A gente piscou e metade do ano já foi embora! Nesta postagem vocês poderão conferir as nossas impressões finais de Boukyaku Battery, Dungeon Meshi, GIRLS BAND CRY, Hananoi-kun to Koi no Yamai, Kaijuu 8-gou, Oi! Tonbo, Seiyuu Radio no Uraomote, WIND BREAKER e Yoru no Kurage wa Oyogenai.

Boukyaku Battery [Mari]
Boukyaku Battery é, antes de mais nada, um teste de resistência. Quantas piadas sobre mamilos peludos, revistas pornográficas e adolescentes virjões você é capaz de aguentar até ter uma síncope? Se a resposta for muitas, aguente firme porque Boukyaku Battery tem coisas interessantes para entregar por trás de tudo isso, eu prometo. Se for poucas, bem… É melhor procurar outro anime de beisebol para assistir.
O que torna Boukyaku Battery divertido para algumas pessoas pode ser também o que o torna insuportável para outras, que é o seu humor peculiar. Eu, por exemplo, tenho pouquíssima paciência para lidar com o amnésico Kaname Kei, mas me conforta saber que os outros personagens (com exceção do Kiyomine Haruka) também não têm. E, falando nesses personagens… são eles que carregam a obra pra mim.
Por incrível que pareça (ou não), Boukyaku Battery sabe fazer drama muito melhor do que comédia, e os episódios focados nas dificuldades enfrentadas por Chihaya, Toudou, Yamada e Tsuchiya são ✨ absolute cinema ✨. Todos nós temos características únicas que podem nos ajudar ou nos atrapalhar dependendo do caminho que escolhemos trilhar. Um jogador profissional de beisebol, por exemplo, idealmente precisa ser alto, forte e rápido, além de ter um bom conhecimento do jogo (técnico, tático, estratégico) — um beijo, Ohtani Shohei! — mas acontece que raramente todas essas qualidades podem ser encontradas em um único jogador, por isso cada um resolve lutar com as armas que tem. Alguns desistem ao perceber que nunca serão o tipo de jogador que idealizam; outros teimam, batem o pé e seguem em frente até o limite de suas habilidades, pois o amor que sentem pelo esporte não permite que eles o deixem para trás. E, no fim das contas, se não fossem esses teimosos, os esportes coletivos não existiriam — nenhum time é formado 100% por gênios ou talentos geracionais.
É uma pena que Boukyaku Battery tenha recebido aprovação para apenas um cour, pois eu realmente acredito que o anime teria se beneficiado de mais episódios. Além de ter conflitos internos interessantes, os personagens crescem à medida que interagem uns com os outros, e teria sido legal poder acompanhar a jornada desse time uma vez que estivesse de fato completo (não sei se considero os delinquentes chatonildos parte do time). O mangá recebeu um boost maneiro devido ao anime (foram mais de 140 mil cópias vendidas só no mês de maio) e somente cinco dos dezoito volumes disponíveis foram adaptados, então pode ser que tenhamos uma continuação no futuro — vai depender da boa vontade do comitê de produção.
Em termos técnicos, Boukyaku Battery é bem feitinho. O character design pode causar uma certa estranheza no começo, mas ele é bastante funcional. As cenas de beisebol contam com uma boa animação e os seiyuus fizeram um ótimo trabalho em seus respectivos papéis. Gostaria de mandar um salve também para a Mrs. GREEN APPLE, banda responsável pelo tema de abertura que gruda na sua cabeça e não solta mais.
Nunca pensei que fosse dizer isso, mas… Kaname Kei me venceu no cansaço. E digo isso de uma forma positiva, já que do contrário eu teria deixado passar um belo anime de esporte.
7.5/10

Dungeon Meshi [Lucy]
É aqui que eu confesso que eu não gosto de fantasia, ainda mais medieval. Não tenho paciência alguma para o gênero e suas convenções; quando estou filtrando quais animes vou assistir, é uma tag que eu evito salvo raras exceções. Logo, o fato de mesmo assim eu ter gostado de Dungeon Meshi é uma prova da qualidade da obra — uma produção de alto nível que merece a popularidade que tem demonstrado nos últimos meses!
O ponto alto para mim foi a produção técnica. O estúdio TRIGGER fez um trabalho fantástico, com destaque para a direção e seu senso de comédia impecável, elevando um material que já parece ser bom desde a concepção: a construção do mundo é bastante criativa e bem elaborada, muito interessante e detalhada. A dinâmica entre o elenco principal de personagens também é ótima! Eles interagem muito bem entre si, e por mais que alguns demorem mais a terem suas histórias pessoais apresentadas, são carismáticos. Indo contra até o que eu mesma esperava durante minhas primeiras impressões, gostei mais dos momentos deles cozinhando juntos do que da verdadeira progressão do enredo.
Não que essas partes sejam necessariamente fracas — apresentam um bom equilíbrio com os momentos mais bem-humorados, mas foram um pouco “hit or miss” para mim. Talvez por alguns personagens não terem me cativado tão bem quanto o quinteto (sexteto?) de protagonistas, talvez por eles serem mais puxados para o lado da fantasia do que para a comédia — e aí entra meu problema pessoal com esse tipo de história, novamente. Ainda assim, sinceramente acredito que os momentos fracos de Dungeon Meshi são melhores do que muitas outras obras inteiras, pelo menos do que assisti recentemente. Talvez seja pelo ótimo ritmo dos episódios, facilitado pelo fato desta ser uma adaptação de uma obra já completa; mas novamente, me vejo obrigada a elogiar a equipe de animação pelo ótimo resultado.
Diga-se de passagem, preciso comentar que no nível mais básico, o anime cumpriu seu propósito: me fazer querer ler o mangá. Vou soar repetitiva, mas ainda estou fascinada com o cuidado que a autora da obra original teve ao criar o próprio universo. É tudo muito bem integrado e desenvolvido, te gera um interesse genuíno no funcionamento das coisas. Sei que teremos uma segunda temporada em breve, mas visto que sou uma leitora bem melhor do que espectadora, não acho que vou esperar para repetir o prato.
8.0/10

GIRLS BAND CRY [Lucy]
Apesar de eu ter começado otimista sobre Girls Band Cry, a obra conseguiu superar minhas expectativas. É um dos animes que eu mais gostei de acompanhar nos últimos tempos! As ideias de “persista pelos seus sonhos” e “querer encontrar ou criar um lugar para si no mundo” estão longe de serem revolucionárias — especialmente se tratando de um anime sobre jovens —, mas tem algo de charmoso na maneira que Girls Band Cry emprega esses temas. Por mais que beire ao edgy em vários momentos, não deixa de ser envolvente.
O amadurecimento do grupo é muito prazeroso de acompanhar, seja em termos individuais, ou tratando da amizade delas. Apesar de todos os clichês típicos, existe um nível de realismo tangível nos comportamentos das personagens. Por exemplo, gosto especialmente do jeitinho revoltado e egoísta da Nina, que apesar de um pouco difícil de aguentar às vezes, é uma ótima maneira de estabelecer contraste frente ao resto do elenco — e sinceramente, à boa parte das protagonistas do gênero, o que é bastante bem-vindo. É um comportamento que você esperaria de uma adolescente na posição dela; por sua vez, as reações vindas do resto da banda correspondem ao tom.
Esse pode parecer um apontamento bem redundante, mas considerando o quão focada a obra é nessas interações, ouso dizer que a chave do porquê Girls Band Cry funcionou tão bem foi essa preocupação com a autenticidade das vozes de cada personagem. O roteirista Jukki Hanada comentou no Twitter após o final do último episódio sobre como a Nina “foi um porre e acabou fazendo eles gastarem a maioria dos episódios”, contrariando os planos; como escritora, entendo completamente o sentimento, e acho isso uma marca extremamente positiva para o texto.
Entretanto, o roteiro está longe de ser o único mérito digno de elogio; na verdade, acho que não é nem o mais primoroso do anime. Já mencionei isso após o primeiro episódio, mas estou até agora impressionada com a animação — os movimentos são fluidos, as expressões são vívidas, está tudo muito bem estilizado. E é fácil de se acostumar com o estilo! Acho que até quem ainda tem certo preconceito com animação em computação gráfica conseguirá assistir sem problemas. O Toei Animation está trilhando um caminho incrível nesse campo, e espero que sigam mantendo essas sensibilidades nas próximas obras que decidirem abordar usando esse método. Finalmente, destaco também que apesar do elenco de atrizes de voz ser composto de novatas, acredito que fizeram um ótimo trabalho; se desenvolveram muito bem ao longo dos episódios. Temos pontos positivos para todos os lados!
… Mas poderíamos ter mais ainda: com certeza o roteiro se beneficiaria muito de mais episódios, e o final é um tanto aberto; logo, fica declarada aqui minha torcida para uma segunda temporada. Gostaria de ver mais das meninas, a ponto de que estou realmente considerando começar a acompanhar a franquia! Já foi anunciado um jogo para celulares, então pelo menos terei parte dos meus desejos atendidos em breve (assim espero!).
8.0/10

Hananoi-kun to Koi no Yamai [Ana]
Confesso que acompanhar Hananoi-kun to Koi no Yamai foi um tanto complicado, mas ao menos a experiência não foi tão amarga quanto eu imaginei. Apesar disso, em meio a tantos romances bons que foram lançados nas últimas temporadas, fica difícil dar créditos a Hananoi-kun por apenas não ser tão ruim assim.
De fato, a obra é bastante inconsistente, se tratando tanto da animação quanto da história. No início era nítido e bastante desconfortável o quanto Hananoi tinha comportamentos tóxicos e possessivos com a Hotaru, e é gratificante ver que isso melhora bastante com o passar dos episódios. No entanto, embora algumas interações do casal sejam realmente fofas e saudáveis, parece que aquela red flag está sempre ali.
Gostei que a obra trouxe um desenvolvimento de personagem para o Hananoi. Com o passar dos episódios nós descobrimos que ele possui traumas do passado não resolvidos e que isso acabou moldando seu comportamento. O problema é que toda vez que vejo essa premissa de que fulano age de tal forma porque ele tem traumas não resolvidos eu tento compreender, mas ao mesmo tempo, penso que nenhum relacionamento deveria servir de terapia — não são as garotas que devem “consertar” garotos tóxicos, pelo motivo que seja. Então por mais que o relacionamento de Hananoi e Hotaru evolua para algo mais saudável, e ambos se desenvolvam e melhorem suas inseguranças, isso possivelmente só acontece porque Hotaru é de fato uma garota muito simpática e compreensiva, que está disposta a conhecer como é o amor.
Apesar de tudo, aprecio que o casal tenha conseguido se comunicar abertamente sobre os problemas e assim poder seguir em frente, no fim as pessoas não são perfeitas e as coisas nem sempre acontecem da maneira mais correta possível, então acho válido que ao menos a obra trabalhe esse crescimento dos personagens e como eu comentei antes, alguns momentos do casal são realmente fofos.
O triste é que no fim, Hananoi-kun acaba sendo apenas mais um romance, com uma premissa um tanto batida, sem um grande diferencial, sem personagens muito marcantes e carismáticos. Além disso, a produção também deixa a desejar.
6.0/10

Kaijuu 8-gou [Pedro]
E parece que o Takei Katsuhiro segue sua sequência lastimável de fracassos. Depois do horror que foi Jujutsu Kaisen, do pesadelo horripilante que foi Frieren, novamente, pobre coitado, ao terminar o primeiro cour de Kaijuu 8-gou o Production I.G. já anuncia, sem hesitação alguma, que a segunda temporada está em produção.
Agora falando sério: não, Kaijuu 8-gou não chegou nos níveis insanos de produção que o Madhouse deu pra Frieren, nem nos que o MAPPA consistentemente deu para todas temporadas (e o filme!) de Jujutsu Kaisen, e nem mesmo teve aquele polimento e experimentação que o Studio Bind deu para Oniichan wa Oshimai!, mas nem por isso dá pra dizer que as parcerias que o Production I.G. fez com Toho, Khara e até Nippon Columbia não produziram um belíssimo cour de um autêntico shounen.
A série cresceu sua já ótima nota de estreia tanto no MAL (terminando a temporada em 8.39) quanto no AniList (terminando em 82%), ficou até em 14º no ranking da temporada do site Anikore (que eu sempre lembro: inclui os filmes e animes “especiais”, como Sand Land, etc. A série ficou com nota 67.7 por lá, empatada com Mushoku Tensei), 20º no ranking da Abema. Merecido. A meu ver adaptou muito bem os dois primeiros arcos do mangá, encerrando num ponto perfeito já que estava planejado para apenas um cour.
Fairouz Ai segue surpreendendo em tudo que toca, encarnando Kikoru de uma maneira que fez a personagem ser muito mais simpática do que é nestas primeiras partes do mangá. Senbogi Sayaka também surpreendeu, encarnando Okonogi. Quem assiste That Time I was Reincarnated as a Slime pode lembrar dela, que interpreta a Shuna por lá. Mesmo tendo 3 diretores principais (Yoshizaki Hibike, Miya Shigeyuki e Kamiya Tomomi), a produção manteve uma coerência de tom, ritmo e intensidade, tanto emocional, quanto nas batalhas. Como um bom anime shounen, é aí que você vai encontrar a turma da I.G. flexionando seus músculos e experiência. As partes mais cômicas, mais slice of life, dá pra notar com frequência que estavam espremendo o que podiam do orçamento e calendário que tinham que cumprir, mas realmente não decepcionaram, do início ao fim, no que diz respeito às cenas de ação e luta. A versão monstro de Hibino Kafka ficou incrivelmente bem feita e achei muito legal que eles não se pouparam em nada em mostrar tripas e tudo mais quando os monstros eram destruídos.
Adaptação muito competente, inclusive e especialmente na construção dos storyboards, frequentemente me fazendo voltar nos capítulos do mangá, terminou seu primeiro cour exatamente onde precisava terminar e cumprindo exatamente o papel que eu esperava que cumprisse: uma ótima entrada para aqueles que não conheciam a série, um incentivo para ir atrás do mangá e conhecer a arte incrível do Matsumoto.
Ficamos no aguardo, agora que o segredo de Kafka foi descoberto, mas o comandante Shinomiya acreditando que ele deve ter a chance de se provar mais humano do que monstro, para ver como o I.G. vai lidar com a sequência. Realmente espero que tragam esse mesmo esmero e cuidado, mesmo não estando naquele nível insano de outros shounens recentes cercados de hype, é muito bom ver que uma produção competente e mais simples ainda assim pode produzir uma série tão boa.
8.5/10

Oi! Tonbo [Lucy]
Acho que fazia tempo que não via um encerramento tão “o fim é apenas o começo”; até porque é literalmente isso mesmo. Essa é uma obra que claramente foi pensada para ter dois cours, como o anúncio ao final dessa temporada esclareceu, porque o ritmo dela é bastante lento. O anime se deu ao luxo de usar todo o tempo possível para a evolução pessoal da protagonista, além de conseguir momentos sob os holofotes para alguns outros moradores da ilha. Dá pra ver que tem muita coisa que se a equipe realmente quisesse poderia encurtar ou até pular, mas incluíram nos episódios, e respeito a escolha que fizeram. Entretanto, para quem gosta de um clássico mangá de esporte com competições e fortes emoções, com certeza vai ser uma experiência bem diferente.
Essa parte inicial me ganhou mais como um drama pessoal do que pela temática esportiva (apesar do roteiro ter bastante preciosismo com o lado técnico do golfe). O conflito entre as visões de mundo de Tonbo e Igarashi capturou meu interesse; gostei de como trabalharam a dinâmica entre os dois e especialmente o desenvolvimento da menina. Apesar de me causar um certo estranhamento por ser “arrastado” em relação a tantas outras obras do gênero, sei que isso é uma questão mais minha do que do roteiro em si. Além de parecer mais realista, essa abordagem também construiu melhor o status quo desse microuniverso, permitindo um impacto maior nos momentos emocionais dos últimos episódios — que foram muito bem executados, inclusive!
E é claro, minha simpatia por Oi! Tonbo continuou sendo carregada pelo charme que só um anime infantil de (provavelmente) baixo orçamento consegue exalar; a sensação que descrevi nas primeiras impressões de que não seria estranho assistir isso no Cartoon Network nos anos 2000. Não tiro nem acrescento uma palavra do que falei a princípio: é simples, e isso basta. Funciona perfeitamente com o pacífico clima rural que cerca a pequena ilha, seus moradores, e a filha que todos eles criaram juntos. É o tom perfeito para uma obra que defino como “bem pressão baixa”, e estou longe de achar que isso é demérito. Na verdade, a essa altura da vida, é muito bem-vindo!
7.0/10

Seiyuu Radio no Uraomote [Lucy]
É, galera… Quando eu comemorei que estamos tendo mais animes yuri, talvez eu deveria ter considerado que qualidade seja mais importante que quantidade…
Seria um tremendo exagero falar que não gostei de Seiyuu Radio no Uraomote, mas quando vi um amigo comentar a obra como exemplo de “animes que involuíram”, precisei concordar. Ao longo dos episódios, senti minha empolgação diminuindo exponencialmente. Tudo me pareceu clichê: as situações, as atitudes das personagens, os diálogos — e infelizmente não foi do jeitinho positivo, aquele arroz com feijão gostosinho e bem temperado. Pelo contrário, beira ao sem graça. O drama não convence em quase nada — o primeiro grande empecilho realmente foi interessante, mas à medida que eles seguiram aparecendo, comecei a me perguntar qual seria a próxima grande ideia que o autor teve para atrapalhar as carreiras das protagonistas.
Se o roteiro não convence, a animação também não faz milagres. Juro que isso não é uma crítica — não lembro de ter identificado grandes problemas na produção; na verdade, acredito que seja um dos aspectos mais “redondinhos” e agradáveis da obra. Particularmente, achei os cenários bem agradáveis, e gosto muito do character design das meninas! É um visual que pode até estar longe de ser extraordinário, mas cumpre o que se propõe a fazer — e infelizmente, considerando as histórias de terror que vemos toda temporada (tem exemplos aqui nesse post mesmo), isso precisa ser apontado.
Entretanto, não deixa de ser apenas mediano…
Em resumo, a palavra que tenho para definir esse anime é “insosso”. Não é terrível, mas não me evoca empolgação nenhuma. Até curti as (poucas) partes relacionadas à indústria da dublagem, mas esse é um tópico que me interesso em geral; não transforma o anime em algo que eu recomendaria com muito afinco, visto que até mesmo dentro do gênero yuri temos opções melhores! Ainda mais considerando que, no final das contas, as indicações de romance entre as personagens foram bem escassas — claramente se trata de um slow burn, mas se até o MyAnimeList tirou a tag de “Girls’ Love/Yuri” da série, apesar da obra ser vendida como tal, dá pra imaginar o nível da velocidade do progresso entre esse casal. Se o aspecto de dublagem também te interessa, ou você curte um draminha mesmo que este force a barra, acredito que valha a pena dar uma chance para o anime. No entanto, se o seu foco é em romance, não deve ser tão proveitoso assim…
5.5/10

WIND BREAKER [Ana]
Quem diria que eu ficaria realmente entretida por um bando de delinquentes caindo na porrada? Caso tenha interesse em Wind Breaker, não espere por uma história muito profunda porque o anime é basicamente isso, mas ainda assim ele consegue ser divertido, ter bons personagens, e claro, ótimas cenas de ação. Obrigada, CloverWorks!
A Bofurin é uma gangue escolar que atua ajudando na segurança de sua comunidade, no entanto, é nítido que existem rivalidades entre eles e outras escolas, assim como foi abordado no primeiro arco, em que os personagens se enfrentavam um a um contra os membros da Shishitoren. Claro que estamos aqui pela ação, mas gosto como a história de cada um vem sendo apresentada em meio às batalhas, trazendo mais humanidade para cada um daqueles personagens.
Além disso, existe um desenvolvimento do Sakura, que a princípio nem queria se envolver em gangues, mas que agora já começa a criar laços com seus colegas e até mesmo assume uma posição de representante na sua turma. Ele que apenas queria lutar com os mais fortes e chegar ao topo, passa a aprender que isso envolve muito mais do que apenas força física, e inclui permitir que seus colegas lhe deem suporte para seguir em frente. Sabemos que novos confrontos virão, e mal posso esperar para continuar nessa jornada de crescimento do personagem.
Wind Breaker conta com muitos personagens interessantes, por mais que nem todos cheguem a ser bem explorados, Bofurin tem todo o tipo de maluco, alguns chegando até a ser meio caricatos, mas que no geral trazem também uma dose de humor para o anime. É claro que é preciso desligar um pouco o cérebro, eles estão na escola, mas nunca estão tendo aula, por exemplo, é como se de fato os delinquentes comandassem tudo.
Assim, Wind Breaker é bastante divertido, principalmente para quem gosta de obras desse gênero e cenas de pancadaria. Só é uma pena que a temporada tenha terminado do nada (e continuação virá apenas daqui alguns meses).
8.0/10

Yoru no Kurage wa Oyogenai [Mari]
YoruKura é uma carta de amor.
Para quem cresceu rodeado de expectativas dos pais e não conseguiu atingi-las, mas que ainda busca desesperadamente pelo seu reconhecimento. Para quem ama seus hobbies, mas nunca se sentiu bom o suficiente para continuar com eles ou foi ridicularizado por gostar deles. Para quem teve a vida mudada por um encontro do acaso e decidiu que não iria ser só mais uma engrenagem da grande indústria musical.
YoruKura também é uma crítica.
A quem acha de bom tom pisar nos outros para aumentar a própria popularidade. A uma indústria baseada em etarismo, que destrói sonhos todos os dias. Aos idiotas que só têm coragem para fazer comentários maldosos no anonimato da internet. A quem acha que ser queer é uma brincadeira.
YoruKura é tudo isso e muito mais.
Embora nem sempre o anime tenha conseguido abordar todos os temas que se propôs a discutir da maneira mais adequada, seja pelas restrições de tempo ou porque alguém lá de cima não permitiu, é nítido que o coração de YoruKura sempre esteve no lugar certo. A relação que Kano, Mahiru, Kiui e Mei constroem entre si é uma das coisas mais belas que eu já tive o prazer de acompanhar. São meninas que passaram por diferentes traumas, mas que encontraram consolo umas nas outras, assim como uma saída, um meio de externalizar seus sentimentos. Kano e Mahiru em particular formam um laço que em vários momentos pode ser até lido como romântico, ainda que o anime não seja explícito quanto a isso.
(Não há explicação heterossexual para todo o rolê de “cante pra mim” e “desenhe pra mim”, além das interações em que elas demonstram ter mais intimidade do que com os outros, como na cena da moto, do beijo da Kano na bochecha da Mahiru, do abraço no episódio final…)
A amizade da Mahiru com a Kiui também merece destaque. Quando Kiui resolve sair do armário como não-binária, Mahiru é a primeira a demonstrar apoio e defendê-la, inclusive mudando o pronome com o qual ela se referia à amiga sem Kiui ter sequer mencionado isso. Kano e Mei, por outro lado, têm uma relação mais de artista-fã do que de amizade, mas as interações das duas também se transformam com o decorrer dos episódios. A Mei, aliás, é quem carrega a obra em alguns momentos.
YoruKura vai te fazer rir e chorar, passar raiva e alívio, para no fim te deixar com um gostinho de “quero mais”. Por se tratar de um anime original que parece ter dito tudo o que queria dizer apesar dos cortes, é improvável que tenhamos uma continuação. Ainda assim, eu adoraria ver um pouco mais da história dessas quatro, agora formadas no ensino médio e tentando ganhar a vida como adultas, seguindo caminhos diferentes, porém juntas.
Por fim, vale mencionar que YoruKura é tecnicamente fantástico. A animação é bem-feita, as músicas do JELEE são viciantes, e a atuação das atrizes de voz é de deixar qualquer um arrepiado, especialmente nos momentos em que há grande carga emocional. A direção às vezes dá umas escorregadas com cortes desnecessários (tipo aquele do primeiro episódio mostrando a Mahiru se trocando), mas é algo que acontece muuuito esporadicamente e dá para ignorar. Se algum dia eu fui triste, eu não lembro.
Um comentário em “Impressões finais: temporada de primavera (2024)”