Impressões finais: temporada de outono (2022)

Para encerrar o vitorioso ano de 2022, aqui estão as nossas impressões finais da temporada de outono. Esperamos que 2023 seja tão bom quanto o seu antecessor! Nesta postagem vocês poderão conferir nossas opiniões sobre Bocchi the Rock!, Chainsaw Man, Do It Yourself!!, Koukyuu no Karasu, Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury e Mushikaburi-hime.

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Bocchi the Rock! [Mari]

Talvez eu pareça emocionada demais ao afirmar isso, mas é com tranquilidade que digo o seguinte: Bocchi the Rock! é uma das produções mais criativas que eu assisti nos últimos tempos. Embora o ponto de partida da narrativa não seja nada de revolucionário – Gotoh Hitori é uma menina introvertida que sofre com um nível severo de fobia social e tenta através da música sair do seu casulo e mudar a sua vida –, o desenrolar de cada acontecimento e a abordagem nada convencional que a equipe decidiu seguir para demonstrar a agitação, os desejos, as confusões, as incertezas e os medos da protagonista se sobressaíam em relação ao que estávamos acostumados a ver. A animação de Bocchi the Rock! tem momentos completamente malucos – os quais não vou descrever, pois quero que quem ainda não assistiu ao anime se surpreenda com eles –, mas é em meio a essas peculiaridades que a história de Gotoh Hitori floresce.

Não há milagres em Bocchi the Rock!. Hitori toma a decisão de aprender a tocar guitarra com o sonho de um dia conquistar amizades e formar uma banda. Ela passa a maior parte de seus dias aperfeiçoando as suas habilidades e acaba por se tornar uma excelente guitarrista. Ela publica vídeos na internet tocando as canções populares do momento e rapidamente atrai milhares de visualizações. Todos reconhecem o talento dela, mas isso não faz com que Hitori magicamente desenvolva habilidades sociais e supere suas dificuldades para estabelecer laços. Ainda assim, um encontro com a pessoa certa a leva para encarar um palco pela primeira vez e, a partir desta experiência, Bocchi-chan passa a caminhar lentamente em direção do seu sonho.

A beleza de Bocchi the Rock! está nos esforços conjuntos das quatro garotas que formam a Kessoku Band. Elas são completamente diferentes entre si e nem sempre estão na mesma página, mas elas fazem de tudo para ajudarem umas as outras e buscam o entendimento mútuo. A cada pequena vitória a nossa vontade de torcer pelo sucesso delas só aumenta. Em uma indústria tomada por álbuns comerciais que tanto querem vender mesmo tendo pouquíssimo a dizer, a Kessoku Band é uma dose de ar fresco. Novamente, Bocchi the Rock! não é revolucionário, mas ele é único e tem orgulho disso, e é justamente isso que faz desse anime algo tão especial.

Afinal, nas palavras da própria Ryou, “abandonar o que te torna único é equivalente a morrer”.

10/10

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Chainsaw Man [Ana]

Não é surpresa pra ninguém que Chainsaw Man se tornaria o anime mais assistido da temporada, sendo este um dos mais aguardados do ano. Mas obviamente quando se tem tanta expectativa, por mais que tenhamos recebido uma adaptação até que boa, sabemos que o estúdio tinha o potencial de ter entregado algo melhor.

Acredito que as pessoas que não são tão apegadas à obra original ou não ficaram por dentro das declarações e escolhas por parte do diretor em fazer algo “mais parecido com um filme do que com um anime” talvez até tenham tido uma experiência mais satisfatória. No entanto, creio que a insatisfação por parte de outros a ponto de fazer uma petição pedindo um remake do anime com outro diretor seja um exagero. Embora de fato acredite que querer transformar Chainsaw Man em algo mais sério, diminuindo os momentos de comédia, não faz sentido nenhum, sendo que as ambições do protagonista se resumem a aproveitar as necessidades básicas da vida e apertar uns peitos.

Dito isso, em minha opinião particular, senti uma mudança de ritmo na adaptação, dos episódios iniciais para os que vieram depois, grande parte do que eu havia gostado da animação no primeiro episódio não se mantém muito e as cenas de ação poderiam ter sido melhor animadas. Mas sem levar muito isso em consideração, consegui ter uma boa experiência. Acredito que a melhor parte dela foi não apenas conhecer e ver o desenvolvimento dos personagens, como começar a ver a verdadeira face de alguns.

Nesses arcos adaptados acredito que ponto principal e que mais me toca é o desfecho da Himeno, uma personagem que mal havia tido tempo de tela o suficiente para que a gente se apegasse, mas que por todo o significado que ela tinha para o Aki é uma perda que realmente bate. A interação do Aki com o Denji e a Power também é engraçada, já que o típico introvertido com dois sequelados da cabeça. Em contrapartida, tem uma certa personagem (que não direi aqui por medo do cancelamento) que eu não consigo entender ser tão querida pelo público. Sempre fico me perguntando se foi porque eu não li todo o mangá ou se eu perdi alguma coisa. De qualquer forma, com o encerramento do arco por último adaptado, quero muito continuar acompanhando e ver não apenas maiores desenvolvimentos dos personagens principais, mas também como as coisas vão prosseguir com os novos personagens e sem aqueles que se foram. Sei que teremos grandes reviravoltas, e talvez só tenhamos visto a ponta do iceberg até aqui.

Como já comentei sobre a animação em si, tenho alguns pontos positivos de outros aspectos técnicos a ressaltar. Embora eu não seja uma pessoa muito ligada nos encerramentos dos episódios, gostei de termos um para cada episódio, contando inclusive com TK do Ling tosite sigure e Aimer. Sobre a escolha dos dubladores, reitero o que eu disse nas minhas primeiras impressões, acredito que as escolhas foram muito boas com exceção da Makima, embora eu tenha conseguido ir relevando-a um pouco com o passar dos episódios, mas pelo o que vem por aí quero muito saber como não só os dubladores, mas toda a equipe irá se sair. Apesar dos pesares, estou bastante animada para a continuação da adaptação.

8.0/10

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Do It Yourself!! [Lucy]

“É inovador e revolucionário? Não. Mas, durante aquela meia hora, cria ali pra você um lugar tão aconchegante, tão reconfortante, tão capaz de reconstruir a sua fé na humanidade que não tem preço.” — Isabela Boscov

Gente, aconteceu. O anime de hobby me influenciou a começar o hobby.

Bem, não é exatamente o mesmo hobby que as garotas fazem — não confiaria em mim mesma para segurar uma furadeira nem daqui a trinta anos — mas pelo menos está na mesma família do artesanato. Enquanto as meninas de Do It Yourself!! construiam sua sonhada casa na árvore, eu as assistia lutando com um novelo de lã e uma agulha de crochê. Ao contrário das iniciantes entre elas, não peguei o jeito tão rápido, mas pelo menos a empolgação delas é um bom incentivo para continuar tentando.

Acho que esse “feito” do anime é suficiente para atestar sua qualidade no que se propõe a fazer. O charme que eu mencionei lá nas primeiras impressões tornou-se marca registrada da obra, e é difícil não se afeiçoar por ele. O Pine Jam acertou em cheio! Não só na animação, mas considerando que essa é uma série original, a execução do conceito ficou bem agradável. O conflito “tradição x modernidade” se estabeleceu como parte central do anime, mas ao longo dos episódios se apresentou bem mais equilibrado. Não pende exatamente para um lado, preferindo a incorporação dos dois (como por exemplo, a personagem que usa aplicativos modernos para auxiliar nas tarefas artesanais). Também foi interessante o foco num projeto maior na segunda metade do anime, invés de optar por um rumo mais episódico. Foi uma boa maneira de desenvolver a relação entre as personagens e ressaltar o empenho que certas ideias exigem para serem colocadas em prática.

Inclusive, há uma quantidade surpreendente de desenvolvimento para as duas protagonistas. Enquanto a princípio eu as achava o ponto fraco do anime por serem meio irritantes, agora já acabei me apegando às duas… Mas é claro que não dá pra ser tudo perfeito. As demais participantes do clube acabam ficando meio “de lado” para que isso acontecesse, o que é uma pena, porque acho todas elas muito divertidas e queria mais delas. É um elenco do qual vou sentir falta.

Vou sentir falta da obra como um todo, na verdade. Para quem é fã de animes relaxantes e/ou de meninas praticando hobbies, esse aqui é obrigatório!

7.5/10

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Koukyuu no Karasu [Mari]

Quando eu assisti ao primeiro episódio de Koukyuu no Karasu eu imaginei que a obra focaria nas conspirações políticas que existem entre a dinastia do atual imperador, Koushun, e os possíveis remanescentes da dinastia derrotada, que incluíam Jousetsu, a Raven Consort. Dito isso, apesar de lidar com algumas questões dentro do Palácio Imperial, muito pouco se falou sobre questões políticas. Nós fomos apresentados à realidade e ao background dos dois personagens principais e descobrimos que eles compartilhavam traumas, como a perda de suas mães; ambos também são encarnações dos lendários Rei do Verão e o Rei do Inverno, e estavam conectados pelo destino desde o princípio. Tal destino os colocava como rivais, mas Koushun e Jousetsu escolheram desafiá-lo, e tornaram-se amigos – o primeiro amigo um do outro, diga-se de passagem.

Koukyuu no Karasu mostra o dia a dia de uma garota solitária que foi, de certa forma, amaldiçoada por um poder pelo qual ela nunca pediu. Jousetsu usa o seu poder para desvendar mistérios e ajudar aqueles que clamam por uma luz, mas, ao final do dia, ela era a única que não possuía salvação – ou pelo menos era nisso que nos levaram a acreditar. O encontro e a fortificação do laço entre o Imperador e a Raven Consort podem acabar mudando não só o futuro de Jousetsu, como também o do mundo. A gente não sabe o que vai acontecer com a garota de apenas dezesseis anos que carrega um peso gigantesco nas costas, porém o que sabemos é que a sua trajetória a partir do início do anime foi completamente diferente do que ocorreu com suas antecessoras, e isso nos dá um pinguinho de esperança para que Jousetsu sobreviva e, quem sabe, quebre a maldição que, depois da sua morte, atormentaria outra pobre garota inocente.

Particularmente eu gostei bastante da ambientação da obra na China Antiga e os elementos de fantasia que foram adicionados para torná-la mais interessante. Devo admitir, no entanto, que fiquei um pouco frustrada com a forma que os últimos episódios se desenrolaram, pois é nítido que eles não queriam dar nenhuma conclusão à narrativa e o objetivo era apenas de convencer o espectador a ir atrás do material original para saber como as coisas de fato terminam. Sabemos que promover o material de origem é um dos principais motivos das adaptações de anime existirem – especialmente se você considerar que o último volume de Koukyuu no Karasu foi lançado em abril de 2022 –, mas eu gostaria que ao menos tivéssemos algum indício do que aconteceria dali pra frente, visto que acho improvável que tenhamos uma segunda temporada.

De qualquer forma, Koukyuu no Karasu é bom naquilo que se propõe a fazer, embora sempre seja possível melhorar. A animação é bonita, mesmo que nitidamente limitada, e a trilha sonora de Tachibana Asami dá um toque muito especial para os momentos emocionantes da obra. Eu gosto dos personagens e adoraria ter uma oportunidade de continuar acompanhando a sua jornada.

8.0/10

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Mobile Suit Gundam: The Witch from Mercury [Lucy]

Meu Deus, estou 100% Gundamizada.

A intenção da produção de G-Witch de trazer novos fãs funcionou muito bem comigo. O foco inicial na vida escolar e depois no lado corporativista da guerra foi uma boa escolha para “suavizar” a escalada dos acontecimentos. Claro que houve momentos um pouco mais puxados para a “realidade cruel” (saudades El4n), mas num geral o tom não chegava a pesar demais, especialmente quando o episódio se centrava nos adolescentes. Inclusive, a equipe da Casa da Terra é muito simpática e trouxe aquele gostinho gostoso de torcer para os azarões. A relação Suletta-Miorine também teve seus momentos de fofura, apesar do desenvolvimento complicado — nenhuma das duas é boa em se comunicar ou se expressar, e acabam afetando uma à outra várias vezes.

Mas a gente sabe que o negócio de Gundam não é reunião de empresário nem terapia de casal, e sim robozão dando tiro com gente sofrendo dentro deles. E eles com certeza cumpriram com isso nessa reta final. O anime para num ponto perfeito de “sem retorno”, deixando ao mesmo tempo o cliffhanger e a certeza de que as coisas não serão mais as mesmas daqui pra frente. Apesar de criticado, o início lento foi perfeito para concentrar o impacto no último episódio. Em particular, me intriga a figura da mãe da Suletta e a relação do prólogo com o resto da série, que agora declaro como fundamental para acompanhar essa primeira temporada.

Aplaudo também o trabalho da equipe de animação, que apesar do relatado sofrimento para cumprir os prazos, entregou ótimas lutas. Agora que entramos de vez na parte física da guerra, com os personagens diretamente imersos nas batalhas, torço para que esses três meses sejam o suficiente para o estúdio Sunrise se organizar direitinho para o próximo cour, que certamente demandará mais ainda dos animadores. Claro que eu posso estar errada sobre isso, tem muitas teorias e especulações circulando sobre o que está por vir… Até o momento, as coisas estão se mostrando bem amarradas, porém falta muito a ser revelado. De resto, vou ficar repassando esse episódio final na minha mente até abril. Odeio dar razão pro meu eu do passado, mas de fato, minhas impressões iniciais realmente envelheceram mal — e ao mesmo tempo, muito bem. É claro que alguma coisa estragaria tudo, só não imaginava que seria assim. Isso deve ser algum rito de passagem para quem começa a assistir Gundam

8.0/10

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Mushikaburi-hime [Ana]

Recentemente a adaptação de obras que são puramente um romance não é tão frequente, com seus erros e acertos, Mushikaburi-hime até chega a ter seu diferencial, embora não seja uma obra tão inovadora assim. O que eu sinto é como se fosse algo datado e que se sairia melhor se tivesse sido adaptado há alguns anos, mas hoje em dia é difícil engolir certos pontos da narrativa que mesmo em uma obra que se passa em um contexto histórico, deveriam ter sido deixados para trás.

Do começo ao fim diversas situações e discursos trazem à tona a rivalidade feminina ou papéis de gênero que não fazem o menor sentido serem abordadas dessa forma nos dias de hoje. Já temos toda a insegurança da Elianna em assumir a posição de princesa e futura esposa do Christopher, acompanhada pela pressão de que o relacionamento precisaria dar certo pelo bem do reino e suas famílias. Além disso, o despertar dos sentimentos românticos da Eli pelo Christopher já são seguidos pelos questionamentos de talvez não ser boa o suficiente para ele por ser apenas uma garota que gosta de livros. Assim, achei um tanto desnecessário ter sempre uma outra mulher interessada no príncipe, ou uma terceira pessoa, levantando essa questão, que se fosse uma única vez já seria ruim, mas daria para relevar.

Além disso, a obra traz vários personagens secundários pelos quais até conseguimos nos afeiçoar, mas a maioria acaba por ser apenas mais um. Inclusive algumas relações poderiam ter sido mais exploradas, como a da mãe do Christopher com a Eli. No fim, Mushikaburi-hime tem uma mensagem interessante, que por mais que você tenha gostos não convencionais (embora seja apenas livros, para uma mulher da época deveria ser), ou não aja da forma que a maioria das pessoas espera, seus sentimentos não devem ser invalidados. Elianna sempre tentou resolver as coisas seguindo suas convicções e com bondade, mesmo com suas inseguranças. Ainda que a execução não tenha sido das melhores, sabemos que Christopher sempre teve sentimentos amorosos por ela, então foi bonitinho ver como no final aceitaram de fato se casar, agora que Elianna tem certeza que também ama o príncipe (tanto quanto livros, haha).

A estética do anime em si também foi bastante agradável com um character design bonito e uma boa animação, embora não pareça demonstrar todo o potencial da Madhouse, ainda que para o que a obra se propõe até que foi o suficiente. Por fim, Mushikaburi-hime foi uma experiência mediana, mas que poderia ter sido melhor.

6.0/10

 

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