Impressões finais: temporada de primavera (2020)

Embora o COVID-19 tenha causado o adiamento de muitos filmes e séries da temporada de primavera, alguns animes dos quais escolhemos falar em nossas primeiras impressões conseguiram sobreviver até o final. São eles: A3! Season Spring & Summer, Arte, KakushigotoNami yo Kiitekure, Otome Game no Hametsu Flag shika Nai Akuyaku Reijou ni Tensei shite Shimatta… e Yesterday wo Utatte. Seguem, então, as nossas impressões finais da temporada de abril.

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A3! Season Spring & Summer [Lucy]

Antes tarde do que nunca, não é?

Lá no distante mês de fevereiro, quando a maioria de nós ainda sabia o que era viver fora de casa, A3! foi um dos primeiros animes a ser afetado pela crise causada pelo COVID-19. Apesar do seu término originalmente previsto para março, o anime terminou somente agora em junho, devido aos adiamentos pelo qual passou.

Vírus a parte, a produção já parecia estar sofrendo um pouco mesmo antes da pausa forçada. O visual não ficou muito atraente, apresentando personagens ligeiramente deformados e animações um tanto travadas. Nem mesmo as sequências de opening e ending escaparam disso — na verdade, não tinha nem ending até o retorno do anime em abril! Isso pesa um pouco mais quando se leva em consideração que esse é pra ser um anime bishounen, ou seja, boa parte do que ele propõe é que você estará assistindo meninos bonitos fazerem algo.

Logo, o motivo principal para assistir A3! se torna, de fato, acompanhar o crescimento dos personagens, visto que o enredo, nesse ponto da história, não apresenta grandes inovações. As duas “seasons” seguem a mesma estrutura básica: cinco rapazes se juntam ao teatro, cada um deles tem sua situação particular. Depois de alguns conflitos iniciais, eles se juntam para resolver seus problemas e se ajudam por meio do poder da amizade. O diferencial é a química entre os personagens, além de seus desenvolvimentos pessoais. Há uma determinada variedade entre os dois grupos apresentados nessa primeira temporada, tanto entre si quanto comparados um ao outro; seja em questão de idade, personalidade, character design, e por aí vai, o que é sempre um ponto positivo para histórias do gênero. Falando nisso, também se destaca a presença da protagonista, que apesar de não ter ganho tanto espaço quanto eu queria, ainda pôde ter uma participação significativa e até ganhou trechos de uma backstory própria.

No mais, abaixei minhas expectativas para a próxima metade do anime, que é equivalente aos capítulos do jogo onde o enredo fica um pouco mais denso. Espero que tenham tempo o suficiente para melhorarem a qualidade visual, já que o segundo cour também foi adiado assim que pausaram o primeiro. Ainda recomendaria o anime como uma breve introdução à franquia, mas com certeza não teria me empolgado tanto com A3! se eu já não fosse fã dos meninos.

6.0/10

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Arte [Mari]

Se eu tivesse que definir Arte em uma palavra, eu provavelmente escolheria consistência. Não só porque o anime manteve os seus padrões de qualidade técnica ao longo de sua transmissão, mas também porque ele não fugiu das temáticas que foram apresentadas em seu primeiro episódio. Arte se propôs a trabalhar com as perspectivas de gênero e classe e assim seguiu do começo ao fim. É claro que existe um limite em relação ao que pode ser abordado em 12 episódios, mas eu diria que Arte foi competente em mostrar o crescimento da protagonista, que se desfez da sua identidade como mulher e nobre para seguir a carreira dos seus sonhos, porém no decorrer da obra se deu conta que esses aspectos sempre fariam parte da sua vida e, em vez de ser limitada por eles, ela poderia usá-los a seu favor.

Arte brilha quando o foco está na protagonista e os conflitos gerados pela sua condição social. Quando resolve ir além disso, a obra escorrega. Eu honestamente não acho que seria interessante desenvolver um relacionamento amoroso entre Arte e Leo e por isso aqueles episódios sobre “Arte, a adolescente apaixonadinha” me fizeram revirar os olhos. Foi uma perda de tempo, pois não contribuiu em nada com a narrativa; se fosse para desenvolver a descoberta da sexualidade da Arte, poderiam ter feito isso de uma maneira diferente (e de preferência com outro personagem). É uma tema válido, mas que não cabia ali, naquele momento da história. Também perdi um pouco a paciência com a Katarina, ainda que posteriormente a personagem tenha sido importante para o desenvolvimento da protagonista e amadurecido.

De maneira geral, trata-se de um bom anime. Não é o tipo de obra que eu assistiria de novo, mas definitivamente vale a pena dar uma olhada, principalmente se o que você procura é uma história protagonizada por uma mulher e que tenha uma abordagem diferente da maioria.

8.0/10

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Kakushigoto [Lucy]

Apesar dos trocadilhos em japonês no início, o passado nacionalista do autor, e uma sinopse que apontava a possibilidade de diversas piadas de mau gosto, posso falar com grande alívio que Kakushigoto é uma das melhores comédias que vi nos últimos tempos. Não somente pelo humor, mas pela adorável história de um homem que só queria que sua filha crescesse bem e saudável.

O anime se divide entre dois momentos: o pai se desdobrando entre a filha pequena e o emprego secreto, e a filha já adolescente, descobrindo a verdadeira ocupação do pai. Quando uma história apresenta enredos paralelos, é natural que a gente se interesse mais por um do que por outro. Enquanto esse foi o caso pra mim, isso não quer dizer que eu fazia isso em detrimento da outra parte do anime. Na verdade, esse é um ponto alto de Kakushigoto: o equilíbrio entre as duas metades do enredo é praticamente perfeito, e eu também gostei de acompanhar o dia-a-dia da produção do mangá de Kakushi. Não senti necessidade de pular as cenas de comédia, mas as assistia esperando ansiosamente por aqueles minutinhos finais que narravam o futuro dos personagens.

No tocante ao visual, só tenho mais elogios. O estúdio Ajia-Do se provou consistente na animação, e apresentou um trabalho bonito, apesar da simplicidade remanescente do mangá. Destaque para a paleta de cores escolhida, que variava de acordo com a linha do tempo da história — um pequeno detalhe que fez toda a diferença na ambientação. Na verdade, eu gostaria de comentar sobre a equipe por um outro motivo: honestamente, em meio à crise, não esperava que esse seria um dos animes a conseguir terminar a produção em dia, ainda mais que não foi o único anime do estúdio nessa temporada (também estava encarregado pelo segundo cour de Honzuki no Gekokujou). Estão de parabéns por terem conseguido manter a qualidade e os prazos em ambos os títulos.

Resumindo, Kakushigoto foi meu título favorito dessa temporada. Foram positivos após positivos: o elenco divertido, uma boa quantidade de piadas que tinham graça, o visual bonito, o sub-enredo que me prendeu semana após semana. E admito, adoro histórias familiares, especialmente as que apresentam pais ou mães solteiros. Ah, e eu já falei que eles têm um cachorrinho? Nota 10 pelo cachorrinho.

P.S.: Não esperava isso, mas vi muita gente hesitante em assistir o anime por medo de que fossem sexualizar as crianças, ou que fossem colocar algum tom incestuoso na relação entre Hime e seu pai. Posso garantir que não há nem sombra desses elementos, então se você era uma dessas pessoas com medo de encontrar a mais nova versão de Usagi Drop, pode respirar aliviado!

9.0/10

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Nami yo Kiitekure [Mari]

Nas minhas primeiras impressões eu disse que Nami yo Kiitekure tinha sido uma experiência intensa – agora, tendo terminado o anime, eu gostaria de acrescentar que também foi uma experiência esquisita, embora não necessariamente ruim.

Como suspeitávamos desde o início, a protagonista é de fato a melhor parte da obra. O carisma da Minare nunca falha e não há outra palavra para definir a atuação de Sugiyama Riho além de incrível – chega a ser bizarro pensar que as pessoas frequentemente diziam a Riho que ela não conseguiria entrar na indústria dos animes porque a voz dela não era “de anime”. Eu gostei muito do desenvolvimento da Minare: a superação do relacionamento dela com o Mitsuo, que foi o início de tudo, e chegou ao seu ápice no fatídico episódio da chave de coxa; a paixão encontrada pelo rádio; e a relação dela com a Mizuho-chan (meu ship, ninguém sai!). Apesar disso, eu sinto que o anime precisava de mais episódios para ser capaz de entregar um final satisfatório (mesmo que o mangá ainda esteja em publicação).

Além de ter acabado do nada, muito tempo foi perdido no lenga-lenga da Minare e do Nakahara e, pra mim, teria sido mais interessante desenvolver os personagens que trabalham na rádio, assim como fizeram com a Makie (tudo pra mim). As piadas de assédio sexual envolvendo o gerente do Voyage não tinham graça nenhuma e mesmo assim foram repetidas diversas vezes. O arco do Oki foi bizarro também (difícil dizer o que era real e o que não era). Finalmente, em provável decorrência do COVID-19, a animação deu uma notável decaída na reta final do anime.

Nami yo Kiitekure é uma experiência incrivelmente divertida quando acerta – o que acontece na maior parte do tempo –, mas comete erros que são difíceis de ignorar. Ainda assim, eu diria que vale a pena dar uma conferida, principalmente porque a atuação de Sugiyama Riho merece ser apreciada em toda a sua glória.

7.0/10

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Otome Game no Hametsu Flag shika Nai Akuyaku Reijou ni Tensei shite Shimatta… [Lucy]

Hamefura veio com uma proposta que parecia um sopro de ar fresco, tanto em relação aos isekais quanto aos haréns reversos. Ao final de sua primeira temporada, o que posso dizer é que esse é um anime decente. Só decente? Não, não é revolucionário nem fantástico, mas é divertido de assistir, apesar de parecer arrastado em alguns momentos.

Como mencionei no post do início da temporada, a graça da história realmente se concentra na protagonista Catarina e em seu desespero de se salvar de um destino horrível. Seu harém, infelizmente, não possui o mesmo brilho — os personagens me pareceram rasos e meu interesse neles não chega nem perto do meu interesse pela Catarina; digo isso no sentido de que nos foi mostrado pouco fora dos sentimentos deles pela protagonista. Pelo menos podemos concluir que Hamefura diz “direitos bi”: não somente o número de meninas é quase igual ao de meninos, como tive a ligeira impressão de que elas estão em vantagem na corrida pelo coração da protagonista, tendo conseguido se aproximar mais dela ao longo dos anos.

Falando em “ao longo dos anos”, algo que gostei foi que o anime não se demorou muito na introdução dos personagens, os três episódios focados na infância do elenco são suficientes para ditar o tom da história. O resto da temporada, no entanto, me deixou um pouco mais insatisfeita com seu ritmo, que em certos momentos me pareceu mais lento do que deveria ser. E falando em lerdeza… a Catarina realmente é bastante especial nesse aspecto. Se você acha que vai encontrar romance aqui, não é muito bem o foco da história (porque de fato ela está muito mais focada em sobreviver). Enquanto todo mundo está de joelhos pela menina, ela só pensa em como tal situação pode prejudicar o futuro dela, ou como isso pode beneficiar a sobrevivência dela. E honestamente, eu acho que essa é a parte mais engraçada do anime! A comédia dele é relativamente repetitiva, mas eu acho que essa parte funciona bem.

Partindo para os aspectos técnicos: nas minhas primeiras impressões, elogiei a dubladora Maaya Uchida por sua atuação como Catarina, e agora não somente reforço esse comentário, como também o estendo para todo o elenco; a dublagem está ótima. Quanto ao desempenho do estúdio Silver Link., não há muito o que comentar na parte visual. O anime está bonito e particularmente gostei bastante do character design. O que mais me chamou a atenção, na verdade, foi um fator externo: o anime ficou pronto em fevereiro, dois meses antes de ir ao ar, o que é um grande exemplo de produção bem feita. Parabéns aos envolvidos.

Uma segunda temporada foi anunciada no final do último episódio, e eu continuarei acompanhando a saga de Catarina atrás de sua salvação. Apesar de tudo isso que eu disse, ressalto que eu achei o anime divertido, só que poderia ser melhor. Espero que na próxima temporada o enredo tome um rumo mais empolgante e que os personagens possam ser melhor desenvolvidos.

Até lá, sigo torcendo pela Maria no Catarinabowl.

7.0/10

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Yesterday wo Utatte [Ana]

Bem, eu não pretendo me alongar muito aqui, pois essa foi uma daquelas obras que o visual é muito bonito, mas infelizmente perde pontos na história. Pelo que eu me lembre as primeiras informações diziam que a adaptação contaria com 18 episódios no total, mas acabamos ficando com apenas 12 episódios. Isso não seria um problema se no decorrer de todo o anime as coisas não tivessem se desenvolvido em passos de tartaruga pra no último episódio eles correrem uma maratona.

Eu não sei se as coisas acontecem assim na obra original, mas ficou meio sem sentido que do nada – depois do início de um relacionamento muuuuito lento e que ultrapassava poucas barreiras entre Rikuo e Shinako – o protagonista tenha percebido que realmente gosta da Haru, sendo que nenhum desenvolvimento nesse sentido tinha sido feito até então, a coisa parecia muito unilateral por parte dela. Da mesma forma não me agrada muito a ideia da Shinako com o Rou, já que é como se ele apenas substituísse o irmão por quem ela era apaixonada e não havia superado a morte até então. A impressão que dá no final é que grande parte do que ocorreu para chegar até ali poderia ter sido evitada. Além disso, a personagem com mais carisma, que foi a ex do Rikuo, apareceu também muito brevemente na história e logo depois a personagem foi descartada.

Eu não diria que o anime foi de todo ruim, mas acredito que as coisas no final poderiam ter sido um pouco mais trabalhadas para que ficasse um pouco mais palatável, pois do jeito que foram só conseguiu deixar um leve gosto de decepção.

6.5/10

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