Primeiras impressões: temporada de primavera (2024)

A chegada da primavera japonesa nos trouxe não só uma nova temporada de animes, mas também uma oportunidade para darmos as boas-vindas ao mais novo integrante do Rukh no Teikoku: Pedro! Ele se juntará a Mari, Ana e Lucy nas postagens de impressões sazonais, começando por esta.

A seguir vocês poderão conferir as nossas primeiras impressões de Blue Archive The Animation, Boukyaku Battery, GIRLS BAND CRY, Hananoi-kun to Koi no Yamai, Kaijuu 8-gou, Ooi! Tonbo, Sasayaku You ni Koi wo Utau, Seiyuu Radio no Uraomote, Shuumatsu Train Doko e Iku?, Tonari no Youkai-san, WIND BREAKER e Yoru no Kurage wa Oyogenai.

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Blue Archive The Animation [Pedro]

Primeiro em 2018, quando o P.A. Works, para a surpresa de muitos, adaptou Uma Musume Pretty Derby e, definitivamente em 2020, quando o Bibury Animation Studios adaptou Azur Lane, tornou-se claro que adaptações de girl collecting gacha games ou gachapon podiam dar certo não apenas como um agrado para os fãs (ou deveríamos chamar de clientes?), mas como sucessos de crítica e público. Uma Musume já está na terceira temporada, além de diversos especiais como Road to the Top, e em muito elevou a Cygames de uma produtora de games a parceiro em comitês de produção e ao status de estúdio, com o Cygames Pictures. Dito isto, entretanto, em muitos sentidos nada mudou.

Adaptações de games para qualquer outra mídia e em especial mídias audiovisuais não têm a melhor fama e o primeiro episódio de Blue Archive The Animation é profundamente familiar para quem está acostumado a dar um mergulho nesse gênero de anime. A animação é extremamente inconsistente, ainda que a composição seja (como já se tornou bastante comum em quase todos os gêneros de anime atuais) agradável. As cenas de slice of life são simples, mas bem feitos, com até alguns bons momentos de character acting, mas no terceiro ato do episódio, em que aparece a ação, penso que o adjetivo que melhor descreve seria “medíocre”.

Como era de se imaginar, a história foca no primeiro arco (ou Volume 1) do jogo, Abydos High School, com o quinteto Shiroko, Nonomi, Hoshino, Serika e Ayane como personagens principais. Apresenta a trama com a qual o jogo também é (era? Não tenho certeza se jogadores atuais do jogo ainda são apresentados ao mesmo arco/história/trama — atualmente o jogo está se preparando para lançar o Volume 5 — que na verdade é o sexto — focado na Allied Hyakkiyako Academy): as meninas são as últimas alunas de uma escola em ruínas, quase já completamente engolida pelo deserto, e lidando com as enormes dívidas que angariaram ao fazer diversos empréstimos junto a Kaiser Corporation. Nisso, Shiroko, ao pedalar para a escola, encontra um homem desmaiado de insolação e o ajuda, só para descobrir que ele é o sensei — recorrente personagem self-insert nessas adaptações de gachapon que representa o jogador. Ele veio para ajudá-las a manter a escola aberta. E elas já se defrontam com seu primeiro desafio: uma gangue ataca a escola e elas precisam derrotá-la, mas com a ajuda tática do recém chegado sensei e seu tablet inteligente (que é Arona, a guia que explica ao jogador as mecânicas e tutoriais). Eles conseguem vencer e manter a escola.

Para quem é fã, especialmente de longa data, já que foca no primeiro volume do jogo, pode até ser interessante, mas para os recém-chegados é lastimável como a adaptação simplesmente não consegue apresentar o mundo de Blue Archive de uma maneira coerente ou mesmo, diria, interessante. Temos algumas imagens dos elencos das outras escolas e do General Student Council, mas quase inexiste exposição, nem que seja visual, sobre o contexto das escolas serem distritos, cada uma com características específicas. Sequer se apresenta a introdução mesmo do jogo, onde o jogador, no caso o personagem sensei, é chamado pela presidente do General Student Council, a ser um consultor junto a Schale, uma espécie de misto de conselho disciplinar (conselhos estudantil, conselho disciplinar; nunca antes vistos num anime!) e polícia.

O anime também sofre por não ter sido propriamente licenciado nem mesmo pelas plataformas dos Estados Unidos, então legendas têm demorado a aparecer e, quando finalmente apareceram pelos sete mares, estavam com uma qualidade abismal. É, claro, muito cedo para afirmar qualquer aposta (com certeza ninguém esperava chorar em posição fetal quando a Tokai Teiou apareceu pela primeira vez em Uma Musume), mas eu não esperaria sentado por nenhuma grande recompensa emocional…

⭐

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Boukyaku Battery [Mari]

O primeiro episódio de Boukyaku Battery foi certamente uma experiência, embora eu ainda esteja tentando decidir se ela foi positiva ou não. O anime conta a história de dois rapazes que eram considerados gênios do beisebol: Haruka, um arremessador alto e forte que era temido por todos os rebatedores que enfrentava, e Kei, um receptor inteligente que com suas habilidades de liderar o jogo levava seu time à vitória. Havia muita expectativa em relação ao futuro desses dois jovens, cobiçados por dezenas de times que gostariam de tê-los no ensino médio. No entanto, Kei perde sua memória por algum motivo que ainda não nos foi revelado, e com isso a sua habilidade de jogar beisebol. Haruka não quer continuar jogando sem ele, então juntos eles vão para uma escola pública qualquer que nem um time de beisebol decente tem.

Essa é uma premissa que não traz nada de novo, mas até aí tudo bem — animes de esporte raramente têm pretensões de revolucionarem o seu gênero. Eu estava animada para acompanhar a trajetória de um time que começaria praticamente do zero e conquistaria meu coração com seu trabalho duro, lágrimas e suor. O problema é que Kei, fora do personagem que se dedicava ao beisebol, é absolutamente insuportável. Nem o seiyuu incrível que ele tem, Mamoru Miyano, foi capaz de salvar as piadas sem graça que ele faz a cada 30 segundos. Eu juro que se eu tiver que ouvir mais uma piada sobre mamilos eu terei que me jogar da janela do meu apartamento que fica no 11º andar.

Dito isso, o estúdio MAPPA fez um bom trabalho com as poucas cenas de beisebol que tivemos nesse começo e, a julgar pelo elenco de vozes recheado de estrelas, eu diria que uma quantidade considerável de dinheiro deve ter sido investida nesse projeto. Torço para que Kei vire gente o mais rápido possível, mesmo que ele não recupere sua memória, e que o foco seja de fato no esporte. Enquanto novas temporadas de Diamond no Ace e Major 2nd não são anunciadas, Boukyaku Battery terá minha atenção. Quem sabe… Talvez eu me surpreenda mais pra frente, né?

⭐⭐⭐

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GIRLS BAND CRY [Lucy]

Acho que a primeira impressão que a maioria do público teve sobre GIRLS BAND CRY foi quanto à animação: é uma obra inteiramente feita em computação gráfica — e está muito bem feita! O estúdio Toei Animation está realmente se destacando como uma das equipes que melhor sabe trabalhar com esse formato; o trabalho deles no filme The First Slam Dunk já tinha me impressionado bastante, e eles seguem trilhando um ótimo caminho. Claro que existe um mundo de diferença entre o que um longa e uma série de TV permitem quanto a orçamento e prazo, ainda tem coisas que podem ser melhoradas, mas estou otimista sobre a produção. A direção também está de parabéns, aliás. Apesar de beirar o clichê, gostei das adaptações visuais feitas para transmitir os sentimentos dos personagens, e o timing das partes cômicas foi bem aproveitado.

Meus pensamentos sobre o roteiro são bem similares ao visual: estou satisfeita com o que foi apresentado nesse primeiro momento, mas acredito que ainda pode ir além. Claro, é fácil falar isso quando nem metade do elenco principal apareceu ainda, mas é fato de que para mim, pelo menos, levou uns minutinhos para me cativar. Por boa parte do episódio, a protagonista Nina está basicamente vivendo os sonhos de uma escritora adolescente no Wattpad — após uma série de infortúnios, encontra a artista que admira, janta com ela, até visita a casa dela! É o pacote completo. E apesar de soar um pouco besta, convence depois de algumas cenas e mais interações entre as meninas. O jeitinho da Nina, que a princípio arriscava se tornar um pouco frustrante, é rapidamente justificado por sua construção como uma criança superprotegida — o que inclusive aumentou meu interesse pela história dela. Ao final, quando menos percebi, já tinha me afeiçoado por ela (e pela Momoka, a rockstar de seus sonhos).

Honestamente, acredito que tem chances de sair algo muito bom daqui, mesmo que acabe não sendo popular. Se tem algo que podemos afirmar sobre GIRLS BAND CRY, é que ele não tem medo de tentar transmitir atitude (literalmente, acho que nunca vi tantas instâncias de alguém dando o dedo do meio em um único episódio). Logo, se continuar trabalhando o estilo que adotou nesse início, não duvido que tenha chances de ser um destaque da temporada. Foi um começo forte, tenho expectativas positivas!

⭐⭐⭐⭐

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Hananoi-kun to Koi no Yamai [Ana]

Depois de diversos bons animes de romance que saíram nas últimas temporadas, principalmente do incrível Yubisaki to Renren, a barra está lá em cima e, infelizmente, Hananoi-kun to Koi no Yamai não fica no mesmo patamar. Eu até havia me simpatizado com o casal, mas quanto mais os dois protagonistas interagem, mais estranha fica a situação.

Hotaru é uma garota do ensino médio que não tem experiências com romance, ela mal sabe como é o sentimento de gostar de alguém, muito menos já esteve em um relacionamento. Após um único encontro com Hananoi, que havia acabado de terminar seu antigo relacionamento, o garoto se apaixona à primeira vista e no dia seguinte aparece na sala de aula de Hotaru, pedindo-lhe em casamento. Se isso já não fosse estranho o suficiente, o que vem a partir daí, só piora. Hotaru não tem sentimentos por ele, mas após uma persistência por parte do rapaz, que mesmo depois de uma rejeição insiste em fazer coisas para agradá-la, a garota se sente balançada e, acreditando que aquilo se transformará no mesmo sentimento de amor que ele sente por ela, concorda em namorar Hananoi.

Não é incomum quando se trata de primeiras experiências românticas não entender muito bem aqueles novos sentimentos, mas aqui as coisas aconteceram muito rapidamente e a garota mal pôde processar tudo isso. Sem contar que além do rapaz continuar fazendo coisas para agradá-la — como cortar o cabelo — em uma tentativa de que ela se apaixone por ele a qualquer custo, a garota também parece agir como se fosse apenas para se encaixar no que se espera em um relacionamento. Falam para ela que namorados se beijam, então ela vai lá e propõe que eles se beijem, mas ela não parece entender o que de fato as coisas significam.

Eu espero que esse tipo de coisa amenize com tempo, pois eu não achei o anime de todo ruim, há momentos que são bonitinhos de verdade e o visual também é bacana, ainda mais vindo de um estúdio com pouquíssimos trabalhos até então (East Fish Studio), mas nesse começo tudo parece pouco genuíno, me trazendo mais preocupação do que aproveitamento quanto a relação dos dois.

⭐⭐⭐

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Kaijuu 8-gou [Pedro]

Esperadíssimo sucesso shounen da temporada. O primeiro anime a passar no Twitter (não, eu não vou nunca na vida chamar de “X”). Mais um imenso sucesso da safra aparentemente sem fim da Jump+. O mangá de Matsumoto Naoya, Kaijuu 8-gou, chega quase que esmagado de expectativas. Produzido pelo quase nada bem-sucedido Takei Katsuhiro (coitado, não acerta uma: Kusuriya no Hitorigoto, Frieren, Jujutsu Kaisen, Oniichan wa Oshimai!… E essas são só as séries na qual foi produtor-chefe em 2023), dessa vez no Production I.G., a estreia parece entregar o que os fãs do mangá esperavam. Bons cortes, composição e pós-produção tão vivas como as páginas coloridas de Matsumoto-sensei, mantendo todo o humor do mangá.

O elenco de (relativamente) novatos, Hibino Kafka é interpretado por Fukunishi Masaya (Ryuuguuji Ken, em Tokyo Revengers) e Ichikawa Reno por Wataru Katou (Rentarou em Kimi no Koto ga Daidaidaidaidaisuki na 100-nin no Kanojo), ganha a ajuda estelar de Asami Seto no papel de Ashino Mina (então se você quiser ter o headcanon de que a Yori cresce e cavalga um tigre branco enquanto atira em monstros gigantes, be my guest!).

Especialmente pra quem está entrando nesta série via anime, a adaptação pode ser incrivelmente interessante, mas, numa nota um pouco spoiler: para aqueles como eu que vem acompanhando esse mangá desde que estreou no aplicativo Manga Plus, não me interprete mal, é sim muito, muito bom, porém fica um pouco um gostinho ruim de lembrar que Matsumoto, como quase todos os novatos (e até mesmo gente tão experiente e famosa como Kubo-sensei), claramente cedeu às pressões editoriais da Jump (em especial em ir movendo o gênero dele de um estilo diferente e até mesmo um tanto intelectual para o que agora é basicamente um battle shonen).

O primeiro episódio nos apresenta Kafka, esse cara de “quase 30 anos de idade, mas que eu acreditaria se me dissessem que tá beirando os 50”, que desistiu de entrar para os Defense Corps, a organização governamental que luta contra kaijuus, e da sua promessa com sua amiga de infância, Mina, de que ambos se vingariam dos monstros gigantes que destruíram suas casas e escola, e acaba trabalhando na Professional Kaijuu Cleaner Corporations. Você já pensou que, seja quem for, de super sentai ao Ultraman, depois que os heróis vencem o monstro gigante, alguém precisa “limpar a bagunça”? Pois esse é o trabalho de Kafka.

Só que certo dia, logo após receber um novo funcionário, jovem e que ainda mantém a esperança de um dia entrar nos Defense Corps, durante uma limpeza, um yoju (after-beast, na tradução oficial em inglês, ou criatura-menor, na tradução oficial da Panini no Brasil) aparece e quase os mata. Salvos na última hora pela comandante Ashino, Kafka e Ichikawa conversam no hospital e, com sua paixão reavivada pelos elogios de seu kouhai, Kafka decide tentar novamente o teste para os Corps. Porém, sua reencontrada determinação pode vir a ser um tanto problemática: naquele exato momento, pela janela do hospital, um pequeno kaijuu entra voando e lhe comunica, aparentemente por telepatia: “finalmente te encontrei” e entra pela boca de Kafka, transformando-o em um monstro.

A estreia se apresenta como uma adaptação extremamente competente e consciente do mangá. Em sites de ranking, como MAL e AniList, só com o primeiro episódio lançado a série já está com 8.2 e 79%, respectivamente. Nada mal.

⭐⭐⭐⭐

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Ooi! Tonbo [Lucy]

Não é incrível, mas nem chega perto de ser a pior das estreias.

Na verdade, Ooi! Tonbo me pegou por um motivo extremamente específico: para mim parece que esse anime poderia ter passado no Cartoon Network em 2005. Consigo ver perfeitamente as criancinhas acompanhando as aventuras da protagonista Tonbo em sua ilhazinha, ou então navegando pelo mundo do golfe profissional, ao longo de 52 episódios adaptados pela 4Kids que passam de segunda a sexta às 15:30.

Piadas à parte, o episódio teve um ar fortíssimo de anime dos anos 2000. Talvez seja a escolha de cores ou filtros, ou o character design que me lembra Digimon e o início de One Piece. Pode ser até pelo extenso currículo do estúdio OLM nesse tipo de produção — afinal de contas, eles são o estúdio de Pokémon! — que me faz ter essa associação específica. É um trabalho simples, porém limpinho; não tem nenhum floreio, mas também nada que me faça levantar a sobrancelha.

Tem uma chance da minha impressão ter sido influenciada até mesmo pelo estilo da história, que apesar de casual a princípio, teve uma energia bem gostosinha (apesar de ainda precisar de mais sal). A ambientação numa ilha rural ajuda horrores em melhorar minha opinião, mas vejo potencial na ideia de Tonbo gradualmente desenvolver suas habilidades no golfe. Consigo imaginar também um certo nível de drama vindo da necessidade que terá em breve de deixar o lar (não há escolas de ensino médio no local, quem dirá torneios de golfe). E de fato, precisamos considerar que sou fraquíssima pela dinâmica “um cara e a criança que ele adotou”. Ao somar isso com o elemento esportivo, temos algo que poderá me agradar pelo resto da temporada. Se conseguir engatar um enredo minimamente interessante, acho que poderá ser uma boa pedida para relaxar ao final da semana. Considerando que o mangá está em publicação há 10 anos e beira os 50 volumes, tenho motivos para seguir acreditando.

⭐⭐⭐

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Sasayaku You ni Koi wo Utau [Mari]

Asami Seto no papel de uma mini-caminhoneira que se apaixona à primeira vista por sua fã e não sabe o que fazer com o tanto de amor que guarda no peito? Fui eu quem pediu, sim! Pode entrar, Asami Seto!

Minha obsessão por seiyuus à parte, posso afirmar que Sasayaku You ni Koi wo Utau teve uma boa estreia. Embora a premissa não tenha nada de original, eu me diverti com o episódio. O enredo tenta nos passar a perna fazendo parecer que há um sentimento mútuo entre Himari e Yori, mas logo percebemos que ele se trata de uma variação daquele típico cenário de “o amor que eu sinto por você não é o mesmo tipo de amor que você sente por mim”. Himari se apaixona pela voz da Yori, imediatamente tornando-se sua fã, enquanto Yori de fato se apaixona pela Himari. Logo no começo do episódio há uma declaração de amor entre as duas, que leva a um mal-entendido. Após um momento constrangedor, Yori percebe que o “gostar” dela é diferente do “gostar” da Himari, que não nota isso. No entanto, em vez de desistir, Yori decide que fará o que for possível para Himari se apaixonar de fato por ela.

Em termos técnicos, SasaKoi é OK. A adaptação é uma parceria entre os estúdios CLOUD HEARTS e Yokohama Animation Lab, fundados em 2021 e 2015 respectivamente. Eu não espero grandes momentos de sakuga — desde que o anime mantenha o nível do primeiro episódio e não derreta no decorrer da transmissão eu já me darei por satisfeita. Um ponto positivo nesse sentido é que na cena da apresentação da banda nós tivemos o uso de animação 2D e não aqueles bonecos desengonçados 3D que frequentemente aparecem em animes de música, o que me faz acreditar que os estúdios realmente se importam com a parte visual da coisa.

⭐⭐⭐⭐

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Seiyuu Radio no Uraomote [Lucy]

Estamos realmente sendo abençoados com tanto yuri em tão pouco tempo. Que glória. Não queira dizer que são todos incríveis e maravilhosos, é claro, mas pelo menos seguimos acima da média. Acredito que este aqui será mais um nome para a lista dos “bons”, caso jogue bem com as cartas que tem em mãos.

Como em qualquer boa história de identidade secreta, é preciso aplicar um pouco de suspensão de descrença na hora de analisar a premissa inicial de Seiyuu Radio no Uraomote. Sim, uma das protagonistas tem uma outra versão de si que é popular e tem o rosto estampado em várias revistas, mas ninguém reconhece ela fora do personagem, apesar do único esforço que ela faz ser jogar o cabelo na cara. Até mesmo a menina que elogia a aparência de uma versão olhando nos olhos da outra não é capaz de fazer essa associação, a princípio — e pelo visto, como ressaltado pelo título, essa divisão entre as duas vidas das garotas será um ângulo importante da história.

Não há apenas a questão de ambas serem diferentes dentro e fora do estúdio, mas também extremamente opostas entre si. Como elas lidarão com a diferença entre a dinâmica que elas vendem e o relacionamento que (não) possuem na vida real? A proposta é interessante, e consigo ver um romance gostosinho se desenvolvendo daí, apesar de que provavelmente será de maneira lenta. Por hora, temos atitudes questionáveis vindas de ambos os lados… Mas também temos muito espaço aqui para uma boa evolução das protagonistas individualmente, e acredito que é o quão bem esse trabalho será feito que irá definir a qualidade final do enredo.

Entretanto, se fosse para apontar um aspecto que eu temo que não será bem desenvolvido… diria que é o visual. Não sei dizer se é parte do estilo do diretor ou realmente limitação da equipe, mas a animação esteve um pouco inconstante ao longo do episódio, com direito a algumas expressões ligeiramente estranhas nas personagens. O estúdio Connect não é lá muito conhecido por títulos ambiciosos — as poucas coisas que vi deles eram modestas, porém funcionaram. Entretanto, o último ano foi bem complicado para eles, considerando que Ayakashi Triangle teve um hiato de praticamente sete meses devido a diversos problemas na produção. Espero que eles já tenham se recuperado dessa situação!

⭐⭐⭐

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Shuumatsu Train Doko e Iku? [Pedro]

O EMT Squared não é o mais reconhecido estúdio, né? Fundado em 2013, o estúdio ficou conhecido pela adaptação de Rainy Cocoa. Aquele mangá online bem interessante, bilíngue, que já tem 5 temporadas animadas. Em outros trabalhos, o estúdio adaptou uma meia dúzia de isekais (e isekai-like) como Assassin’s Pride, Kuma Kuma Kuma Bear, Drugstore in Another World, Beast Tamer e, mais recentemente o adorável Fluffy Paradise. Então é uma surpresa que eles apareçam nessa temporada com um anime completamente original.

Com produção encabeçada por Yokote Michiko (uma das escritoras com uma lista absurda de trabalhos em seu currículo, que vão desde Ramna 1/2 — sim, em 1989! — passando por Cowboy Bebop, Gravitation, Princess Tutu, Naruto!, Blood+, xxxHolic, Kobato, Gintama, e tantos outros que precisaria de um blog inteiro só pra listar) e Tsutomu Mizushima (famoso diretor de Girls & Panzer, entre tantas outras séries, incluindo o excelente e, um dos meus animes favoritos de todos os tempos, Shirobako), a estreia chegou, como diria um professor de escrita criativa que certa vez tive, cheia do que dizer.

Somos apresentados a um Japão, num futuro próximo, possivelmente, onde uma campanha bem, digamos, nada audaz está celebrando o lançamento do 7G. Não é propriamente explicado que se trata de um novo padrão de telecomunicações sem fio, como 4 ou 5G, mas é o que facilmente somos levados a pensar. Durante a cerimônia de lançamento a menina Youka (Touyama Nao, que, né, quase nem precisa de introdução — a Rin, de Yuru Camp, Iko em Shy, a High Elf em Goblin Slayer, etc.) é pressionada a apertar um imenso botão dourado no qual se lê “77G” para inaugurar o serviço, mas ao fazê-lo, algo, bom, diferente acontece. Somos levados para o que provavelmente é aum ano depois, numa pequena cidadezinha do interior japonês. Os moradores? Animais falantes. E ao conversarem, notamos que eles eram, outrora, humanos. Aparentemente todos os moradores daquela cidade estão fadados a, quando atingem a idade adulta, se transformarem em animais. Na escola somos apresentados as 4 meninas que ainda mantêm-se humanas. Delas, Chikura Shizuru (interpretada por Anzai Chika, que também não precisa de muita introdução, mas serve lembrar, a Reina de Hibike! Euphonium) tem um sonho. Reencontrar a amiga, Youko, desaparecida.

Não vou dizer que essa série me pegou, assim, logo de cara. Ela é muito bem executada, talvez o melhor trabalho que já tenha visto saído do EMT Squared, com toda a graça que os trabalhos de Mizushima, geralmente cute girls doing cute things, têm. Porém, dessa vez, a pegada surrealista e fantástica é demais. Dos moradores da cidade, apenas Zenjirou, antigo condutor de trens, permaneceu humano. Mas ele parece ter perdido alguns parafusos durante o fenômeno que transformou não apenas a cidade, mas todo o Japão. Até que Shizuru descobre que, uma vez por dia, por alguns minutos, se ele coloca novamente o quepe de condutor, ele volta a ser ele mesmo. Ela, então, também descobre um jornal antigo e encontra sua amiga Youko em Ikebukuro. Só que o país inteiro foi transformado. As distâncias entre as cidades não são mais as mesmas, nem a geografia e nem as pessoas (e outras criaturas). Mas para Shizuru, encontrar Youko é sua maior prioridade e então ela foge no trem. Sem, claro, ser pega tentando ir sozinha e acaba que Akira (Kino Hina — recentemente Lishu em Kusurya no Hitorigoto e a menininha Mira, em Buddy Daddies), Nadeshiko (Waki Azumi, a Special Week de Uma Musume) e Reimi (Kuon Erissa, que interpretou Jemina em Yakusoku no Neverland) embarcam com ela.

Eu vou certamente assistir esse anime inteirinho, porque é exatamente o tipo de anime (CGDCT, original, dirigido pelo Mizushima) que eu tendo a assistir, mas enquanto estreia? Não sei se poderia de coração aberto recomendar. Antes de estrear pensei que talvez ele tivesse uma pegada Sora yori mo Tōi Basho, mas é tudo extremamente surreal, estranho. Os personagens são bons, mas não há aquela típica escalada na qual vamos sendo apresentados a eles. As meninas já simplesmente estão ali desde o início, com algumas dinâmicas entre elas bem arraigadas (Akira e Reimi brigam o tempo todo, Shizuko tem a cabeça nas nuvens e Nadeshiko — o que é engraçado se por CGDCT e Nadeshiko você pensar em Yuru Camp — atua como a força mais adulta e moderadora). O elenco é muito bom e a produção parece, pelo menos, bem composta (sempre na insegurança de “será que dura até o final?” que qualquer produção tem hoje em dia). E, né, geralmente é um gênero de anime que promete alguma recompensa no final.

⭐⭐⭐

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Tonari no Youkai-san [Pedro]

Eu tenho uma crush problemática com o LIDENFILMS. Eles fazem animes incríveis que eu amo, de mangás que eu amo, como Yofukashi no Uta ou Kimi wa Houkago Insomnia, e daí fazem animes terríveis de mangás/LNs que eu amo, como Mahou Shoujo Tokushusen Asuka ou Urasekai Picnic, e outras vezes só fazem coisas absolutamente terríveis mesmo (Tokyo Revengers, o novo Rurouni Kenshin, Ryza no Atelier). Então, na hora de escolher para quais animes iríamos escrever nossas primeiras impressões da temporada, não pude resistir e tive que me atirar em Tonari no Youkai-san. Até porque, e isso parece estar voando completamente fora do radar de basicamente todo mundo: esse mangá foi serializado na revista Matogrosso. É um josei!

Ainda que Noho-sensei já tenha encerrado a série (em 2022, com apenas 4 volumes principais e 1 de side story), eu não sabia nada sobre a série e tenho que admitir que a estreia foi uma surpresa muito agradável. LIDENFILMS aparece no seu melhor, fazendo animes simples, não feios ou mal feitos, mas apenas simples, trazendo Konparu Tomoko (Nana, Nodame Cantabile, Kimi no Todoke 1, 2 e retornando para a terceira temporada, Ao Haru Ride, e até Cherry Magic — sim, uma gigante) na series composition. Somos apresentados a esse mundo, a essa cidadezinha rural japonesa, onde no passado deuses e mortais existiam lado a lado. Os deuses, no entanto, tiveram de partir, mas quando se foram deixaram todas as suas criaturas para trás, vivendo em paz entre os humanos.

“Nosso gato está virando um nekomata”, um dos meninos da cidade diz a Mutsumi. O gatinho, já com 20 anos de idade, da noite para o dia se transforma em um youkai — essas criaturas mitológicas japonesas que poderíamos dizer já se tornaram uma espécie de subgênero em mangás, LNs e anime. Buchio, interpretado por ninguém menos do que Yuuki Kaji, se transforma no típico youkai gato, por vezes nascido nas montanhas, outras vezes, como ele, um gato doméstico que ao envelhecer, em vez de morrer, ganha uma segunda cauda, a capacidade de falar e andar ereto, além de poderes como transformação. Com uma vida inteira como gato doméstico atrás dele e uma vida, talvez infinita, pela frente como um nekomata, Buchio se vê perdido e segue para ser orientado no mundo dos youkai por Yuri, uma youkai raposa muito proficiente em transformações.

Mas não se enganem. Tonari no Youkai-san parece conter uma boa quantidade de drama e temas até bem sombrios. No final do episódio somos deixados com um cliffhanger bem interessante sobre o pai de Mutsumi, dando uma impressão de profundidade que a audiência seria perdoada em achar que a série não teria.

⭐⭐⭐⭐

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WIND BREAKER [Ana]

Adaptações envolvendo delinquentes não andam com uma boa reputação, e eu mesma embarquei em Wind Breaker sem muitas expectativas, mas confesso que foi uma estreia interessante para os padrões do gênero.

Sakura é novo na cidade, um garoto acostumado com a rejeição por ter seus cabelos e olhos diferentes, e acostumado também a responder com agressividade. Logo nesse primeiro episódio ele acaba salvando Kotoha Tachibana, que é garçonete de um café, mas que tem contato com os Bofurin, a gangue de alunos do Colégio Furin que protege a cidade. Assim, Sakura é introduzido ao novo universo que lhe aguarda: uma escola de delinquentes conhecida apenas por sua força combativa.

Embora seja um pouco difícil de entender as ambições do protagonista, que envolvem lutar com os mais fortes e chegar ao topo, ele não está interessado em ser conhecido como um herói ou mesmo fazer parte de gangues. No entanto, parece que o destino reservou mudanças para o seu caminho e é possível que Sakura se torne o herói que sua cidade precisa devido às disputas territoriais. Além disso, a escola já tem um grupo bem formado, que são os Bofurin, e sabemos que alguns vão aceitar bem a chegada do novo integrante, mas outros nem tanto. Ainda, estar em uma equipe é algo que gera conflito até para si próprio, que sempre esteve sozinho, tudo isso culminando em um prato cheio para muitas brigas.

O anime está nas mãos do CloverWorks, que tem entregado boas adaptações. Como foi possível ver na estreia, acredito que teremos um boa animação, com foco nas cenas de luta. Embora eu fique um pouco com o pé atrás vendo que o enredo não tem lá uma grande profundidade, achei ao menos divertido e acredito que valerá a pena acompanhar.

⭐⭐⭐⭐

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Yoru no Kurage wa Oyogenai [Mari]

Apesar de algumas cenas desnecessárias que aparentemente são marcas registradas do diretor de Eromanga-sensei (😬), Yoru no Kurage wa Oyogenai teve a melhor estreia da temporada na minha opinião. O estúdio Doga Kobo é sempre muito consistente naquilo que entrega, portanto não é uma surpresa que com esse novo projeto não tenha sido diferente. Yoru no Kurage wa Oyogenai é um espetáculo visual que ilustra perfeitamente a busca das protagonistas por uma identidade própria, um lugar no mundo.

Neste primeiro episódio nós fomos apresentados a Mahiru, uma garota que sempre amou desenhar, mas que é facilmente colocada para baixo ao ouvir críticas de outras pessoas. Numa tentativa de trilhar o caminho que se é esperado de uma estudante do ensino médio “normal”, Mahiru deixa o seu eu artístico para trás. É nítido que ela não está feliz assim, mas ela tenta se convencer de que está tudo bem. Nesse meio tempo nós conhecemos Kano, uma cantora talentosa que fez parte da indústria de idols no passado, mas foi chutada de seu grupo e caiu na obscuridade. Kano anseia em provar o seu valor e, ao contrário de Mahiru, nunca parou de cantar, e procura alternativas à sua situação. O encontro entre as duas dá a Mahiru o empurrãozinho que ela precisava para não desistir de quem é, e juntas elas embarcam em uma nova jornada para mostrar ao mundo quem realmente são.

Com base nos pôsteres que foram liberados pela equipe responsável por Yoru no Kurage wa Oyogenai, há mais duas personagens principais a serem apresentadas, e eu estou muito curiosa para descobrir como funcionará a dinâmica desse quarteto. Desde que o diretor pense com a cabeça de cima e não com a de baixo, teremos um forte candidato a anime da temporada aqui.

⭐⭐⭐⭐⭐

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