Com o encerramento da temporada de outono mais um ciclo termina. Apesar de seus altos e baixos, o ano de 2019 nos trouxe belíssimas adaptações. Ficaremos na torcida para que 2020 seja tão bom quanto ou até mesmo melhor do que esse! Em nossa última postagem de impressões finais de 2019 falaremos sobre Babylon, Dr. Stone, Enen no Shouboutai, Hoshiai no Sora e Vinland Saga.
Babylon [Ana]
Em breve.
Dr. Stone [Ana]
Eu fico bastante em dúvida quanto às minhas opiniões sobre Dr. Stone e um dos principais motivos é porque a obra transita constantemente entre o absurdo e o que poderia real. Apesar de tudo acho que o anime cumpre bastante a proposta de mostrar o quanto o desenvolvimento científico transforma e facilita a vida das pessoas, no entanto, inúmeros processos são necessários para que tenhamos um produto final, seja um remédio, energia elétrica ou um telefone.
Embora eu saiba que é uma obra de ficção e eu deveria relevar que algumas coisas são absurdas demais, como o próprio fato de um adolescente, o protagonista Senku, ser extremamente inteligente a ponto de ter todo o conhecimento científico do mundo em sua mente, e que ele foi capaz de contar segundos durante mais 3 mil anos enquanto esteve petrificado, ou que o Tsukasa, o antagonista da história, possa ter uma força tão sobre-humana a ponto de matar um leão no soco tranquilamente, isso me incomoda quando nos é apresentado elementos e processos reais que eu poderia muito bem passar em uma aula de química.
Outras coisas também me incomodaram no decorrer do anime, como o fato de alguns personagens que nos foram introduzidos inicialmente, Taiju e Yuzuriha, tenham sido esquecidos no churrasco, com a justificativa de que ficariam como espiões no território do Tsukasa, mas parece mais que o autor só simplesmente se cansou deles e resolveu introduzir personagens mais interessantes, incluindo os moradores de uma vila que não haviam sido petrificados e nem tiveram contato com a ciência até então. Outro ponto é que, embora a adaptação tenha dado uma podada na sexualização contida na obra original, a maneira em que a cena da Ruri recebendo o medicamento na boca foi construída foi bastante desnecessária, parecia um pornô!
Apesar de tudo, gostei de acompanhar o anime, me entreteve bastante. Ele tem uma premissa interessante que culmina em um embate entre Senku, que quer trazer de volta as pessoas e os benefícios do avanço científico, e Tsukasa, que é contra essa proposta. Acredito que a segunda metade teve um desempenho melhor do que a primeira, mas os episódios são bem animados no geral e a continuação já foi anunciada para esse ano de 2020.
8.0/10
Enen no Shouboutai [Mari]
Muita gente falava mal de Enen no Shouboutai e eu não entendia por quê, já que eu tinha gostado dos dois primeiros episódios e inclusive falei bem da adaptação nas minhas primeiras impressões da temporada de verão. Bem, eu não retiro o que eu disse sobre a parte técnica do anime, que do começo ao fim nos presenteou com belíssimas cenas de ação e uma excelente trilha sonora, mas é uma pena que a história de fato não faça jus ao trabalho despendido pela equipe.
A crítica mais óbvia feita a Enen no Shouboutai é o uso recorrente e desnecessário de fanservice, inclusive tendo uma personagem cuja única função na história é ser despida (Tamaki). Ainda que o estúdio tenha diminuído a quantidade de cenas com esse teor em relação ao mangá, elas não deixam de ser extremamente desagradáveis. Me irrita que o Atsushi Ookubo insista em fazer uso desse recurso quando ele claramente sabe como escrever uma personagem feminina legal a exemplo da Maki. De qualquer forma, se ignorarmos essa falha gritante da obra, ela até que traz discussões interessantes sobre a religião e o seu papel na sociedade – o problema é que o autor enrola muito pra desenvolver qualquer coisa, sempre repetindo informações que já sabíamos, mostrando a fragilidade da construção de sua narrativa, que acaba por ser carregada pelo carisma de seus personagens e, no caso do anime, pelo visual da adaptação.
Nesta última semana foi confirmado que Enen no Shouboutai terá uma segunda temporada na primavera japonesa de 2020, mas é provável que eu não assista já que o autor não conseguiu fazer com que eu me importasse o suficiente com a sua obra para continuar acompanhando a jornada de Shinra e companhia.
6.0/10
Hoshiai no Sora [Mari]
Eu não estava errada quando disse que Hoshiai no Sora tinha potencial para ser um dos melhores animes da temporada, mas em minhas primeiras impressões eu já tinha demonstrado uma certa preocupação quanto ao número de episódios, que me parecia pouco para desenvolver adequadamente todos os temas aos quais a obra tinha se proposto a tratar. Bem, eu tinha razão.
É uma longa história, mas todo mundo que assistiu Hoshiai no Sora até o fim deve ter notado que a obra não terminou de fato, deixando muitas pontas soltas e conflitos não resolvidos. Acontece que Hoshiai no Sora foi originalmente planejada para ter 24 episódios e a equipe vinha trabalhando nela há pelo menos dois anos, porém alguns meses antes do início da transmissão o comitê de produção resolveu unilateralmente cortar o número de episódios pela metade. Isso fez com que a equipe (sobretudo o diretor Akane Kazuki) tivesse que escolher entre reformular toda a obra para que ela coubesse em 12 episódios e jogar fora todo o trabalho que eles tinham feito até então, arriscando a qualidade do produto final, ou entregar a história pela metade, que de fato foi o que aconteceu. Em seu Twitter, Akane expressou seu desejo de continuar Hoshiai no Sora de alguma forma, nem que seja por meio de uma publicação independente, por isso só nos resta esperar pelos próximos acontecimentos.
É realmente uma pena que Hoshiai no Sora tenha sofrido um golpe desses, pois apenas metade da história já foi suficiente para colocá-lo na lista de melhores animes do ano, então imaginem o quão melhor ele poderia ser se de fato tivesse recebido uma conclusão. A obra discute questões importantíssimas que afetam a sociedade por meio da temática de “famílias disfuncionais”, além de trazer representatividade LGBT e não ter vergonha ou receio de falar sobre as pessoas que fazem parte dessa comunidade. E claro, também cumpre todos os requisitos de um bom anime de esporte. Apesar de ter acabado da maneira que mencionei, Hoshiai no Sora ainda é uma obra que eu recomendaria.
9.0/10
Vinland Saga [Mari]
Falar sobre Vinland Saga é difícil. Não há dúvidas de que se trata de uma obra de altíssima qualidade, elogiada tanto por sua arte quanto por sua narrativa, cuja adaptação não decepcionou apesar de ter feito algumas modificações na ordem dos acontecimentos e acrescentado uma pequena quantidade de material original em alguns momentos. Eu realmente amo obras que resolvem explorar períodos históricos, por isso minhas expectativas para Vinland Saga eram altas e talvez seja por esse motivo que eu tenha terminado o anime insatisfeita.
Vinland Saga é excelente quando resolve falar sobre guerra: as consequências de um longo período marcado por conflitos, as táticas utilizadas para a conquista de territórios e pessoas, os embates ideológicos e filosóficos entre diferentes povos, etc. Neste sentido eu não tenho do que reclamar. A obra também discute questões voltadas à religião de uma forma que instiga o espectador a pensar e questionar seus valores. No entanto, o que deveria ser o ponto central da narrativa e o que de fato dá início à história é a vingança de Thorfinn, da qual eu devo admitir que me cansei rapidamente.
É muito chato acompanhar a jornada de um protagonista que está preso ao passado e só pensa em uma única coisa enquanto a vida continua, tem um milhão de coisas acontecendo, e ele simplesmente não se importa. Eu entendo que essa cegueira é exatamente a mensagem que o autor quer passar, mas não deixa de ser irritante. Embora Thorfinn tenha amadurecido no sentido de ter se transformado em um casca-grossa por causa dos constantes conflitos e das duras condições de vida, ele não evolui nem um pouco psicológica ou espiritualmente. Também não me desce que ele esteja tão preso à sua vingança a ponto de ignorar a sua mãe doente quando ele tem a oportunidade de reencontrá-la. É como se o pai morto fosse mais importante do que a mãe viva. Tenho certeza que o autor deve destrinchar essas questões mais pra frente e eu acredito na evolução do personagem, mas acompanhá-lo até aqui tem sido uma tarefa extremamente frustrante.