Impressões finais: temporada de inverno (2023)

A primeira temporada de animes do ano chegou ao fim. Com altos e baixos, a winter season de 2023 entregou o que prometeu em alguns momentos e nos decepcionou em outros. Nesta postagem vocês poderão conferir as nossas impressões finais de Blue Lock, Buddy Daddies, HIGH CARDKoori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi, Monogatari, Mou Ippon!, Revenger, Spy Kyoushitsu, Tomo-chan wa Onnanoko!, UniteUp! e Urusei Yatsura (2022).

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Blue Lock [Mari]

Vou ter que falar baixinho pra não despertar a fúria do fandom, mas… Blue Lock não é tudo isso. E eu faço essa afirmação como alguém que ama e respira futebol desde que se entende por gente, e que tinha grandes expectativas para a adaptação de um mangá que havia vencido a categoria de melhor shounen no Kodansha Manga Award de 2021. Eu sabia que a abordagem de Blue Lock fugia do convencional e estava curiosa para descobrir do que exatamente se tratava essa obra que obteve um sucesso tão estrondoso no Japão (e no Ocidente também). Eu acreditava que havia uma discussão a ser feita sobre a forma com a qual os japoneses vinham desenvolvendo os seus jovens talentos e o que lhes faltava para que conseguissem produzir uma estrela do nível do Ohtani Shohei no futebol. Foi por isso que eu comprei a ideia maluca do Ego, responsável pelo projeto Blue Lock. Percebo agora que fui ingênua… pois Blue Lock não é sobre futebol.

Embora eu tenha me divertido no começo, Blue Lock começou a perder a graça pra mim a partir do momento que reduziu o esporte à posição de atacante. Qualquer pessoa que entenda de futebol sabe que um time que só tem bons atacantes não vai longe. Eu entendo que o objetivo de Blue Lock é desenvolver um jogador decisivo e matador que, sem dúvidas, é essencial em qualquer time de elite. O problema é que a série não perde uma oportunidade de cagar na cabeça das outras posições, a ponto de afirmar que o esporte só existe para os atacantes brilharem. É uma suposição ridícula, pois o atacante só faz o gol porque tem alguém articulando as jogadas. Para mim, quem articula brilha muito mais. Isso sem contar que artilheiro até zagueiro pode ser desde que tenha alguém que proporcione essa oportunidade a ele. Todo mundo gosta de ver gol e os atacantes costumam roubar os holofotes por darem o último toque na bola, mas a glória que eles conquistam não é construída sozinha. Entender isso é fundamental e é por esse motivo que as outras posições não devem ser desvalorizadas.

Eu não só discordo de Blue Lock em um nível filosófico, como também não acho que a obra apresente muita coisa de concreto. O que você tem é uma horda de adolescentes que se enfrentam em diferentes processos seletivos com o sonho de um dia se tornarem o melhor atacante de todos e só. Individualmente nós sabemos muito pouco sobre cada personagem, com exceção do Isagi, do Bachira e talvez do Chigiri. É difícil se apegar a personagens unidimensionais e/ou descartáveis, e a história simplesmente não sai do lugar. Quando finalmente parece que vamos dar um passo à frente, a temporada acaba. Isso sem falar das habilidades que eles desenvolvem na velocidade da luz e que sequer são praticadas contra zagueiros, laterais ou volantes de origem. Como o atacante vai saber se suas técnicas funcionam se elas estão sendo praticadas contra outros atacantes e não contra jogadores que são especializados em defender?

No fim das contas, Blue Lock é muito mais um battle royale do que um anime de esporte. A obra rapidamente se torna repetitiva, e eu não senti que estava assistindo a uma verdadeira partida de futebol na maior parte do tempo. Há quem goste (e a julgar pelo número de vendas, são muitos), mas mesmo que eu reconheça seus méritos, a minha conclusão é de que Blue Lock simplesmente não é pra mim.

6.5/10

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Buddy Daddies [Ana]

É difícil olhar para Buddy Daddies e dizer que ele não foi minimamente inspirado em Spy x Family, ainda mais se tratando de um anime original, mas devo dizer que apesar das semelhanças, ao longo dos episódios o anime se distancia cada vez mais de seu antecessor em diversos aspectos e acredito que Buddy Daddies conseguiu ter o seu próprio brilho, mesmo apostando em uma premissa já um tanto batida de adultos despreparados cuidando de uma criança.

Quando Miri se insere na “família”, claramente tudo é desajustado, e a obra acerta ao mostrar que cuidar de uma criança não é uma tarefa fácil e que é necessário uma mobilização de todos os responsáveis para isso. Logo percebem que Miri não poderia os acompanhar em suas missões e precisaria ficar em uma creche, também foram percebendo que Miri teria as próprias necessidades de uma criança e que imprevistos poderiam acontecer, como ficar doente no meio da noite. Logo no início também sabíamos que seria uma tarefa mais difícil para o Rei do que para o Kazuki, mas foi justamente ele quem precisou socorrer a Miri quando ela ficou doente, e quando mal nos demos conta, ele já havia formado uma conexão emocional com ela, que era um tanto inesperada. Dessa forma, quando a mãe biológica de Miri decide ficar com ela, é óbvio que ela faria falta na vida de seus “pais” e, infelizmente, quando Rei decide voltar a trabalhar a mando do seu pai, as coisas saem do controle e a mãe de Miri acaba sendo alvo.

Um dos poucos pontos que eu discordo foi o destino da mãe dela, pois por mais que Miri parecesse não entender o que de fato acontecia, ela agia como uma criança feliz por estar com a sua mãe, que estava se esforçando para ser uma presença positiva para ela. Assim, acredito que poderiam ter ido para um caminho de guarda compartilhada entre Kazuki e Rei e a mãe biológica, mas infelizmente o pior aconteceu com ela. Apesar disso, achei muito bonita a conexão que os dois criaram com a Miri, decidindo ficar com ela e até mesmo mudar de carreira, como é mostrado no final.

Buddy Daddies acabou sendo um pouco de tudo, comédia, ação, slice of life… Embora a ação de fato acabe ficando de lado no fim das contas. Ainda assim, o anime fica na média do P.A. Works, conhecido pelas suas obras originais. Não senti que tinha uma animação excepcional, mas ainda assim, dentro do esperado. No geral, foi algo que gostei bastante de acompanhar.

8.0/10

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HIGH CARD [Ana]

Eu já sabia que eu estava pisando em terrenos sinuosos logo no início, mas ainda assim eu dei o meu voto de confiança. Já adianto que High Card não é de todo ruim, mas infelizmente não conseguiu me engajar tanto quanto eu gostaria.

Fico pensando que havia bastante potencial. Embora eu tenha comentado nas minhas primeiras impressões que High Card lembra diversas outras obras, ele também tem o seu diferencial. A questão dos poderes vindo das cartas é algo que eu tinha achado realmente interessante, ainda mais conhecendo os outros personagens e poderes ao longo dos episódios. Além disso, o anime tem um character design e uma paleta de cores legal, uma boa trilha sonora, uma animação até que OK, mas a história… Simplesmente não colou.

Por mais que nos episódios seguintes o objetivo fosse nos apresentar os outros personagens pertencentes ao High Card e seus respectivos backgrounds, eu senti o ritmo do anime bastante bagunçado. Às vezes as lutas não tinham muito sentido, sem contar que o fim da temporada pareceu bastante corrido e, apesar de ter sido interessante o poder do Finn ter salvado o Chris, pensando na relação dos dois, ainda assim foi algo previsível. Isso sem mencionar que simplesmente mataram uma das antagonistas mais interessantes (e bonitas) nos últimos segundos, pra fechar a tampa do caixão. Com tantas pontas soltas e o anúncio de uma nova temporada, eu não consigo dar um segundo voto de confiança com essa direção que parece não saber pra onde está querendo nos levar. Deixo para aqueles que conseguiram se importar o suficiente com essa história, o que não foi o meu caso.

6.0/10

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Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi [Mari]

Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi começou a temporada como uma comédia romântica despretensiosa e aos poucos foi se tornando uma das minhas séries favoritas de 2023 até o momento. Embora não haja nada de extraordinário em relação à narrativa ou aos visuais, eu fiquei bastante satisfeita com o desenrolar da obra. Muito disso se deve aos personagens e à química que eles apresentam entre si.

Ainda que Himuro-kun e Fuyutsuki-san sejam o núcleo do enredo, a autora não deixa de explorar os outros personagens que interagem com eles, como os seus colegas de departamento Komori-san e Saejima-kun e também Katori-kun e Otonashi-san, que trabalham no setor de vendas da mesma empresa. Para se tornar bem-sucedida, uma história do estilo de Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi precisa que os espectadores se interessem e torçam por seus personagens, visto que não há um grande objetivo a ser atingido pelo roteiro para além da concretização dos possíveis romances. Em outras palavras, os personagens têm que ter carisma, e isso é algo que definitivamente não falta para Himuro-kun e companhia. Eu me diverti muito acompanhando as suas aventuras e desventuras em seu primeiro ano de trabalho juntos e certamente gostaria de descobrir o que mais eles aprontarão no futuro.

Em termos técnicos, como eu já havia apontado nas minhas primeiras impressões, Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi sofre um pouquinho. Não é sempre que a equipe consegue fazer a transição de um quadrinho do Pixiv para uma série de TV de forma eficiente. Há uma certa repetição de piadas tanto textuais quanto visuais que no papel provocam um tipo de reação, mas que em anime podem rapidamente se tornar cansativas. Quando se assiste à adaptação semanalmente, você tem um tempo para respirar e acaba não se incomodando com isso. No entanto, se você vir vários episódios um atrás do outro, é provável que você repare nisso e parte da graça se perca no caminho. Ainda assim, esse é um problema que praticamente toda obra de comédia enfrenta, então não chega a ser um demérito de Koori Zokusei Danshi to Cool na Douryou Joshi, por mais que a equipe pudesse ter demonstrado um pouco mais de criatividade na adaptação.

Por outro lado, ambos os estúdios que ficaram responsáveis por animar o quadrinho são pequenos, não possuem um repertório extenso e não dispõem de muitos recursos. Se levarmos suas devidas limitações em consideração, eu diria que a parceria entre o Zero-G e o Liber até que gerou resultados positivos. O segredo, neste caso, é apenas não criar grandes expectativas. De resto, basta sentar e se divertir.

8.0/10

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Monogatari [Mari]

Neste último mês de março eu fiz uma visita a São Paulo para reencontrar alguns amigos, com os quais eu também dividi um Airbnb. Durante a minha estadia lá, houve um dia que nós decidimos almoçar em casa. Eu estava com vontade de comer uma alcatra, então procurei um restaurante que estivesse aberto e não fosse muito caro e, assim como os outros, fiz o meu pedido. O que poderia dar errado, não é mesmo?

Pois bem, o pedido chegou. Peguei a sacola, abri a marmita e fui colocando as coisas no meu prato. Até aí tudo bem. Só que quando chegou a hora de degustar o meu tão desejado pedaço de alcatra, uma tristeza profunda me atingiu. A carne não tinha gosto de nada, além de estar um pouco queimada e ser fina como um papel. Para mim, como a bela taurina que sou, não há nada pior do que gastar dinheiro com comida ruim. Sofri em silêncio.

Agora você deve estar se perguntando: por que eu estou contando essa história? Bem, porque se for para fazer uma analogia com comida, Monogatari para mim é como aquele pedaço de alcatra: sem graça, sem sustentação e mal feito.

Apesar de ser publicado como seinen e girar em torno de um elenco majoritariamente adulto, Monogatari é estruturalmente um shounen de lutinha. O protagonista Hyouma, que é a cara do Eren, quer exterminar os tsukumogami (espíritos que possuem objetos antigos) como um ato de vingança após o assassinato de seus irmãos mais velhos pelas mãos de um desses espíritos. Ele vive por esse propósito e não pensa em mais nada além disso. A outra personagem principal, Botan, é uma espécie de anomalia dentro do universo da série, o que a transformou em um objeto de cobiça tanto por parte dos humanos quanto por parte dos tsukumogami, que resolveram então fazer um acordo proibindo que ela fosse usada por ambos os lados, evitando assim uma guerra entre os dois mundos. Na prática, no entanto, ela não é muito mais do que um possível interesse amoroso do protagonista. Os únicos personagens que são minimamente interessantes são os  tsukumogami que servem a Botan, mas a coisa começa a perder a graça quando você percebe que o objetivo deles é simplesmente encontrar um homem com quem ela possa se casar (embora haja uma explicação xoxa pra isso). Como se isso não bastasse, a outra personagem feminina que tem algum destaque fora do núcleo Nagatsuki também se apaixona pelo Hyouma… e uma espécie de rivalidade feminina vai se instaurando ali, ainda que até o momento a Botan se recuse a aceitar que ela está começando a gostar dele.

Veja bem, eu queria muito gostar de Monogatari (e não é só porque a Miyuki Sawashiro faz parte do elenco). Tal qual aquele pedaço de alcatra antes de chegar na minha mesa, a obra tinha potencial. Dava para fazer uma discussão bacana sobre o mundo dos humanos e o dos tsukumogami e a possibilidade de coexistência. A Botan poderia ser uma personagem muito mais legal se não fosse reduzida ao papel de interesse amoroso. E todo aquele lenga-lenga de vingança poderia ser mais palatável se fosse melhor executado. Mas não, Monogatari não acerta uma.

Junte isso à pobreza visual da adaptação e temos o resultado já esperado depois de dois ou três episódios assistidos: um anime completamente esquecível que, para já ter uma segunda temporada anunciada, só pode estar metido em um esquema de lavagem de dinheiro.

5.0/10

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Mou Ippon! [Lucy]

Vencemos. Finalmente temos um anime de esporte feminino totalmente genérico porém competente. Falo isso com todas as boas intenções possíveis!

Porque é arroz com feijão sim, mas é um arroz com feijão TÃO GOSTOSO.

Mou Ippon! transborda com charme. As personagens te conquistam de tal maneira que por mais que você saiba que as chances delas não são tão boas, você ainda torce pra elas chegarem o mais longe possível. Acho que boa parte da minha simpatia vem do fato de elas serem bem realistas, tanto que algumas conversas entre elas me lembraram outras que ouvi durante a minha adolescência. Isso não fica só nos diálogos, porque algo que me deixou muito feliz no anime foi a variedade de tipos físicos dentre o elenco — um aspecto bem importante do judô, ajudando a realçar essa preocupação com o realismo quando vemos personagens levando tais fatores em consideração na hora de montar estratégias e aprender novos golpes.

E sendo sincera, são as meninas, seu amor pelo esporte e sua sede de luta que carregam a obra, porque não tem muito o que comentar sobre o enredo. A fórmula é aquela que já vimos por anos em outros títulos, só que com um elenco um pouquinho diferente e menos falhas do que o normal. A verdade é que Mou Ippon! conseguiu juntar um apanhado de clichês de anime de esportes e executá-los à perfeição.

Como mencionei nas impressões iniciais, não vamos muito além da saga do time “azarão” tentando conquistar seu lugar nas competições intercolegiais; logo, pela primeira vez em algum tempo, não me arrependi de falar que esse é o tipo de história que “você sabe o que vai ver se decidir assistir”. O final, inclusive, foi um tanto previsível — mas novamente, não vejo isso como demérito. Pelo contrário, a conclusão foi colocada de maneira tão natural que a imagem de “novo começo” conseguiu parecer sincera.

É engraçado, porque no final das contas “não ter nada de especial” é o que faz o anime sair em vantagem contra tantos outros do mesmo gênero. Ele não tentou inovar nem revolucionar, e manteve uma abordagem bem padrão. De extra, o único destaque que consigo levantar é um elogio ao estúdio Bakken Record, que apesar da pouca experiência, apresentou um ótimo produto, numa atmosfera muito equilibrada entre a empolgação das competições e o dia a dia relaxante na escola. Vale a pena dar uma chance ao anime, se você ainda não o conferiu. Espero que nos próximos meses Mou Ippon! comece a receber o reconhecimento que merece, porque é lamentável uma produção tão bem feita e amarradinha ficar na obscuridade.

7.5/10

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Revenger [Mari]

Quem acompanha anime há muito tempo sabe que só existem dois tipos de Gen Urobuchi: o bom e o ruim. Como fã de Fate/Zero e Psycho-Pass, eu sempre fico na expectativa de ser surpreendida positivamente pelos novos trabalhos do meu querido Butcher. Dito isso… É com pesar que eu venho por meio desta postagem informar que Revenger é infelizmente mais uma obra do segundo tipo: ruim.

Apesar de ter uma premissa interessante que traz consigo uma crítica àquela ladainha que se alimenta especialmente no Ocidente sobre como os samurais eram pessoas honradas, heróis da pátria e blah blah blah, e de cagar na cabeça de quem usa a religião para se aproveitar dos outros e/ou ter uma desculpa para cometer crimes por um bem maior – algo que a essa altura já é meio que marca registrada do Butcher –, Revenger não sabe muito bem o que fazer consigo mesmo. A sensação que eu tenho é que o autor pegou os elementos que fizeram das suas obras anteriores um sucesso e tentou repeti-los com Revenger, o que obviamente não deu certo porque já havia deixado de ser inovador. Aí, para não dizer que seria apenas uma imitação barata, ele resolveu incluir o ópio na história. Esta poderia ser uma boa saída se não fosse tão pessimamente executada.

Revenger tem muito personagem para pouco tempo de tela. Se excluirmos o protagonista Raizo, o único personagem que tem seu passado minimamente explorado e/ou explicado é o Nio. A gente não sabe praticamente nada sobre o Yuen, o Teppa ou o Souji, que aparecem quase tanto quanto os outros dois, mas de alguma forma o autor espera que a gente se importe com eles. O principal antagonista da história tem uma motivação estúpida. Os inimigos do grupo não são mais do que uma cópia barata deles mesmos, só que com armas diferentes. E quando finalmente surge um possível aliado interessante, ele morre (embora isso não deva ser uma surpresa vindo do autor em questão). Revenger pode ser criativo quando se diz respeito a formas de matar pessoas, mas para além da violência e o gore, a série não tem muito a oferecer.  O final com aquela resolução completamente anticlimática foi a cereja do bolo pra mim.

É uma pena, mas o Gen Urobuchi me decepcionou mais uma vez.

6.0/10

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Spy Kyoushitsu [Lucy]

Spy Kyoushitsu certamente foi um dos animes da temporada de inverno de 2023. Ele teve episódios que sim, contavam histórias. Não apenas isso, mas foram histórias que adaptaram a série de livros na qual a série se baseou! E com certeza, escolhas foram feitas nesse processo!

O ritmo do anime é um caos, e não do jeito que eu gosto. Os primeiros três episódios foram dedicados ao período de treinamento da equipe, e sinceramente achei que iriam passar muito mais tempo nessa fase da história. Talvez seria uma escolha melhor, considerando que depois disso nos encontramos numa série de episódios “espiã da semana” — e enquanto não reclamo muito, porque era realmente necessário dar mais foco às meninas individualmente, essas histórias poderiam ter sido colocadas antes do terceiro episódio, não? Ainda mais que elas se passam durante o período do segundo episódio…

Claro, essa sugestão desconsidera a reviravolta principal ao final desse primeiro arco, mas acho que ainda seria possível apresentar esse modelo de maneira coerente. Até porque ajudaria a manter o status de “time oficial” da equipe mais presente, visto que leva outros cinco episódios — quase meio-cour! — para engatarem outra missão na história. Nesse meio-tempo, eles ficaram adaptando histórias extras do primeiro volume das novels, para só depois partir para o segundo volume, causando uma constante ida e vinda entre comédia e seriedade. Essa parte é inclusive a melhorzinha do anime, separando as garotas e dando melhor foco para um dos grupos. O lado negativo é que no último episódio, quando todas aparecem juntas de novo, eu nem lembrava da existência de algumas meninas do outro grupo…

Falando assim, até parece que Spy Kyoushitsu não tem nada de aproveitável. Seria injustiça colocar assim, porque apesar de cumprirem trejeitos meio rasos, os personagens têm certo carisma. Consegui até escolher alguns favoritos! Apesar do estúdio feel. ter sido aparentemente afetado pelo Covid, adiando um episódio no meio da obra, isso não ficou evidente no produto final, que manteve uma constante de qualidade — nada espetacular também, mas o mínimo necessário estava lá. Eu até curti alguns momentos e tenho alguns pontos positivos em mente, mas os negativos são tão mais pesados que fica complicado lembrar deles. No balanço final, o único destaque foi essa bagunça das escolhas da direção, e graças a ela, o anime acabou ficando bem mediano.

Não dá pra sair vencendo sempre, mas nesse caso aqui, eles se esforçaram, hein?

5.0/10

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Tomo-chan wa Onnanoko! [Ana]

Eu confesso que comecei Tomo-chan wa Onnanoko! meio com o pé atrás, mas depois de um tempo a obra foi ganhando meu coração sem fazer muito esforço. Simplesmente aceitei que Tomo-chan é uma palhaçada e tá tudo bem.

Apesar do romance como plano de fundo, o ponto forte do anime é realmente a comédia. Sem contar que além da personagem principal, as amigas Misuzu e Carol, com personalidades tão diferentes, formam um trio bastante legal de acompanhar. Quanto ao Jun, bom… Não dá pra dizer que ele não se esforçou. Foi até interessante acompanhá-lo se dando conta de que correspondia aos sentimentos de sua amiga de infância, que tentou ao máximo fazer com que ele a percebesse como uma garota. No entanto, até o autor sabe que o Jun é de longe um dos menos interessantes ali ao colocá-lo para interpretar uma árvore na peça, enquanto a Tomo era o príncipe e a Misuzu a Cinderela, a piada já vem pronta. A gente sabe que Tomo e Misuzu fariam um casal melhor do que o canon, mas darei os créditos ao Jun por no final até ter derrotado o pai da Tomo para ficar com ela. Fico feliz pelo casal ter se declarado, rolado beijo e tudo. Por mais obras em que as coisas de fato acontecem e não ficam só no “gosto dela/dele mas não vou tomar nenhuma iniciativa”!

Assim, o saldo final de Tomo-chan wa Onnanoko! foi positivo e eu me diverti mais do que esperava, apesar de algumas repetições de cenas, como a Tomo socando o Jun por qualquer motivo, como eu comentei lá nas minhas primeiras impressões. Com o tipo de material que o estúdio tinha, acredito que acabou se saindo bem.

7.0/10

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UniteUp! [Lucy]

Sem floreios dessa vez: é meio qualquer coisa. Mesmo dentro do gênero de idols, o anime se destaca dos colegas mais por ser bonito e bem produzido do que pela substância. Ponto para o estúdio CloverWorks, que apesar do cronograma sofrido (com atrasos e adiamentos), conseguiu entregar um produto agradável e com um CGI até bem bom! Mas tirando isso, não tem muitos diferenciais entre UniteUp! e o anime musical médio.

Os momentos mais fortes são os mais simples: as interações entre os rapazes, as amizades que formam. É bonitinho, mas os enredos nunca chegam perto daquilo que ficou prometido com o primeiro episódio. O grande clímax dramático, inclusive, me pareceu um tanto forçado. Também tivemos o tão comum problema de “muitos personagens para poucos episódios”. O trio principal foi bem apresentado e desenvolvido — sendo meus favoritos de longe —, mas alguns outros idols da agência não tiveram a mesma sorte. Dos três outros grupos presentes, incluindo a dupla de chefes, há sempre um ou dois que recebem mais destaque. Óbvio, isso ocorre em detrimento dos colegas, a tal ponto que eu não consigo nem lembrar do design de alguns dos personagens mais relegados.

A música e o visual compensam? Talvez, não muito para mim (se bem que ainda dei um ponto a mais na nota final só por esses aspectos). Aquele “algo a mais” que fiquei buscando depois da primeira impressão nunca chegou até mim, e no final das contas, UniteUp! não me impressionou em mais nada.

6.0/10

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Urusei Yatsura (2022) [Lucy]

É com grande prazer que anuncio que sim!, por mais que os exemplos sejam escassos, é possível fazer um bom remake de anime.

Claro que isso exige um certo nível de cuidado, mas com a equipe certa, é possível atingir o resultado desejado: atrair novos fãs para a franquia. E nesse caso, posso afirmar que o estúdio David Production cumpriu o que prometeu com perfeição, porque fiquei encantada com o que vi. A atualização do traço, aproximando-se do atual estilo da autora Rumiko Takahashi, deixou os personagens adoráveis. Juntando isso com o esquema de cores e a estética que já mencionei nas impressões iniciais, acho que ficou claro que foi amor à primeira vista pela animação.

Entretanto, sabemos que visual não carrega uma obra muito longe, quanto mais faz um bom remake… mas também é preciso considerar que Urusei Yatsura já sai em vantagem por ter um bom material para trabalhar. Apesar da idade do mangá, curti bastante a comédia — é simples e bobinha num estilo meio “Chaves”, que você revê, mas não cansa. Talvez isso funcione também pelo extenso elenco de personagens, que permite “revezar” o foco dos episódios, ou seja, não é a mesma santa piada sendo repetida em todo santo episódio. Só talvez a cada três ou quatro santos episódios, mas é tempo o suficiente (ainda mais assistindo semanalmente) para deixar o espectador respirar um pouco.

Ainda assim, fiquei impressionada com essa extensão — cada vez que eu achava que a turma já estava bem grande, iam lá e jogavam mais um maluco no meio (e à parte, acho insano como arranjaram tantos dubladores de peso numa só produção). O pior é que funciona! Não tem nenhum personagem que me encheu o saco, ou que dava vontade de pular cenas. Além do mais, como não existe enredo para progredir, foi uma boa maneira encontrada de expandir as possibilidades de situações absurdas. É simples, descompromissado, e mais importante, divertido.

Pela minha experiência e pelo que tenho visto online, essa nova versão de Urusei Yatsura conseguiu agradar gregos e troianos. Quem chegou agora gostou, e quem já viu o original não ficou insatisfeito com o que viu. Por mais que, de fato, as histórias e arquétipos apresentados estejam longe de serem revolucionários na atualidade, esse feito é um marco do remake. Admito que costumo falar “vou assistir a segunda temporada quando sair!” sobre os animes que comento aqui, mas é muito raro eu realmente acabar fazendo isso. Tenho a sensação de que Urusei Yatsura também será excepcional em mais essa lista, porque ficou muito forte o gostinho de “quero mais”.

7.0/10

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