Devido à quantidade insana de animes que é lançada todos os anos, se a gente fosse tentar montar uma lista com os piores que assistimos nesta década, ela não acabaria mais. Então, em vez disso, resolvemos fazer um Top 10 com os animes que mais nos decepcionaram, ou seja, obras que realmente esperávamos alguma coisa e que no final não entregaram aquilo que prometeram. Segue abaixo a lista organizada em ordem alfabética:
Aldnoah.Zero (2014-2015) [Mari]
Em um passado recente, eu não me lembro de ter sofrido uma traição tão grande quanto a de Aldnoah.Zero. Quem acompanha o Rukh no Teikoku desde os seus primórdios deve recordar que o Aoki Ei é um dos meus diretores preferidos, principalmente em obras de ação, e que também sou fã do Urobuchi Gen. Os dois trabalharam juntos na adaptação de Fate/Zero, que tem um lugar muito especial no meu coração, e por isso eu fiquei com as minhas expectativas lá em cima quando esse novo trabalho foi anunciado. Embora estivesse longe de ser uma obra-prima, eu gostei bastante da primeira temporada. A animação era bonita, a trilha sonora era fenomenal e o cliffhanger que colocaram no último episódio quase me fez arrancar os meus cabelos. O roteiro tinha uns probleminhas aqui e ali, mas nada que parecesse um insulto à minha inteligência… até que a segunda temporada aconteceu. Ao que parece, o Urobuchi não teve envolvimento com a continuação e o roteiro despirocou de um jeito que até vento no espaço os caras conseguiram inventar. Os personagens que eu tinha gostado inicialmente começaram a me irritar. Quanto mais eu assistia, pior ficava. Se eu pudesse voltar no tempo, diria pra eu de 2015 que seria melhor morrer sem saber o que aconteceria depois.
Babylon (2019) [Lucy]
Eu não sei nem por onde começar, nem tenho espaço aqui pra falar tudo que deu errado nesse anime. Veja bem, o primeiro arco é até bom! Creio que o segundo episódio, com o interrogatório da Magase pelo Seizaki, seja o ponto alto da série. Pena que a partir daí descarrilou tudo.
A questão é que Babylon tenta ser super adultão e profundo, mas certos fatores da história são completamente inacreditáveis. Não é possível você tentar fazer um anime policial e psicológico para logo depois jogar o senso comum pela janela, apelando constantemente ao shock value. Isso sem contar que lá pelo último arco, o foco muda para uma discussão filosófica entre políticos sobre o direito ao suicídio, que é conduzido de maneira maçante e grita “veja como nossa história é intelectual!”.
Vale mencionar também o quão descaradamente machista o anime é. A vilã é uma representação da Meretriz da Babilônia (claro que tinha que ter uma referência bíblica para ficar tudo mais intelectual ainda). Até aí tudo bem, mas a questão é que ela não tem personalidade, motivação, ou função nenhuma além de perturbar o Seizaki e fazer homens se matarem por meio da sedução. E ainda tem como piorar! Além dela, só existem outras duas personagens femininas na série. Uma aparece por dois minutos a cada três episódios e a outra é assassinada depois de uns três ou quatro episódios. Empolgante.
Eu ainda conseguiria reclamar de mais coisa, mas creio que mesmo resumindo tudo, essa ainda deve ser a maior crítica desse ranking. Logo, concluo: o maior (de)mérito de Babylon não é ser a somente a maior decepção, mas também provavelmente o pior anime que vi dessa década.
Charlotte (2015) [Mari]
Um tiro na cara teria doído menos.
Quando eu vi o chart da temporada de verão de 2015 pela primeira vez, eu não tinha realmente me interessado por Charlotte. Me parecia mais do mesmo, sabe? Adolescentes + superpoderes + contexto escolar. Quantas obras desse tipo eu já assisti ao longo da minha vida? (R: Muitas). Então eu simplesmente resolvi deixar pra lá. Porém, conforme as semanas passavam, mais o hype do pessoal parecia aumentar com o anime, até que uma amiga me disse que eu deveria dar uma chance, pois eu poderia gostar. Como eu não tinha nada melhor pra fazer (férias e tal), fui assistir. Para a minha surpresa, eu gostei dos primeiros episódios. Os personagens eram divertidos, o anime era de um estúdio que eu curtia e o meu sonho é que o Maeda Jun fosse um escritor tão bom quanto ele é como compositor. Só que aí… o fatídico episódio aconteceu. Eu nem me lembro mais o número exato, mas basicamente o protagonista tirou um poder do c* pra ressuscitar a irmã dele voltando no tempo e todo o desenvolvimento que havia acontecido até ali é jogado pela janela. O que antes era um veículo com um motorista levemente embriagado virou um carro desgovernado a 200km/h numa pista esburacada e em chamas. O roteiro morreu ali mesmo e resolvemos acreditar que todo o resto não passou de uma alucinação coletiva. Por mim, pegava a Sara, dava um anime só pra ela e fingia que o resto nunca existiu. Pelo menos é assim que eu lembro de Charlotte hoje.
Enen no Shouboutai (2019) [Mari]
Como eu havia dito nas minhas impressões finais da obra:
“Muita gente falava mal de Enen no Shouboutai e eu não entendia por quê, já que eu tinha gostado dos dois primeiros episódios e inclusive falei bem da adaptação nas minhas primeiras impressões da temporada de verão. Bem, eu não retiro o que eu disse sobre a parte técnica do anime, que do começo ao fim nos presenteou com belíssimas cenas de ação e uma excelente trilha sonora, mas é uma pena que a história de fato não faça jus ao trabalho despendido pela equipe.
A crítica mais óbvia feita a Enen no Shouboutai é o uso recorrente e desnecessário de fanservice, inclusive tendo uma personagem cuja única função na história é ser despida (Tamaki). Ainda que o estúdio tenha diminuído a quantidade de cenas com esse teor em relação ao mangá, elas não deixam de ser extremamente desagradáveis. Me irrita que o Atsushi Ookubo insista em fazer uso desse recurso quando ele claramente sabe como escrever uma personagem feminina legal a exemplo da Maki. De qualquer forma, se ignorarmos essa falha gritante da obra, ela até que traz discussões interessantes sobre a religião e o seu papel na sociedade – o problema é que o autor enrola muito pra desenvolver qualquer coisa, sempre repetindo informações que já sabíamos, mostrando a fragilidade da construção de sua narrativa, que acaba por ser carregada pelo carisma de seus personagens e, no caso do anime, pelo visual da adaptação.”
É um exemplo clássico de obra que nem a melhor adaptação conseguiria salvar um roteiro que não se sustenta. Eu terminei a S1 sem a menor vontade de me aventurar na continuação.
Hanebado! (2018) [Lucy]
Hanebado! é uma das melhores definições de “decepção” que consigo encontrar nessa indústria. Me prometeram um anime de esportes sobre um time feminino, com uma protagonista que, apesar de seus problemas pessoais, iria reencontrar sua paixão por badminton ao lado de suas novas companheiras.
O que eu recebi foi um episódio em animação do Casos de Família.
Não me leve a mal, eu gosto bastante do conceito da Ayano. Achei interessante a relação entre ela e o esporte, as possibilidades de como poderiam lidar com o trauma dela e colocá-la no caminho para a cura e libertação pessoal eram várias. O problema é que o caminho que construíram tem calçamento de paralelepípedo e o anime é um fusca engasgando. É executado de maneira terrível, e apesar dela ser a protagonista, eu não esperava um foco tão pesado nas questões familiares dela.
O resto do time, até mesmo a menina que eu achei que seria a deuteragonista, mal aparece ao longo dos episódios. As rivais que vemos também são pouco desenvolvidas, sendo que uma delas só serve pra alimentar ainda mais o drama novelesco. Novamente, não me leve a mal, drama pode ser cativante… quando não se pesa a mão. No caso desse anime, só serviu pra me deixar morrendo de sono, assistir os episódios em velocidade duplicada, e ter que voltar vários minutos porque me distraí de tão chato que estava.
Nossa, como eu queria que a Nagisa fosse a protagonista de Hanebado!. Talvez assim eu teria conseguido assistir até o final.
Ikebukuro West Gate Park (2020) [Lucy]
“Mas pera aí, como você vai falar de um anime que ainda nem acabou?” Sei que pode parecer apressado, mas afirmo tranquilamente que depois dos sete episódios exibidos até o lançamento desta postagem, não tem reta final que consiga redimir esse anime comigo. Como falei lá na postagem de primeiras impressões, ao terminar o primeiro episódio, parecia que a história ainda não tinha começado.
Já se passaram dois meses desde então, e a história ainda não começou.
Vou elaborar um pouco mais sobre isso mês que vem, mas apesar de não ter altas expectativas sobre IWGP, esperava pelo menos um enredo — e mesmo sem tê-lo, ainda conseguiu ter uma reviravolta completamente imprevisível! Não de uma boa maneira, porque literalmente nada apontava que esse desenvolvimento poderia acontecer. O anime é totalmente perdido em si mesmo. Os seis episódios que temos adiante são uma completa incógnita (novamente, isso poderia ser um elogio, mas não é o caso). No final das contas, não dá nem pra dizer que é “tão ruim que chega a ser bom”. É só dolorosamente medíocre.
Owari no Seraph (2015) [Lucy]
Eu juro que eu queria gostar de Owari no Seraph. O visual é legal, o conceito parece um daqueles shounen pão-com-ovo bem gostosinho: simples mas agradável e cativante.
Porém… nada no anime quis contribuir para isso. A história não é muito fã de desenvolvimentos, ficando arrastada em vários momentos, e os protagonistas têm o carisma de uma fatia de pão de forma farelenta. Os secundários até são ligeiramente mais interessantes, mas se considerar que a barra está no chão, não é um grande feito. Eu não consegui me importar com o enredo, nem com os personagens, logo, que motivo mais eu teria pra continuar seguindo com a história?
Claro, não dá pra negar que Owari no Seraph foi um sucesso e que tem fãs dedicados até hoje. Mas também é fato que tem muita coisa que poderia ser melhorada.
The God of High School (2020) [Mari]
Eu fiquei genuinamente surpresa com o fato de The God of High School estar com uma média de 7.1 no MyAnimeList (ainda que a base de usuários do site não seja parâmetro pra muita coisa). Assim como Tokyo Ghoul, que discutirei abaixo, The God of High School é um exemplo de como NÃO fazer uma adaptação. Não há sakuga que salve um anime que tente encaixar o conteúdo de 200 capítulos em 13 episódios. Acho muito difícil alguém que não leu o material original ter sequer ideia do que está acontecendo na maior parte do tempo. É um infodump atrás do outro, um monte de personagens que não possuem espaço para serem desenvolvidos, uns plot twists que não fazem sentido… Como diria o RebelPanda, que resenhou a obra no MAL:
“Não assista a esse anime. Em vez disso, vá para sua cozinha, coloque um dubstep pra tocar e comece a bater potes e panelas. Em seguida, feche os olhos e imagine o anime de luta mais genérico possível. Muito bem. Você criou uma experiência quase tão horrível quanto The God of High School.”
Tokyo Ghoul √A (2014-2018) [Mari]
Uma sucessão de escolhas erradas. Isso resume a adaptação de Tokyo Ghoul. Embora a primeira temporada não tenha sido brilhante, ela pelo menos fez o mínimo que se esperava, ao contrário de Tokyo Ghoul √A, que basicamente inventou uma história nova ao cortar grande parte das cenas que envolviam a Touka e ao matar um personagem que nunca morreu no mangá e que voltaria a aparecer em Tokyo Ghoul:re, gerando uma óbvia desconexão entre as temporadas da franquia. As duas últimas, aliás, sofreram do mesmo mal de The God of High School, onde tentaram colocar coisas demais em episódios de menos, deixando o espectador totalmente confuso. A adaptação de Tokyo Ghoul é um insulto ao Ishida Sui e aos fãs que acompanhavam o seu trabalho.
Yesterday wo Utatte (2020) [Mari]
Apesar da competição acirrada por este posto, Yesterday wo Utatte com certeza leva o primeiro lugar na lista de decepções de 2020, pelo menos pra mim. Nada grita mais “potencial desperdiçado” do que essa obra, que tinha tudo para ser uma das melhores do ano, com uma excelente equipe técnica por trás e personagens interessantes, mas que infelizmente não foram desenvolvidos da forma que se esperava. Enquanto durante o anime inteiro a história progride a passos de tartaruga, o último episódio corre a São Silvestre. É como se os endgames estivessem decididos desde o começo, mas nada é desenrolado de forma satisfatória para se chegar até lá. O final é basicamente um “f*da-se tudo que aconteceu até aqui, esses vão ser os casais e pronto”. Me senti dentro de um carro que estava indo até o destino A, mas assim que ficamos a 100m da chegada, me jogaram pela janela, fizeram um retorno proibido e partiram na contra-mão pro destino B na velocidade de uma máquina de F1.
Aquele textão nada a ver comigo tentando comentar um tico de cada um que vocês falaram:
Eu ouvi falar que Aldnoah é um desastre, mas ainda é um desastre que eu quero experimentar, por algum motivo SKADOASKD Um dia chego lá!
Babylon é aquela coisa que eu assisti com interrogações voando ao redor da minha cabeça e tô até hoje assim, não sei o que pensar, mas pelo menos eu aproveitava a direção e algumas cenas específicas. Ai Magase é uma personagem que ao mesmo tempo que me interessa naquela ideia de ser o mal encarnado, também me deixa meio desconfortável pelos motivos que Lucy falou.
Lembro de Charlotte como… na verdade, eu não lembro de Charlotte. Na época que saiu, me diverti muito assistindo, curtia os personagens, comentava com o pessoal. Mas acabou que quase nada do anime ficou comigo, os personagens que eu achava divertidos na hora depois só pareceram super irrelevantes. O que mais me marcou foram coisas mais pessoais pra mim como os dois/três irmãos (todo o lance da irmãzinha lá) e umas coisinhas com o irmão mais velho.
O anime dos bombeiros é desses que eu perdi completamente o interesse depois que o pessoal comentou os primeiros episódios… tenho vontade de assistir, sei lá, um ou dois episódios só pra ver como é a animação que tanto falam, mas não penso muito em ver inteiro.
Fico triste de ouvir isso de Hanebado, imaginei que tinha sido meio decepcionante pra maioria das pessoas porque não vi muita gente falar sobre, mas ainda estava bem determinada a continuar e terminar (ainda estou, na verdade, mesmo que seja só a título de curiosidade).
Do resto não posso comentar nada porque também não tinha grandes expectativas e nem cheguei a assistir, mas ri bem aqui:
“Me senti dentro de um carro que estava indo até o destino A, mas assim que ficamos a 100m da chegada, me jogaram pela janela, fizeram um retorno proibido e partiram na contra-mão pro destino B na velocidade de uma máquina de F1.”
CurtirCurtir
Adorei que Tokyo Ghoul tá nessa lista também!! haha. Realmente, o anime não faz jus ao mangá, seja por causa da animação ou pelo o que fizeram com a história.
CurtirCurtir