Embora eu tenha assistido a alguns animes na minha infância, assim como praticamente todo mundo que cresceu nos anos 2000 e viveu as febres de Pokémon, Digimon e Beyblade, eu não me considerava fã de desenhos japoneses. Naquele tempo, aliás, eu nem sabia diferenciar o que era produção ocidental e o que era oriental – este foi um entendimento que eu passei a ter só no ensino médio, que foi quando eu de fato resolvi me aventurar pelo mundos dos animes.
A minha jornada se iniciou em meados de 2012, justamente o ano em que o primeiro anime de Bleach se encerraria com o lançamento do seu 366º episódio. Eu não me lembro exatamente quantos episódios de Naruto e One Piece haviam saído até então, mas sei que Bleach era a menor das séries que à época o fandom chamava de “The Big 3” e, ao contrário das outras duas, já estava “finalizada”. Como eu tinha que começar a partir de algum lugar, depois de ter visto Inuyasha e Sword Art Online, eu decidi maratonar Bleach. Teria essa sido uma decisão sábia? Provavelmente não. De qualquer forma, quando você é uma adolescente com pouquíssima bagagem cultural, tudo te encanta.
Eu me lembro de ter visto Bleach e achado muito bom! Claro, alguns arcos me divertiram mais do que outros. Eu também estaria mentindo se dissesse que não notei a queda de qualidade que houve sobretudo na reta final. Mas, em geral, a minha experiência com Bleach havia sido positiva. Eu gostava dos personagens, achava que o Tite Kubo trabalhava com conceitos interessantes, e vivia criando teorias sobre o que poderia acontecer em seguida. A minha curiosidade era tanta que eu fui para o mangá. Quando fiz essa transição, no entanto, eu comecei a perder um pouco do encanto que eu tinha pela obra.
Eu lembro que a minha personagem preferida, Yoruichi, tinha ficado mais de 200 capítulos sem aparecer. Quando a guerra contra os quincies começou, eu já tava meio que de saco cheio, mas continuei lendo na esperança de que o sentimento que eu tinha pela obra se afloraria novamente… Só que quando o Mask De Masculine apareceu, eu não tankei mais. Pensei: “Vou deixar de acompanhar os capítulos semanalmente. Um dia eu volto.”
Narrador: ela nunca mais voltou.
Bem, acabou que eu nunca mais encostei no mangá. Contudo, não é como se eu tivesse perdido totalmente o interesse na obra. Eu ainda queria saber como as coisas terminavam, só que eu nunca mais tive a coragem ou o tempo para sentar e ler tudo que eu tinha deixado pra trás. Então, quando anunciaram a continuação do anime, eu fiquei animada. Mesmo sem ter muitas expectativas, eu finalmente estava para descobrir como as coisas tinham se desenrolado…
…Porém nada poderia ter me preparado para o que eu encontrei.
Meus amigos, a escrita de Bleach é simplesmente tenebrosa. Nenhum dos personagens fala como um ser humano normal. O Kubo fica o tempo todo jogando frasezinha de efeito e tentando criar discussões profundas que na maior parte do tempo não fazem sentido nenhum. Ele inventa 200 personagens e não tem tempo para desenvolver de maneira satisfatória nem 1/10 deles. É extremamente frustrante de se assistir!!!
Foi então que eu tive que me questionar: a escrita do Tite Kubo sempre foi tão ruim assim? A partir desta pergunta, elaborei algumas hipóteses.
A) Sim, a escrita dele sempre foi tenebrosa e eu só não percebi isso no meu primeiro contato com a obra porque eu não tinha parâmetros com os quais compará-la.
B) Não, a escrita dele nem sempre foi tenebrosa, mas quando a coisa começou a desandar, ele nunca mais se recuperou.
C) Não, a escrita dele não é tenebrosa – eu é que fiquei chata com o tempo.
Honestamente? Eu não sei dizer qual delas se aproxima mais da verdade. O que eu sei é que acompanhar Bleach: Thousand-Year Blood War tem sido uma experiência desgastante. Se eu não estivesse vendo o anime com um amigo, talvez eu até já teria desistido. É simplesmente muito ruim! (No segundo cour, em particular, nem a OST que costumava ser um dos pontos altos da adaptação tá se salvando).
Porém o que me chocou ainda mais foi entrar no MyAnimeList e ver que a primeira parte da adaptação do arco da guerra está com 9.05 e a segunda com 8.96. Vejam bem, eu entendo que a gente não deve levar essas notas tão a sério assim, mas me custa acreditar que tantas pessoas estejam de fato amando essa continuação. Tem que ser um fã muito hardcore pra não enxergar a pobreza gritante da escrita do Kubo – ou simplesmente não se importar com isso.
Enfim, como tem sido a experiência de vocês com esse retorno de Bleach após 11 anos? Vocês também se sentem da mesma forma que eu? Ou vocês acham que Bleach tem entregado o mesmo que sempre entregou? Discutam nos comentários!
Também me questionei sobre as mesmas coisas, por isso vim atrás de opiniões. Eu ainda não terminei o mangá então não sei tudo, estou esperando que as lutas fiquem melhores quando todos subirem pro palácio do Rei das almas.
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Oi, eu sei que o post não é novo, não cheguei a assistir Bleach na época porque estava saturado de shounen de lutinha; embora simpatizasse bastante com o pouco que vi dele (episódios 1 até 3,acho eu.) Acho que o grande problema desse tipo de anime é a repetição de fórmula e pensando mais hoje em dia com a visão de um otaku mais velho, um certo conservadorismo dos autores. Agora, se eles fazem isso porque querem ou porque um editor mandou, vai saber!
Pensando em Bleach, teve umas coisinhas estranhas nele, como o fato do anime ter “acabado” numa saga filler, enquanto que Naruto e One Piece seguiram. Acho que pesa o fato de ter sido retomado só recentemente o anime. Eu acho que os japoneses tiveram algum problema com o Tite Kubo e meio que botaram o maluco de “castigo” por assim dizer. Só ver que aquele anime / mangá novo dele, Burn the Witch não foi mais pra frente. E também é notável que quando teve o crossover de títulos shounen os escolhidos foram One Piece, Toriko e Dragon Ball.
Enfim, eu meio que mudei minha opinião sobre shounen de lutinha quando assisti Black Clover e curti muito, mas via de regra não vejo muita graça em Bleach ou outros animes do tipo. Sobre tua pergunta, eu acho que o Kubo nunca foi exatamente um bom autor, mas é aquilo né? Com a Shueisha bancando as coisas pra ele, tudo fica mais ou menos aceitável né? “Ah, é da shounen jump, é bom!” Nem sempre, nem sempre…
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Nossa, obrigada por traduzir meu sentimento de frustração com essas novas temporadas!
Me sinto exatamente como você descreveu e me assusta ver no Google as críticas positivas. Eu tô achando mto chato de acompanhar, mas é aquilo: quero ver como vai terminar.
Eu maratonei Bleach em 2022, já adulta e gostei bastante da ideia dos ceifadores, dos hollows e etc, mas parei depois que o Aisen foi derrotado. Essa temporada tá bem decepcionante, com dialogos sem o menor sentido e personagens ótimos tomando esculacho por tão pouco.
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