Primeiramente gostaríamos de desejar um feliz ano novo para todos os nossos leitores! Esperamos que 2020 nos proporcione muitas coisas boas, o que é claro, inclui animes! Nesta temporada de inverno não escolhemos uma grande quantidade de obras para acompanhar, porém as escolhidas possuem bastante potencial. Foram elas: A3! Season Spring & Summer, Eizouken ni wa Te wo Dasu na!, Haikyuu!!: To the Top, Jibaku Shounen Hanako-kun, Koisuru Asteroid, Oshi ga Budoukan Ittekuretara Shinu e Runway de Waratte.
A3! Season Spring & Summer [Lucy]
Adianto que sou extremamente suspeita para falar de A3!. Acompanho o jogo original desde o lançamento japonês, e é, de longe, o meu mobile game favorito, e isso se deve em grande parte pela sua história e personagens. Portanto, é possível imaginar o quão animada eu estava para uma adaptação em anime, certo?
Apesar de eu já ter lido essa história umas três vezes, o anime ainda conseguiu me trazer a sensação de algo novo. Isso se deve em grande parte à participação da protagonista Izumi, que, ao contrário de boa parte das protagonistas do gênero, tem sua própria personalidade, história e iniciativa. O episódio é bem conciso em estabelecer a situação e mostrar a meta final do grupo; ao mesmo tempo que acontece muita coisa, o enredo é simples e direto ao ponto. O primeiro grupo de personagens ainda não está completo, no entanto — tomo isso como um bom sinal, significa que não estão apressando o ritmo da história.
No entanto, nem tudo são flores. Visto que essa é uma produção colaborativa entre o P.A. Works (Shirobako, Sakura Quest) e o estúdio 3Hz (Flip Flappers, Princess Principal), fiquei um pouco decepcionada com a parte visual, apesar de eu reconhecer que isso é um pouco de implicância da minha parte. O estilo do anime puxa mais para tons pastéis, mas em certas cenas, especialmente as durante o pôr do sol, as cores ficam tão contidas que parece que aplicaram um filtro sépia por cima do original. Além disso, já é possível ver alguns personagens um pouco fora do modelo em certos momentos. Fico preocupada com os próximos episódios, pelo menos nesse aspecto.
Mas, convenhamos, a felicidade em finalmente ver isso tudo animado faz esses pequenos detalhes se tornarem irrelevantes. Às vezes, tudo o que a gente precisa é de uma história legal com bons personagens.
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Eizouken ni wa Te wo Dasu na! [Mari]
Não há dúvidas de que Eizouken ni wa Te wo Dasu na! era uma das adaptações mais esperadas da temporada. Primeiro porque o mangá homônimo de Oowara Sumito, serializado na Gekkan! Spirits desde 2016, é reconhecido no Japão por sua qualidade, tendo vencido em 2017 o principal prêmio do Bros. Comic Award e em 2018 ficado em nono lugar entre os doze títulos selecionados para concorrer a 11ª edição do Annual Manga Taishou Awards. Além disso, o diretor responsável pela adaptação é Yuasa Masaaki, que se consagrou na última década como um dos melhores da indústria.
Uma das principais características de Yuasa é a sua originalidade. Uma rápida olhada em seu repertório é o suficiente para perceber que ele não tem medo de experimentar coisas novas (Devilman: Crybaby, Ping Pong the Animation, Yojouhan Shinwa Taikei) e é claro que com Eizouken ni wa Te wo Dasu na! não seria diferente. Tudo nesse anime grita “Yuasa”. Muita besteira foi dita em relação à sua estética e principalmente ao character design, taxado de “feio”. É uma pena que as pessoas não consigam entender que um design simplificado serve para facilitar a produção de uma animação mais fluída. Character design e animação, aliás, são coisas diferentes (o HGS Anime tem um texto excelente sobre isso). O fato de Eizouken ni wa Te wo Dasu na! não seguir o padrão atual não é nenhum demérito. As meninas não precisam esbanjar feminilidade ou agir de acordo com normas de gênero quando o foco da obra é outra coisa: o amor pela animação e seu desejo de produzi-la.
Ao contrário de Shirobako, que também é uma ótima obra para entender como a indústria dos animes funciona, cujo olhar é mais técnico, Eizouken ni wa Te wo Dasu na! se concentra na parte criativa do negócio. É a paixão de criar, de encontrar pessoas que compartilhem o mesmo sentimento que você, de passar essa mensagem para um público maior. O primeiro episódio tratou de nos apresentar às protagonistas, estabelecendo suas personalidades e objetivos, e preparar o terreno para o que está por vir. Sinto que Eizouken ni wa Te wo Dasu na! será uma obra cheia de referências e que tocará os corações de todos os amantes desta arte que chamamos de animação.
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Haikyuu!!: To the Top [Ana]
Embora ultimamente não tenhamos resenhado sobre continuações aqui, nosso anime de esporte favorito não poderia ficar de fora. Haikyuu!! é uma obra que só melhorou ao longo das temporadas, por isso esperamos que a qualidade seja mantida, e posso dizer que o primeiro episódio não deixou a desejar – mesmo que introdutório, os principais conflitos foram estabelecidos.
No decorrer da adaptação pudemos ver o quanto o Karasuno se desenvolveu como time e quanto a interação entre os personagens contribuiu para o crescimento dos mesmos. No entanto, vemos que ainda há muito o que ser trabalhado. Enquanto Kageyama é escolhido para participar de um retiro de treinamento em Tóquio que reúne estudantes de todo o Japão, Hinata se sente frustrado por não ter sido chamado e se infiltra no retiro de treinamento da Shiratorizawa. Dessa forma, um desenvolvimento individual do personagem parece ser mais o foco dessa temporada, no sentido de como o Hinata pode ser capaz de se destacar como jogador mesmo sem o Kageyama como seu levantador.
Estou bastante feliz por ver todos os personagens que eu amo de volta e ansiosa para ver o rumo deles e do time como um todo. Apesar da mudança na direção do anime, a atual diretora já fazia parte da equipe nas outras temporadas, sendo assim, acredito que não precisamos ter grandes preocupações quanto à adaptação.
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Jibaku Shounen Hanako-kun [Lucy]
Com um traço extremamente charmoso, esse é um título que já tem feito um certo sucesso antes mesmo do lançamento de seu anime. Baseado na lenda da Hanako-san, que seria mais ou menos uma versão japonesa da nossa loira do banheiro (mas ela realiza desejos), temos aqui o Hanako-kun… que seria, talvez, o moreno do banheiro?
A melhor notícia sobre esse anime é que o estúdio Lerche (Given, Assassination Classroom) conseguiu adaptar perfeitamente o original. Na verdade, dado o estilo da direção — dividindo a tela em quadros e utilizando pouca animação em si — a sensação é a de estar assistindo um mangá. Não digo isso de maneira negativa, o episódio está transbordando com estilo, ficou muito bonito, e os momentos de comédia funcionaram muito bem nesse formato. Essa abordagem, na verdade, é uma marca do diretor Masaomi Andou (Kuzu no Honkai, Kanata no Astra), e caiu como uma luva em Hanako-kun.
Sobre a história em si, não há muito o que comentar. A protagonista Yashiro invoca um fantasma para ajudá-la a conquistar o senpai que ama, mas é claro que mexer com o sobrenatural traz vários riscos. Com certeza, tanto ela quanto nós devemos aprender mais sobre isso ao longo da série. Aliás, a princípio, me parece que o anime vai ser algo bem episódico, mas vendo o encerramento talvez eu esteja enganada… será?
Aliás, por que o fantasma do menino fica no banheiro feminino?!
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Koisuru Asteroid [Mari]
Por estar há bastante tempo na indústria, o estúdio Doga Kobo já trabalhou com diversos tipos de produções, mas não há dúvidas de que seu brilho está nas pequenas coisas (comédias, slices of life, etc), tendo como exemplo as adaptações de Yuru Yuri, Natsuyuki Rendezvous, Gekkan Shoujo Nozaki-kun, entre outras. Sendo assim, fiquei feliz quando soube que eles seriam os responsáveis pela animação de Koisuru Asteroid, o que me pareceu 100% a praia deles.
Koisuru Asteroid é mais um anime do ramo CGDCT (Cute Girls Doing Cute Things), só que dessa vez com uma dose altíssima de subtexto yuri, o que eu acredito que já era de se esperar com a Yamada Yuka (Kobayashi-san Chi no Maidragon) na composição da série. Se o relacionamento entre Mira e Ao de fato virará algo a mais no futuro eu não sei – é possível, mas mesmo que isso não aconteça, a obra não perderá os seus méritos.
Embora as personagens sejam um pouco kawaii demais pro meu gosto, assisti-las é muito divertido. Elas possuem personalidades e interesses conflitantes, porém de alguma forma terão que conciliá-los pelo bem maior (o clube). Se alguém me dissesse que Koisuru Asteroid é mais do mesmo, bem, essa pessoa não estaria errada, entretanto isso também não significa que o anime seja ruim. Eu certamente estou animada para acompanhar a jornada dessas meninas até o final.
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Oshi ga Budoukan Ittekuretara Shinu [Mari]
Vou ser sincera e admitir que idols nunca fizeram muito o meu estilo. Apesar disso, várias coisas captaram o meu interesse em relação a Oshi ga Budoukan Ittekuretara Shinu: 1) é yuri (e há uma inegável escassez de boas adaptações do gênero); 2) eu gosto do estúdio 8bit (inclusive foram eles que animaram Hoshiai no Sora, um dos meus animes preferidos do ano passado); e 3) Akao Deko, uma das melhores roteiristas da indústria na minha opinião, ficou responsável pela composição da série. Além disso, duas amigas japonesas me confirmaram que o mangá era de fato divertido, então por que não dar uma chance, não é mesmo?
Neste primeiro episódio de Oshi ga Budoukan Ittekuretara Shinu conhecemos a protagonista Eripiyo, que é obcecada pela idol Maina, integrante secundária de um grupo não muito popular chamado Cham Jam, e sua rotina de fã que faz de tudo por sua artista preferida. Embora seja bonito e engraçado, eu acredito que OshiBudo é na verdade uma sátira da indústria de idols. A própria Eripiyo e seus colegas reconhecem o papel de idiota que às vezes fazem, e existe uma certa consciência sobre o quão assustadora a relação entre idols e fãs pode ser (obsessão a ponto de perseguir, por exemplo, ou tratar as idols como se fossem mercadorias e não pessoas, etc).
É claro que nós como fãs do gênero vamos querer que a relação entre Eripiyo x Maina se concretize, mas a forma com a qual a autora vai desenvolver isso é o que realmente importa e será preciso ter cuidado para não normalizar comportamentos obsessivos, por exemplo. De qualquer forma, até o momento eu não tenho do que reclamar. Aguardemos os próximos capítulos!
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Runway de Waratte [Lucy]
O que me chamou atenção de imediato aqui foi a relação entre temática e demografia: um anime shounen sobre moda! Esse já é um tema pouco abordado pela mídia, e quando ocorre, é para o público feminino (Paradise Kiss e Kuragehime, por exemplo). Logo, fiquei curiosa sobre qual seria a abordagem aqui.
O resultado são duas histórias que se unem ao fim do episódio: a saga de Chiyuki para chegar na Paris Fashion Week e o caminho de Ikuto como designer. Ao se tornarem parceiros, eles conseguem dar um grande passo em direção aos seus sonhos… com a ajuda de algumas coincidências e decisões que podem testar a suspensão de descrença de alguns espectadores. Mas também, qual bom shounen não faz isso? De qualquer maneira, sinto que a força desse anime está nos protagonistas e como será trabalhada a divisão do foco entre os dois.
Quanto às questões técnicas, não há muito do que reclamar… mas também não há nada de extraordinário aqui. O estúdio Ezòla, apesar de iniciante (Runway é seu terceiro anime, após Happy Sugar Life e Sounan Desu ka?), consegue apresentar um trabalho consistente e competente, mesmo que simples. Num geral, é possível ver que apesar de cuidadosa e agradável aos olhos, essa não é uma grande produção — a torcida é para que consigam manter esse nível ao longo das próximas semanas.
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Pra quem acha o visual de Eizounen feio, recomendo olhar Ben 10 Omniverse, Transformers Animated ou Star vs as Forças do Mal. Esses aí doem nos olhos.
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