Primeiras impressões: temporada de primavera (2023)

A temporada de primavera de 2023 mal começou, mas já está conquistando corações mundo afora! Tivemos algumas ótimas estreias que, se mantiverem a mesma qualidade no decorrer dos próximos três meses, certamente concorrerão ao prêmio de anime do ano lá em dezembro. Nesta postagem vocês poderão conferir as nossas primeiras impressões de Ao no Orchestra, Edomae Elf, Jigokuraku, Kimi wa Houkago Insomnia, Oshi no Ko, Otonari ni Ginga, Skip to Loafer, Watashi no Yuri wa Oshigoto desu! e Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru.

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Ao no Orchestra [Ana]

As coisas já parecem começar com o pé esquerdo aqui, pois a adaptação nem ao menos foi licenciada para a transmissão em simulcast com legendas em inglês ou português. Obviamente quando a obra é boa acabamos por relevar, apesar dos dias de atraso para conseguir assistir ao episódio. Mas aqui, quando finalmente pude assistir, dei uma desanimada.

Primeiro porque acho preocupante o estúdio Nippon Animation assumir mais uma adaptação de 24 episódios depois do desastre que foi Love All Play. Por mais que se tenha uma equipe boa, como comentado na postagem de apostas, já achei a animação fraquinha nesse primeiro episódio, por exemplo com cenas estáticas quando as pessoas estão tocando, e espero muito que não seja assim o anime todo. Segundo porque a obra me lembra muito Shigatsu wa Kimi no Uso em alguns aspectos, e eu realmente não quero fazer comparações injustas com apenas um episódio, mas o mínimo que eu consigo sentir é um pouco de falta de originalidade. De qualquer forma, eu estou muito aberta para que os próximos episódios me convençam do contrário.

Nesse início conhecemos o protagonista Aono, que é um jovem violinista, um prodígio desde criança, o qual teve bastante influência do seu pai, um violinista renomado. No entanto, após o divórcio dos seus pais, e a consequente saída do pai de casa, ele jurou não tocar mais. No anime fica todo um mistério do que realmente aconteceu e por que Aono não gosta nem de ter a porta do que parece ser um estúdio aberta. Ao entrar no ensino médio, Aono se sente sem direção, não é bom com esportes, tanto que é constantemente acertado com uma bola no rosto, e ao ir para a enfermaria em uma dessas ocasiões, se depara com Akine tocando violino, acreditando estar sozinha. Os dois claramente não se dão bem nesse primeiro encontro, e o fato de ela ainda não ter grandes habilidades com o instrumento é algo que irrita Aono. Além disso, dá pra perceber ali que as personalidades de ambos se chocam, mas o professor deles tem a brilhante ideia de propor que Aono ensine Akine a tocar violino, já que o sonho dela é fazer parte de uma orquestra na escola, e Aono teria todo o conhecimento para ensiná-la. O professor a esse ponto é o único que reconhece que ambos têm aspectos a serem trabalhados, e que uma possível amizade entre os dois seria benéfica. A partir daí a gente meio que conhece a fórmula “a garota vai ajudá-lo a redescobrir a sua paixão pela música”, ao menos nesse caso não parece que a existência de Akine se resumirá a isso e sim que ela também tem mais do que só tocar um instrumento a oferecer.

Eu realmente não acho que Ao no Orchestra possa resultar em algo ruim no quesito história (já em termos de animação tenho minhas dúvidas), até porque o mangá da obra ganhou o 68º Shogakukan Manga Awards na categoria shounen, junto com Yofukashi no Uta. No entanto, por gostar muito de animes que envolvem música, apenas fico um pouco decepcionada por parecer não trazer algo tão inovador. Não sei se poderei ser surpreendida, mas espero muito que Ao no Orchestra me traga boas emoções, assim como outras obras do gênero já me trouxeram. Me resta acompanhar mais episódios e ver onde vai dar.

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Edomae Elf [Mari]

Eu não sabia que eu precisava conhecer uma elfa otaku até Edomae Elf me apresentar à Elda. Agora eu quero comer salgadinho e fazer uma maratona de videogames com ela. Pena que a Koito, miko responsável por cuidar da Elda, provavelmente não me deixaria entrar no templo… Mas tudo bem, pois Edomae Elf teve uma das estreias mais divertidas da temporada e, para mim, isso basta.

Eu não sei o que estava passando na cabeça do Higuchi Akihiro quando ele resolveu criar o conceito de uma elfa que seria invocada para se tornar uma deusa e olhar pelos japoneses, mas que na verdade não passaria de uma hikikomori com orelhas compridas viciada em Red Bull. Dito isso, o miserável é um gênio. Edomae Elf é uma obra que, apesar de estar cheia de referências, não deixa de ser original. Tanto a Elda quanto a Koito são protagonistas carismáticas cujas interações sempre acabam por arrancar um sorriso ou uma gargalhada do espectador. Eu ainda não sei dizer que papel os outros personagens irão desempenhar na história, especialmente a melhor amiga e a irmã mais nova da Koito, mas acredito que a tendência seja a de criar ainda mais confusão, coisa que eu adoro!

Para além da comédia, Edomae Elf também possui alguns momentos mais sérios. Quando Koito pensa na condição da Elda como alguém que viveu centenas de anos e que inevitavelmente viu muitas pessoas queridas morrerem, ela começa a entender um pouco o possível motivo por trás da reclusão da elfa. Eu acho que seria interessante explorar a ideia de como a vida é efêmera e que, apesar disso, Elda não deveria deixar de aproveitar tudo o que ela tem a oferecer. Koito parece ter uma opinião semelhante a minha, então estou curiosa para descobrir como ela tirará Elda de seu casulo e como o relacionamento das duas se desenvolverá daqui pra frente.

Em termos técnicos, Edomae Elf é competente. A direção parece ter acertado o timing das piadas e o visual, desde o character design até os cenários e à animação em si, é bonito. Minha única reclamação é que em alguns momentos parecia que havia um filtro meio esquisito sobre a tela, uma espécie de desfoque que me passava a sensação de estar assistindo ao episódio sem óculos. Não sei se foi algum problema do meu player ou se era para ser assim mesmo, mas espero me acostumar caso seja algo permanente. Desde que assisti a Majo no Tabitabi, minhas expectativas em relação ao estúdio C2C aumentaram, por isso torço para que a equipe responsável por Edomae Elf consiga manter esse padrão de qualidade até o final.

Por fim, tenho um questionamento: será que eu serei muito julgada se eu disser que Elda e Koito fazem um belo casal?

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Jigokuraku [Lucy]

Eu não esperava aprender sobre tantos métodos de execução durante meu almoço.

Felizmente, para o bem da minha digestão, o gore não foi tão forte quanto você esperaria após ler uma frase dessas. Tinha coisas mais bonitas chamando minha atenção — como esperado do infame estúdio MAPPA, os visuais são o ponto alto do episódio, que também foi bem dirigido! Chamo a atenção para a arte dos cenários, com o destaque indo para a ilha paradisíaca-infernal onde se encontra o elixir da vida. Os detalhes ficaram fantásticos, só me pergunto quanto tempo levou para fazerem esse episódio.

Sobre o enredo em si, já não tenho tantos comentários. Fomos apresentados apenas ao básico do básico, visto que o episódio foi fortemente centrado em expor as origens, as motivações e as capacidades do protagonista. Só nos minutos finais que a coisa começou a acelerar um pouco, apresentando o real objetivo do enredo; logo, é só a partir do próximo episódio que teremos de fato o início da história. Então, me encontro ainda sem uma opinião muito firme… mas o que já foi explicado e prometido me agradou bem!

Gostei das motivações do rapaz, sou fraca por romance e é raro ver um protagonista de shounen já casado (viva!, mais wifeguy representation). Logo, quero ver mais dele e da esposa no futuro — claro, esperando que ela esteja viva mesmo. Inclusive, consegui ser “enganada” pela reviravolta do inconsciente do Gabimaru, acreditei que era mesmo imortal. Também adorei o jeito da Sagiri (que, citando tudo o que a Mari tem dito nos últimos dias, é de fato linda), e quero ver mais dela em ação. Me interessei pelo conflito mental dela, o contraste entre o trabalho e os sentimentos dela. Quero saber para que lado levarão isso — se ela superará o medo, ou se aceitará ele, mesmo que isso a torne uma profissional pior.

Tenho altas expectativas para Jigokuraku, afinal, o mangá tem fama e aclamação. Não acho que será um típico battle royale, visto que a intenção não é sobrevivência, e sim encontrar um determinado item. Ao mesmo tempo… acho que será melhor se eu não me apegar a ninguém além do Gabimaru e da Sagiri, só por precaução, sabe?

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Kimi wa Houkago Insomnia [Lucy]

Admito, foi fofo.

Demorei um pouco para formar minha opinião, porque o episódio tem um ritmo bem… curioso. Ele começa chatinho, vai melhorando, mas só engatou mesmo lá na última parte, onde os protagonistas vão num passeio noturno secreto — as cenas dessa escapada pela cidade foram amplamente melhores que os momentos deles na escola. Por outro lado, considerando que leva cerca de dez minutos — três cenas — desde o momento em que eles se conhecem até esse ponto, fiquei com a sensação de que as coisas evoluíram muito rápido. Ou seja, o episódio demorou a ficar bom, mas o que melhorou ele pareceu muito súbito dentro da história! Esperava um desenvolvimento mais gradual, mas estou torcendo pelo romance mesmo assim. O casal tem uma boa química, e por mais que isso seja quase brega, achei bonitinho que a presença do outro é o que consegue relaxar os personagens o suficiente a ponto de caírem no sono.

Inclusive, entendo demais os protagonistas porque dou uma preocupação quase descabida ao meu sono. Se não durmo direito, fico tão ruim quanto o Nakami; não consigo imaginar o quão insuportável eu ficaria se sofresse regularmente com insônia. Ao mesmo tempo, ouvindo ele se lamentando, lembrei um pouco das impressões iniciais que a Mari teve com Yofukashi no Uta — sim, coitado, insônia é horrível, mas calma, colega. Não é o fim do mundo, você pode se tratar sem dificuldades, é só procurar um médico…

… Mas ele não quer, porque tem medo de ser julgado e visto como “problemático”. Igualmente, Magari não quer preocupar os outros devido ao próprio histórico médico, então também mantém segredo. Tem uma discussão interessante no fundo da história: ambos os protagonistas escondem o problema de saúde por medo da reação de terceiros, e a enfermeira do colégio até chega a conversar um pouco com o rapaz sobre isso, destacando que problemas de sono são muito comuns no Japão; ou seja, não há necessidade de agir assim. Entretanto, me pergunto se essa discussão será de fato levada adiante, porque no final das contas, o que une o casal são essas tentativas de lidar com o período sem dormir. Não estou esperando um grande debate sobre os efeitos da saúde física na mente (e vice-versa), mas já que levantaram essa bola, seria legal mantê-la no ar, né?

Essa é a única expectativa que estou nutrindo além do que já foi divulgado em sinopses e trailers. As sementes do romance colegial bonitinho já foram plantadas, e o trabalho do estúdio LIDENFILMS parece estar melhorando com cada obra deles que vejo. Ajuda bastante também que a meu ver, histórias mais realistas e/ou lentas são onde eles se saem melhor, então acredito que a combinação dará certo!

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Oshi no Ko [Ana]

Muito bonito! Saí com depressão, três tipos de TEPT, indo direto para a terapia… Oshi no Ko, você não tinha esse direito! Brincadeiras à parte, eu estou completamente sem palavras (embora tenha me disposto a escrever algo aqui), fazia muito tempo que eu não me sentia tão impactada com uma estreia de anime. Foi como assistir um filme, tanto pela duração, quanto pela qualidade. Será que é muito cedo pra dizer que temos aqui o AOTS? Depois de uma hora e vinte minutos bastante intensos, não sei se conseguirei colocar tudo em palavras, mas vamos lá.

Primeiramente, acho que não tem como negar que essa foi a estreia visualmente mais bonita, desde o design dos personagens, a animação muito bem executada, a atenção aos detalhes, como a estrela nos olhos acendendo e apagando em momentos oportunos… De fato o estúdio Doga Kobo mostrou o que tem de melhor.

Em relação a história… Bem, eu não sou uma grande fã de animes de idols, mas quando soube que o foco era um tanto diferente em Oshi no Ko, fiquei interessada e assim que de fato vi do que se tratava, fui positivamente surpreendida. Achei muito interessante como a obra traz uma crítica a indústria de idols, em que as garotas são vistas como um mero produto, e que a protagonista precisa esconder que foi mãe aos 16 anos para manter a sua carreira. Sem contar todo o assédio vindo dos fãs, majoritariamente homens, que acreditam até ter algum direito em relação a vida das garotas que adoram.

No início do episódio conhecemos Gorou Amemiya, um jovem médico que acabou se tornando um grande fã da idol Ai Hoshino, após o falecimento de uma paciente especial, a Sarina, uma garota extremamente fã da Ai. Tempos depois o destino fez com que, após engravidar, Ai fosse ter uma consulta exatamente com Gorou, no entanto mais para o fim da gravidez um incidente acontece, e Gorou acaba sendo assassinado.

Eis que então precisamos desligar o nosso senso de realidade porque tanto Gorou como Sarina acabam reencarnando como filhos da Ai, agora nomeados Aquamarine e Ruby. Embora eles tenham memórias da vida passada, um não sabe da identidade do outro. Além disso, ambos possuem a mentalidade que tinham quando faleceram, o que dá até mesmo a capacidade de fala para um bebê. Nesse momento o meu cérebro já estava completamente derretido e eu só segui, ao menos rendeu momentos engraçados, como o bebê não querendo mamar no peito dela, porque no fim é um adulto no corpo de um bebê, enquanto a irmã só quer aproveitar ao máximo o carinho da mãe. A partir daí acompanhamos um pouco dos primeiros anos de vida das crianças, que começam a ser consideradas uma espécie de prodígio, sendo iniciadas na atuação. Nesse tempo todo, a esposa do produtor da Ai finge ser a mãe das crianças, mas uma pessoa em específico acaba descobrindo esse segredo, o que muda completamente o destino de Ai. Durante todo o episódio não se sabe quem é o pai das crianças, mas Aquamarine acaba tendo um suspeita após o trágico desfecho da sua mãe. Acredito que ninguém esperava que o final desse episódio seria dessa forma, o que trouxe um grande impacto. Quando nas cenas finais os filhos da Ai aparecem adolescentes, dando início a saga de vingança do Aquamarine pelo que aconteceu com a sua mãe, senti que, apesar de fora do comum terem optado por um episódio de estreia tão longo, encerrou perfeitamente esse prólogo e fez total sentido, pois se ele fosse cortado, as coisas não teriam o mesmo impacto.

Não consigo estar menos ansiosa para o desenrolar da história. Fico curiosa para saber quais são os planos futuros dos irmãos. Já nos foi apresentado alguns dos personagens, como a Kana, uma possível antagonista, que também parecia uma criança prodígio, e eu suponho que pode até ser outra pessoa que também reencarnou. Enfim, com um primeiro episódio tão bom, a régua também fica lá em cima, assim fico curiosa para saber como essa qualidade será mantida até o final.

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Otonari ni Ginga [Ana]

Temos aqui uma agradável estreia de um romance slice of life acompanhando a vida de um jovem mangaká e sua mais nova assistente, que traz consigo uma pitada de fantasia para a história e uma reviravolta na vida do nosso protagonista.

Kuga Ichirou mal saiu do colégio, mas já tem que cuidar sozinho dos seus dois irmãos mais novos, devido ao falecimento de seu pai. Como se já não bastasse o triste background, Ichirou tem um duro trabalho como mangaká de shoujo e no momento precisa lutar para cumprir o prazo de entrega dos seus capítulos, já que acabou ficando sem assistentes. É neste contexto que Goshiki Shiori acaba se tornando sua assistente, e logo de início já percebe-se que além de ser muito competente nas tarefas que executa, demonstra muito empenho em cumprir o seu trabalho, mesmo quando as coisas fogem do controle e precisam virar a noite para terminar uma página que havia ficado esquecida horas antes do fim do prazo.

Até aí tudo bem… Mas nós sabemos que Goshiki não é uma garota comum e sim uma princesa vinda de uma estrela cadente, e é a partir de um mal entendido quando ela estava adormecida após a longa noite de trabalho que Ichirou ao tocar nela tem um vislumbre de uma galáxia, e assim ela revela que devido a uma tradição do lugar de onde vem, agora eles teriam que se casar. Isso definitivamente não era algo que Ichirou esperava, mesmo Goshiki sendo bastante bonita, e após uma breve conversa eles decidem iniciar as coisas como apenas amigos.

O decorrer do episódio foi bastante consistente, conseguimos acompanhar brevemente a dura vida de alguém que vive de mangá e não é exatamente famoso, fazendo tudo a mão e sem muita assistência, fora isso, tivemos e a introdução da Goshiki a essa rotina, os irmãos de Ichirou apresentando o ambiente, tudo acontecendo naturalmente. Além disso, gostei da retratação dos personagens principais, mesmo sendo jovens, demonstram bastante responsabilidade e maturidade. No entanto, eu fiquei tão surpresa quanto o protagonista com a súbita revelação no final do episódio. Acredito que seja exatamente para trazer no espectador o desejo de ver o próximo episódio, ao menos comigo funcionou, mas ainda assim achei o final um tanto corrido em comparação ao restante do episódio.

Eu não conheço outras obras produzidas pelo estúdio Asahi Production, assim como também não tenho muito conhecimento acerca da equipe responsável, mas o diretor Kimura Ryuuichi parece alguém bastante experiente. Posso dizer até então que gostei muito do visual e character design. Além disso, essa é a segunda obra do autor Amagakure Gido a ser adaptada, sendo que a primeira (Amaama to Inazuma) teve uma certa popularidade e boa aceitação do público, embora eu não tenha assistido. Baseado nisso e nesse primeiro episódio, acredito que Otonari no Ginga tenha potencial para ser um anime agradável de se acompanhar. Além do processo de produção de um mangá, fico bastante curiosa para saber como a relação dos protagonistas será desenvolvida.

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Skip to Loafer [Mari]

Skip to Loafer é uma adaptação do mangá homônimo que foi indicado ao Manga Taisho Award de 2020 e também ao 46º Annual Kodansha Manga Awards na categoria de melhor mangá no ano passado. Embora não tenha saído como vencedor, a popularidade de Skip to Loafer tanto entre os fãs quanto entre os críticos de anime e mangá existe por um motivo: Takamatsu Misaki demonstrou ter um enorme domínio sobre o que faz do gênero slice of life algo tão atrativo e ela o executa com perfeição.

À primeira vista, Skip to Loafer não tem nada de muito especial. A protagonista Mitsumi é uma menina ambiciosa do interior que decidiu tentar a vida na cidade grande para conseguir realizar os seus sonhos. Ela é extremamente inteligente e conquista o primeiro lugar no vestibular, porém quando se trata de qualquer outro assunto que não envolva estudos, ela é totalmente desajeitada. Logo no primeiro dia de aula Mitsumi se perde na estação de metrô, recebe a ajuda de um estranho, corre descalça numa tentativa desesperada de chegar à cerimônia de abertura do ano escolar a tempo, esquece o papel do discurso que ela iria fazer na mochila, vomita na roupa caríssima que a professora responsável pela turma dela tinha acabado de comprar, e fica com uma fama péssima entre seus colegas de classe. Qualquer pessoa normal iria querer se enfiar num buraco e nunca mais interagir com outro ser humano na vida depois de todos esses incidentes, mas Mitsumi não deixa se abalar! É esta energia radiante dela que nos faz ter certeza que, apesar de todos os percalços, ela certamente conseguirá realizar seus sonhos – a gente só não sabe quantas vergonhas ela irá colecionar até chegar lá.

O outro personagem principal, Sousuke, é o tal estranho que ajudou Mitsumi quando ela estava perdida no metrô e acaba por se tornar o seu primeiro amigo em Tóquio. Ele é o total oposto da garota, mas não consegue resistir ao seu charme. Nós sabemos muito pouco sobre ele, mas já dá para imaginar que as interações entre dois adolescentes que não tem absolutamente nada em comum serão no mínimo interessantes de se acompanhar. Nem os amigos de Sousuke acreditam que ele foi capaz de correr até a escola para evitar que chegasse muito atrasado – algo que é totalmente impensável para quem o conhece. Eu estou curiosa para descobrir que tipo de pessoa Sousuke é, e como o relacionamento dele com Mitsumi se desenvolverá.

Em relação à parte técnica, Skip to Loafer conta com o estúdio P.A. Works em sua melhor forma, e ainda conta com o retorno da incrível diretora Kotomi Deai às telinhas. Se nada grave acontecer – como a equipe inteira contrair Covid, algo que aconteceu com outros estúdios e adaptações nas temporadas anteriores –, tenho certeza que esta adaptação será um espetáculo visual.

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Watashi no Yuri wa Oshigoto desu! [Lucy]

Esse aqui, pelo menos a princípio, vai depender um pouco do seu nível de tolerância para vergonha alheia. Por exemplo, eu fui a única pessoa da equipe que conseguiu assistir o episódio até o final!

Só não sei se isso diz mais sobre o anime ou sobre mim, porque o pior é que eu nem achei tão ruim assim, sabe? Era o tipo de comédia que eu estava esperando de uma sinopse assim. O exagero nas cenas de atuação são fundamentais, e a Hime é engraçadinha na cara de pau dela. Nada muito hilário, mas ao menos me entreteve o suficiente para querer vê-la quebrando essa cara depois. Mas admito também que não estou entrando totalmente às cegas sobre spoilers — já sei que a raiva da “onee-sama” deve ir além da bagunça que a Hime criou na hierarquia do café, mas acho que só isso já seria o suficiente para justificar essa animosidade. Imagina, você trabalha há um tempão no local e vem uma menina cheia de caprichos e revira tudo, te força a mudar o papel da sua personagem e te joga numa nova história sem planejamento prévio?

(Claro que aí também é culpa da gerente, que só empurrou a menina sem nem explicar mais de duas frases sobre o setting da atuação, ou mais importante ainda, avisar qual é a temática dela.)

Entretanto, pelo que já sei dos próximos capítulos, se o início é marcado pela tolerância ao cringe, talvez o resto da série seja marcado pela tolerância ao dramalhão… e aí não sei se conseguirei continuar tão tranquila quanto estive até agora. Se o desenvolvimento romântico valer a pena, aí me manterei forte, mas também vai depender muito do ritmo de como ele vai se desenrolar. E é claro, também quero ver desenvolvimento pessoal da parte das duas! Mas talvez aí já seja muito otimismo meu.

Falando em otimismo, não foi algo que senti muito vendo o episódio. Certo, não tem grandes falhas na animação, mas isso é o mínimo necessário, e fora isso, não tenho muito mais o que comentar sobre ela! O foco dos recursos claramente é nas expressões e movimentos das meninas, e dá pra ver que a escolha de tons pastéis é para aludir à animes “cute girls doing cute things”. Mas as piadas visuais, tal como as textuais, me dão mais a noção de “queremos montar um tom de comédia” do que algo realmente engraçado. É bonitinho, mas não impressiona. Combina com o anime como um todo, que até o momento não fede nem cheira pra mim, mas também não me faz criar grandes expectativas…

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Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru [Mari]

Vencedor do Tsutaya Comic Award em 2022, Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru conta a história da jovem Akane Kinoshita, que acaba de levar um pé na bunda do namorado que a trocou por outra garota que ele conheceu em um jogo online… ao qual ele tinha apresentado Akane e que os dois jogavam juntos. De coração partido e revoltada por ter gastado tanto tempo upando um personagem que ela nem iria usar mais, Akane resolve logar no jogo e matar alguns monstros para se desestressar. Lá, ela reencontra o seu companheiro de guilda Akito Yamada, um gamer profissional relativamente famoso, porém que ela ainda desconhece o background. Akane tenta conversar com ele sobre sua atual situação, mas Yamada simplesmente diz que não está interessado, afinal, a única coisa da qual ele gosta é videogame. Eventualmente, de uma maneira não planejada, os dois se encontram pessoalmente. Uma coisa leva a outra e, quando menos esperamos, os dois formam uma conexão.

Por se tratar de um romance, nós sabemos que Akane e Yamada desenvolverão sentimentos um pelo outro em algum momento. A parte cômica é que por enquanto eu não consigo nem imaginar como isso irá acontecer. Primeiro porque Yamada não se interessa por nada além de jogos e segundo porque Akane está traumatizada por homens gamers. Além disso, Yamada está no seu último ano do colegial enquanto Akane já iniciou sua faculdade. Embora a diferença de idade seja de apenas dois anos, há um claro desequilíbrio em termos de maturidade. Na vida real eu me perguntaria por que raios uma garota tão bonita quanto a Akane iria atrás de um adolescente imaturo, mas como se trata de ficção e o Yamada é fofo… Bem, devo admitir que estou curiosa para descobrir o que virá pela frente.

A adaptação de Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru conta com o que o estúdio Madhouse tem de melhor quando se diz respeito a shoujo. O diretor Morio Asaka foi responsável por dirigir NANA, Chihayafuru e Ore Monogatari!!. Yasuhiro Nakanishi, principal roteirista, exerceu a mesma função em Kaguya-sama wa Kokurasetai: Tensai-tachi no Renai Zunousen e Jibaku Shounen Hanako-kun. Kunihiko Hamada, o character designer, trabalhou ao lado do diretor nas três adaptações mencionadas. Confesso que ver o investimento do estúdio em Yamada-kun eleva minhas expectativas – apenas torço para que a história seja tão boa quanto.

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