacar e se aproximar dos seus objetivos, e por mais que a gente saiba que a Ruby realiza o desejo de outra vida, impossibilitado pela sua doença, ao se tornar idol, esse é só mais um elemento que acaba ficando meio perdido a tantos outros que vão se adicionando e em algum momento a gente se lembra “é mesmo, tem isso, eles são reencarnados”.
Dito isso, é óbvio que tive uma pequena quebra de expectativa, mas ainda assim consegui aproveitar o que Oshi no Ko me entregou. Em resumo, tivemos o relançamento do B Komachi, o grupo de idols no qual Ai era a central, mas agora com uma nova formação composta pela Ruby, Kana Arima e Mem-cho. A Kana havíamos conhecido desde a infância, e positivamente me surpreendi por ela não ser como eu imaginava e ser uma personagem que veio nos cativando com o passar dos episódios. Já a Mem-cho é uma YouTuber que participou do reality show “My Love with a Star Begins Now” e que também tinha o desejo de ser idol quando mais nova, mas devido às condições da sua família não teve as oportunidades e agora que já é bem mais velha, mente a sua idade para que o público não saiba.
Esse mesmo reality ocupou uma grande parte da trama, já que Aqua também era um dos participantes e além disso a obra utilizou uma outra garota, a Akane, para mostrar como a audiência pode ser tóxica e comoção em redes sociais pode levar as pessoas ao extremo. Akane era uma atriz mais tímida e sofria hate por absolutamente qualquer coisa que fizesse no reality, que por si só era bem esquisito já que a linha entre o que era uma interpretação e o que era genuíno dos participantes era muito tênue. Depois de chegar até a cogitar suicídio pela péssima aceitação do público e ser salva pelo Aqua, Akane decide que deveria mudar, e apareceu no reality muito parecida com a personalidade da Ai para que tivesse uma melhor aceitação.
Assim, no fundo eu sinto que Oshi no Ko é isso, não só a indústria em si é cruel, como o público que a consome, e isso é algo tão maior que para sobreviver é necessário mentir sobre uma gravidez que se teve na adolescência, mentir sua idade porque para ser uma idol, não ser uma adolescente já é ser velha demais, fingir ser uma pessoa que você não é, uma personalidade que não é sua para ter a aceitação das pessoas. Acredito que isso cabe até para os protagonistas Aqua e Ruby, já que o Aqua também parece fingir ser algo que não é ou estar em situações que de fato não gostaria, com o intuito de um propósito maior, embora da forma que está sendo executada ainda fica bem subjetivo, e eu confesso que queria ver um pouco mais de como suas vidas passadas interferem no presente e se de fato haverá algum desdobramento quanto à morte da Ai, que acaba envolvendo também o pai deles.
Por fim, eu fiquei com bastante vontade de assistir a continuação, porque eu sinto que Oshi no Ko tem muito a ser explorado. Em meio a tudo isso o anime ainda teve uma pontinha de rivalidade entre Akane e Kana já que ambas demonstraram interesse amoroso pelo Aqua. O novo B Komachi fez apenas o seu primeiro show. Assim, com o anúncio da nova temporada espero que os pontos levantados aqui sejam mais explorados e que continuemos com a qualidade técnica apresentada, pois mais uma vez ressalto que foi o anime visualmente mais bonito da temporada.
8.0/10

Otonari ni Ginga [Ana]
É uma pena que Otonari ni Ginga não tenha ficado tão popular, embora eu entenda que não é todo mundo que gosta de ver um romance puro. De fato não é como se a obra trouxesse algo muito inovador, mas ela se propõe a fazer o básico, trazendo elementos comuns, só que acaba fazendo isso muito bem feito.
Logo no primeiro episódio, após um incidente descobrimos que Shiori e Ichirou tinham um pacto e agora estavam predestinados ao casamento. De início eles decidem ir levando as coisas com calma, mas descobrem que Ichirou ficaria fisicamente mal se ficasse distante da Shiori. No fim, o pacto foi só um pretexto, já que ao passarem tempo juntos, os dois começaram a de fato terem sentimentos um pelo outro, assim foi se desenvolvendo um namoro. Shiori passou também é criar laços com os irmãos mais novos de Ichirou e tudo parecia muito bem, mas era claro que a criação do pacto geraria algum problema mais cedo ou mais tarde.
Como Shiori era a princesa do lugar de onde vinha, sua falta de contato começou a preocupar seus pais, que decidiram simplesmente lhe fazer uma visita. Shiori já havia cogitado desfazer o pacto, mas assim que seus pais chegam, principalmente sua mãe acha um absurdo isso ter acontecido com alguém que não fosse da “ilha”, e todos decidem que o pacto seria desfeito. No entanto, o que aconteceria com Shiori e Ichirou após isso? Ninguém sabia. Mesmo com muito medo de tudo que sentiam um pelo outro simplesmente desaparecer, Shiori e Ichirou passaram pela cerimônia em que o pacto foi desfeito, e após uma grande tensão, viram que na verdade nada havia mudado, e o amor que ambos sentiam ainda estava ali. Não foi o pacto que fez com que os sentimentos surgissem, eles realmente gostavam um do outro independentemente disso, e agora não haveria nenhuma dependência, eles ficariam juntos simplesmente porque era o desejo de ambos. Por mais que isso não agradasse muito a sua família, o fato era que agora Shiori basicamente tinha outra com Ichirou e seus irmãos Machi e Fumio, que a aceitavam independente de qualquer coisa.
Não há outra palavra pra descrever: Otonari ni Ginga é fofo. O casal é fofo, as crianças são fofas, a música de abertura é fofa. Todas as interações são muito naturais, e com o passar dos episódios não vemos tanto a parte do trabalho dos dois, mas sim outras situações que acabam sendo até mais interessantes. E vamos de diabetes porque a concentração de açúcar aqui é alta! Por isso mesmo, eu sei que não é um anime pra todo mundo, mas pra quem gosta de romance e busca fugir um pouco do ambiente adolescente e escolar, aqui temos uma ótima opção, leve, bonita e até divertida. Também não há muito o que dizer da parte técnica, é uma animação simples, mas que funciona para o propósito do anime.
7.0/10

Skip to Loafer [Mari]
Caso você tenha lido a nossa postagem de apostas para esta temporada de primavera ou as minhas primeiras impressões de Skip to Loafer, talvez você esteja lembrado que eu mencionei que esta adaptação marcava o retorno de Kotomi Deai ao posto de diretora. Para quem não a conhece, Kotomi Deai é uma veterana da indústria que se especializou em um primeiro momento na criação de storyboards e direção de episódios, mas que depois tomou à frente de adaptações como Gin no Saji 2 e Natsume Yuujinchou 5 e 6 e foi muito bem recebida tanto pela crítica quanto pelo público. Kotomi Deai destaca-se principalmente pela sua habilidade de executar com maestria tudo aquilo que transforma uma obra de slice of life em um espetáculo memorável. Nesse sentido, Skip to Loafer era realmente o ponto de retorno perfeito para ela.
Indicado a prêmios como o Manga Taisho Award de 2020 e também ao 46º Annual Kodansha Manga Awards na categoria de melhor mangá em 2022, era apenas uma questão de tempo para que Skip to Loafer ganhasse uma adaptação para anime. Assim como Kotomi Deai, a autora de Skip to Loafer, Misaki Takamatsu, também domina o gênero que escreve. Ela sabe como retratar a adolescência de uma forma realista, entende as dificuldades que diferentes pessoas enfrentam nessa fase da vida, desenvolve os conflitos de maneira crível e, ao final, o que temos são uma série de personagens tridimensionais com relacionamentos em constante aprofundamento, transformando Skip to Loafer naquilo que a indústria tem de melhor para nos oferecer.
Eu não quero me aprofundar em detalhes sobre a história porque acredito que Skip to Loafer é o tipo de obra que você tem que deixar te surpreender. Se você curte slice of life, confie em mim: você não vai se decepcionar. Temos aqui a junção do útil ao agradável com P.A. Works at its best.
10/10

Watashi no Yuri wa Oshigoto desu! [Lucy]
Eu gosto de histórias de local de trabalho, de romance — ainda mais entre meninas — e de conceitos espalhafatosos, então WataYuri já tinha minha simpatia desde o começo. Entretanto, reconheço que se não foram muitos os que conseguiram passar do primeiro episódio, sei que menos gente ainda aguentou até o final. Até porque se você, leitor, deu uma chance ao anime esperando um belo romance (como eu estava), deve estar bem decepcionado agora (mas surpreendentemente, não estou).
Antes de tudo, esse é um drama interpessoal sobre adolescentes tentando equilibrar como se apresentam ao mundo, e como devem interagir com aqueles ao seu redor. Tudo com a sutileza de uma panela caindo no chão, porque afinal, um dos pontos principais é que elas passam diariamente por interações fabricadas para agradar o público, valendo-se de personagens unidimensionais. A questão é o quanto isso afeta também as relações entre elas no dia a dia (e vice-versa), até que teve um certo progresso aqui e ali, mas…
Tivemos dois arcos bem distintos adaptados aqui, focando no que eu supostamente chamaria de casais protagonista e secundário, mas tenho minhas ressalvas em apresentá-los assim: no caso de Hime e Mitsuki, as principais ainda têm muito chão para caminhar antes do romance. Ao final do anime, por mais que Hime seja bem obtusa nesse assunto, Mitsuki já está claramente apaixonada. O problema é que ela tem dificuldades para se expressar, mas ao menos já não é mais desgosto que ela sente pela outra menina, os sentimentos dela passaram aos de uma tsundere. Entre as duas metades do anime, posso afirmar que a delas é a melhor de longe.
Por mais que eu quisesse mais do primeiro “casal”, o enredo abandona as duas por metade da série para focar na outra dupla, Kanoko e Sumika. Elas só são um par dentro da história do café, porque na vida real Kanoko gosta é da Hime, e é daí que vem o drama mais pesado… e arrastado. Por mais que seja um conflito até bem aceitável, com uma menina querendo evitar relacionamentos no local de trabalho e a outra buscando a própria felicidade, acaba causando uma barriga ENORME no anime com todos os seus problemas de comunicação. A essa altura eu já tinha sido cativada pela primeira metade, então segui acompanhando, mas é inegável que o anime perdeu um pouco o fôlego a essa altura. Por mais que o final traga um pouco de leveza depois de resolverem essa história, fiquei ainda no gostinho de “quero mais” dos primeiros episódios.
WataYuri, no final das contas, acaba sendo uma bela propaganda do mangá, porque é o único jeito que temos de ver mais progresso entre as meninas. Nesse aspecto, de fato, o anime cumpriu seu propósito, sem grande fanfarra…. e pelo menos também sem grandes falhas. O pior que consigo apontar é que a medida que os episódios passam, a animação vai ficando um pouco inconsistente às vezes (os peitos da Mitsuki mudando de tamanho toda hora eram meio perturbadores), mas o estúdio conseguiu segurar as pontas e apresentar um produto final satisfatório — que é mais ou menos como defino a obra como um todo, mas sei que estou mais próxima da exceção do que da regra. Apesar dos clichês e dos dramas desnecessariamente prolongados, eu me diverti bem. Tem um charminho de simplicidade em WataYuri que me pegou. Recomendo caso você consiga manter suas expectativas bem baixas.
6.5/10

Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru [Mari]
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru é o exemplo perfeito de shoujo done right. Infelizmente ainda é comum na indústria que mangás com boas histórias recebam adaptações abaixo da média, especialmente quando se trata de shoujos. Dito isso, Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru vai na direção contrária do que frequentemente vemos por aqui, e entrega uma adaptação de excelência, como já era de se esperar da equipe que esteve envolvida nos animes de NANA, Chihayafuru e Ore Monogatari!!. Obrigada, Madhouse (e por favor, continue assim)!
Como eu havia mencionado nas minhas primeiras impressões da temporada, Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru tem uma premissa que só funciona na ficção. Primeiro porque apesar de a diferença de idade entre Akane e Yamada ser de apenas dois anos, ela já está na faculdade enquanto ele está no último ano do ensino médio, o que indica um certo desequilíbrio em termos de maturidade. Segundo porque todos os homens gamers da história, com exceção do ex da Akane, tratam bem as mulheres – algo que simplesmente não acontece na vida real (e digo isso por experiência própria). Sendo assim, se eu fosse apresentada a este mesmo cenário fora da ficção, eu diria para a Akane sair correndo e nunca mais olhar para trás. No entanto, dentro do universo de Yamada-kun, eu não consegui evitar torcer por eles, pois é visível o crescimento emocional de ambos os personagens.
Enquanto Akane se recupera do baque que foi o pé na bunda que ela levou, Yamada apenas leva uma vida normal de um colegial (que também é um gamer profissional). Em um primeiro momento, ele não consegue entender o comportamento de Akane – ou das pessoas de uma maneira geral –, especialmente quando ele parece ser ilógico para ele. Contudo, mesmo sem entender perfeitamente, Yamada nunca deixa de ser gentil com as pessoas. É a gentileza de Yamada, assim como a dos outros membros da guilda que os dois fazem parte, que acaba por salvar Akane. Ela supera o ex-namorado e, aos poucos, começa a se permitir amar novamente. As interações que ela tem com Yamada também passam a mexer com ele, eventualmente culminando em uma declaração de amor.
Tudo em Yamada-kun se desenrola naturalmente – até mesmo o relacionamento de Akane e Runa, que se inicia de uma maneira terrível e termina como uma bela amizade. Apesar do elemento de rivalidade feminina estar lá, a autora desvia do estereótipo e mostra como é possível fugir de um desenvolvimento tóxico entre as personagens. Mais pra frente descobrimos que há outra garota interessada em Yamada, mas novamente a autora não coloca Akane contra essa personagem, e dá um desfecho satisfatório para o possível triângulo amoroso. E há ainda a melhor amiga de Akane, Momo, que não tem medo de falar o que Akane precisa ouvir, mas que também nunca a deixa na mão.
Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru pode até não ser inovador, mas ele é muito bom no que faz. Se você gosta de uma boa comédia romântica, não pode deixar essa oportunidade passar.
Um comentário em “Impressões finais: temporada de primavera (2023)”