Primeiras impressões: temporada de outono (2019)

Conforme vocês provavelmente repararam na nossa postagem de apostas da temporada, a fall season de 2019 está recheada de continuações (algumas surpresas, outras muito esperadas). Para evitar que pegássemos o bonde andando, resolvemos focar nossas primeiras impressões nas séries novas. Sendo assim, os animes escolhidos por nós foram: Ahiru no Sora, Babylon, Fate/Grand Order: Zettai Majuu Sensen Babylonia e Hoshiai no Sora.

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Ahiru no Sora [Mari]

Se eu tivesse que definir Ahiru no Sora em poucas palavras, diria que é uma grande mistura de narrativas clássicas dos animes de esporte. Temos um protagonista que é subestimado e às vezes até mesmo ridicularizado por causa de sua altura, o que é algo que já vimos em outras obras como All Out!, Hinomaruzumou e Haikyuu!!; o clube se encontra em um estado de caos, dominado por delinquentes que possivelmente mudarão seu comportamento graças ao esporte (exemplos de personagens assim não faltam); ninguém dá nada pelo colégio do protagonista, que virá a surpreender seus adversários (praticamente todos os animes de beisebol por aí…) e logo no segundo episódio há a velha discussão de “esforço/trabalho duro vs. talento”. Levando tudo isso em consideração, me parece seguro afirmar que Ahiru no Sora não está aqui para inovar o gênero nem nada do tipo, mas deve aspirar a fazer o simples muito bem.

Como mencionei na postagem de apostas da temporada, toda a equipe envolvida com essa adaptação é bastante inexperiente com o gênero de esporte, por isso não tenho grandes expectativas em relação à parte técnica. Ahiru no Sora não tem nem de longe a fluidez de obras produzidas pelo Production I.G, por exemplo, mas também não é nada que doa os olhos como Baby Steps (até hoje não perdoei o Pierrot). Sendo assim, deve ser um anime divertido de acompanhar se esportes fizerem o seu estilo. A única coisa que me incomodou foram as cenas de alívio cômico em que o protagonista e outro membro do clube inventaram de espiar as meninas do time feminino de basquete enquanto elas se trocavam. É particularmente irritante porque o autor parece dar uma certa relevância ao time feminino, além da mãe do Sora ser a sua maior inspiração, tornando essas cenas ainda mais desnecessárias. Se ele sabe como escrever personagens femininas, pra que expô-las ao ridículo? É uma escolha que não faz sentido e só afasta boa parte da audiência da obra.

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Babylon [Ana]

A estreia de Babylon, assim como de Vinland Saga na temporada anterior, contou com não apenas um, mas três episódios de uma só vez. A obra com teor investigativo está sendo adaptada pelo estúdio Revoroot, sendo o primeiro trabalho grande do estúdio, então dá pra relevar que a animação não seja lá aquelas coisas, mas ainda assim está bem ok para um estúdio novo.

A obra tem como protagonista Zen Seizaki, um promotor público do recém-formado distrito de Shiniki, em Tóquio. Zen é designado a investigar um caso envolvendo um novo medicamento em uma indústria farmacêutica. O caso começa a envolver suicídios controversos, uma pista obscura contendo sangue, cabelos, pele e diversas letras F escritas e uma mulher como principal suspeita. Fica difícil não deixar spoilers aqui já que logo no primeiro episódio fui surpreendida com a morte de alguém que eu não esperava e que ao mesmo tempo me deixou um tanto frustrada, ainda assim ao final desses três episódios iniciais achei interessante como o problema foi gradativamente formulado: basicamente temos alguém que possivelmente está induzindo as pessoas a cometerem suicídio através dessa nova droga, descrita como um indutor de sono, mas que na verdade a pessoa nunca mais acorda. E o mais perturbador é que as pessoas quando encontradas já sem vida ou à beira da morte parecem felizes, sorrindo.

Apenas de envolver um assunto pesado como o suicídio, e a própria abertura – que de maneira não convencional é bastante curta – é um tanto sombria, o anime não traz cenas fortes, pegando realmente mais para o lado investigativo até então. Esses primeiros episódios foram bons e fico curiosa para saber como as coisas vão se desenrolar a partir do problema instaurado, ao mesmo tempo fico relutante já que Minaka Sakamoto, responsável pelo roteiro é um estreante e o diretor, Kiyotaka Suzuki, é o mesmo de Psycho-Pass 2, que até começou bem, mas não teve um desempenho muito bom posteriormente.

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Fate/Grand Order: Zettai Majuu Sensen Babylonia [Mari]

A cronologia de Fate é um negócio muito louco que eu meio que já desisti de entender, mas para esse anime em específico fazer sentido é necessário pelo menos ter jogado o jogo ou assistido ao especial Fate/Grand Order: Zettai Majuu Sensen Babylonia – Initium Iter de antemão. Em resumo, a história de Fate/Grand Order está dividida em Singularidades – eventos que podem levar à extinção de um povo, por exemplo – e os jogadores (nesse caso, os protagonistas) precisam lutar contra elas. A Singularidade em questão a ser adaptada é a da Babylonia, tida amplamente como a melhor da franquia.

Eu honestamente nunca tive contato com o jogo, mas por gostar muito de história, literatura e mitologia, resolvi assistir ao anime mesmo assim. Elencos variados como o de Fate sempre são legais de acompanhar, embora eu tema que o anime sofra com o mesmo problema de Fate/Apocrypha: muitos personagens pra pouco desenvolvimento. Me parece difícil encaixar tantas horas de jogo em uma adaptação de dois cours. De qualquer forma, torço para que não fique confuso demais.

Tirando o CG horroroso que utilizaram nas Bestas Mágicas, a animação está muito bonita. Provavelmente acompanharemos várias lutas incríveis e eu mal posso esperar para os meus Servos preferidos aparecerem.

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Hoshiai no Sora [Mari]

Já que não há um material prévio para nos basearmos, animes originais acabam sendo sempre 8 ou 80: ou dão muito certo ou dão muito errado. No caso de Hoshiai no Sora, se a equipe mantiver a qualidade apresentada no episódio de estreia, eu diria que temos aqui a primeira opção. Antes de ser um anime de esporte, Hoshiai no Sora é uma jornada de amadurecimento. Em outras palavras, a narrativa fará uso do esporte, que será o meio pelo qual os protagonistas terão que resolver seus conflitos. O soft tênis é o começo de tudo, mas o mundo dos nossos protagonistas se expandirá para além dele.

Eu acredito que o principal tema a ser explorado pela obra é “família disfuncional”: olhando de fora a família de Toma é aparentemente normal, porém logo no primeiro episódio descobrimos que ele não tem uma boa relação com a mãe dele e que o irmão mais velho é a figura em quem ele confia e possivelmente se espelha. A mãe dos dois parece compará-los, o que não costuma ser uma maneira saudável de criar um filho e pode levar a confrontamentos mais adiante. Maki, por outro lado, é filho de mãe solo e sua história expõe um problema sério da sociedade japonesa: em questão de dinheiro, devido à enorme desigualdade de gênero que existe no país, as mães solos são as que mais sofrem para criar seus filhos e também são as primeiras a se encontrarem abaixo da linha da pobreza.

Leituras complementares: In One of the World’s Richest Countries, Most Single Mothers Live in Poverty

In Japan, single mothers struggle with poverty and a ‘culture of shame’

Estou curiosa para ver de que forma o anime abordará esse problema social tão grave que não recebe o tanto de atenção que deveria. Me parece que com Maki a obra não só debaterá a questão do dinheiro, mas também o abuso psicológico causado por um péssimo pai, que até o momento não tem sofrido consequências por suas ações. É interessante pensar que o dinheiro poderia ser a solução de muitos problemas para Maki, mas ainda assim isso não seria suficiente para ter uma família feliz, como prova a situação de Toma. O diretor Akane Kazuki tem um arcabouço de possibilidades com Hoshiai no Sora e eu espero que ele saiba bem como explorá-las.

Quanto à parte técnica, eu diria que é simples e eficiente. O design dos personagens deve facilitar um pouco a vida dos animadores e considerando a quantidade de material que foi disponibilizada antes da estreia do anime, podemos assumir que a produção tem andado nos trilhos. Minha única preocupação é que talvez não consigam desenvolver adequadamente tudo que eles se dispuseram a fazer em apenas 12 episódios, mas em relação a isso não há o que fazermos a não ser esperar. Torçamos pelo melhor!

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3 comentários em “Primeiras impressões: temporada de outono (2019)

  1. Até agora assisti os três episódios que saíram de Hoshiai no Sora e os três de Babylon, tô gostando demais dos dois! Talvez eu assista Ahiru no Sora… Fate/Grand Order: Babylonia ainda tá fora do meu radar porque queria me introduzir melhor na franquia antes.

    Por enquanto, tô curtindo muito Babylon como uma série de mistério, a direção sempre me dá uma impressão positiva. Aqueles momentos de tensão em cada episódio… oxe, já arrepia tudo! [/SPOILERS: vou mencionar umas coisas bobinhas da história de primeira e importantes depois, então deixo aí o aviso] Tipo a cena final do episódio 3, especialmente a parte dele encarando a mulher. A questão é que, depois do episódio 3, fico preocupada com como essa discussão sobre morte e o “direito a se suicidar” vai andar, se vai chegar num ponto de ser insensível com o tema ou algo assim… Mas veremos, né. Também confesso que achei muito nada a ver a super incógnita “F” ser simplesmente para… “female”, PELO AMOR DE DEUS, COMO ASSIM? Gente, nada a ver, que bizarro. Aparece uma mulher super louca na vida do cara, endoida ele e a palavra que fica na mente é “FEMALE”? Conta outra, né, forçou tanto que a barra até entortou. Isso até me deixou com o pé atrás em relação a como personagens mulheres (quer dizer, até agora só tem uma) vão ser tratadas/escritas. [/SPOILERS] Além disso, ainda tem outra coisa que me faz tentar não ter expectativas muito absurdas: O autor original de Babylon (dos romances) é o mesmo que escreveu roteiro pra KADO: The Right Answer, Mado Nozaki. E KADO foi… er… uma experiência? Meio (talvez muito) desastroso no fim, apesar de eu lembrar com certo carinho.

    Já Hoshiai no Sora, tô adorando, principalmente por causa das questões envolvendo cada personagem e as relações deles. Já tô me apegando aos bichinhos! Todo mundo é muito fofo e os personagens me soam bem humanos. Fora isso, já é bem amigável e respeitoso com o público LGBTQ+. Sobre a questão de ser só um cour: não tinha parado pra pensar nisso ainda, geralmente é uma das primeiras preocupações que me batem, mas eu estava tão animada que só esqueci… Agora também fiquei preocupada, me deu a impressão que iam falar um pouco de cada personagem (ou de vários, mesmo que não todos) e até agora imaginei que seriam arcos que iam ser bem tratados, cuidadosos e tal, mas com 12 episódios… vixe! Espero que dê tudo certo ou anunciem alguma segunda temporada.

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    1. “Forçou tanto a barra que até entortou” é ótimo! Hahaha. Eu sempre fico com um pezinho atrás quando a ideia do roteirista é transformar uma mulher na vilã da história justamente por causa de todos aqueles estereótipos que conhecemos bem, mas vou guardar meu julgamento pro final; por enquanto Babylon ainda tem o benefício da dúvida. A direção tem realmente feito um excelente trabalho e eu espero que não caguem no pau.

      Quanto a Hoshiai no Sora ter uma segunda temporada… seria interessante, mas acho difícil. Vai depender do sucesso e também do objetivo do diretor com a obra.

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