
Eu tenho boas e más notícias em relação a DIVE!!. A boa notícia é que a obra pelo menos conseguiu desenvolver um enredo e não se tornou um novo Battery; a má notícia é que esse enredo não foi capaz de me cativar. Ainda que DIVE!! tenha cumprido o que se propôs a fazer, faltou algo que tornasse o esporte e os conflitos entre os personagens interessantes.
Salto ornamental é um esporte que requer bastante treino para um único momento que passa em um piscar de olhos. De início, me perguntei como os roteiristas fariam para transformar esse momento em uma coisa empolgante, mas me parece que eles também não encontraram a resposta. Embora os cenários fossem bonitos e a animação decente, não existe aquela emoção que você sente quando está vendo outros animes de esporte. Os roteiristas falharam em construir tensão, relacionada tanto ao salto ornamental quanto aos personagens e os relacionamentos entre eles, que são extremamente artificiais – a começar pelo namoro do protagonista, a amizade dele com os colegas de clube e com o próprio irmão.
Eu não diria que DIVE!! foi um completo desperdício do meu tempo, afinal, pude contemplar a beleza da Asaki Kayoko, técnica do clube, que é um mulherão da porra, ao longo dos episódios. Além disso, vários dubladores que eu gosto fizeram parte do elenco. No entanto, como fã de animes de esporte, eu definitivamente não recomendaria DIVE!!para quem está procurando uma boa obra do gênero para assistir.
6.0/10
Kakegurui é, sem sombra de dúvidas, o meu anime preferido da temporada. A adaptação sofreu um pouco com cortes, tanto de conteúdo quanto de orçamento, mas não deixou de fazer com que eu ficasse ansiosa para o próximo episódio em nenhum momento. Embora a Netflix tenha arruinado um pouco a experiência de acompanhar o anime semanalmente já que ficamos sem legendas oficiais devido ao licenciamento, eu diria que os fãs da obra conseguiram entregar uma tradução pelo menos “assistível” e eu pretendo ler o mangá para descobrir o que eu posso ter perdido.
Kakegurui entrega exatamente aquilo que promete: um bando de adolescentes que não batem muito bem da cabeça apostando quantidades insanas de dinheiro em troca de interesses pessoais (que variam bastante). É trágico e cômico que algumas pessoas tenham criticado o anime por “falta de realismo” em sua história ou “falta de inteligência” na construção dos jogos de aposta quando Kakegurui nunca se propôs a ser uma obra desse tipo. Você assiste Kakegurui para ver a Yumeko detonar o Conselho Estudantil, desafiar o sistema da escola e se divertir. Não há nada de pretensioso por trás da proposta de Kakegurui e é injusto você criticar a obra por algo que ela não é (e não se propôs a ser).
Apesar de alguns furos no roteiro (o autor não parece entender muito bem como dinheiro e juros funcionam, considerando que todos ficaram surpresos quando a Yumeko não usou a bolada que ganhou em parceria com a Meari para pagar a dívida que ela tinha com o Conselho Estudantil, que não cobra juros, e que portanto possibilitava que ela fizesse ainda mais dinheiro) e nem todos os episódios terem o mesmo nível de tensão, acompanhar as aventuras da Yumeko foi uma experiência incrivelmente divertida pra mim.
Preciso, inclusive, elogiar as dubladoras que trabalharam com a adaptação. Mencionei isso nas primeiras impressões da temporada, mas a Hayami Saori interpretou a Yumeko brilhantemente, e não podemos esquecer que a Ise Mariyafoi absolutamente fantástica fazendo o papel da Midari. Não sei se teremos uma segunda temporada (difícil, considerando que o anime teve um final original, ainda que escrito pelo próprio autor), mas se rolar… Definitivamente assistirei.
8.5/10
Confesso que eu não tinha muitas expectativas em relação a Katsugeki/Touken Ranbu e o anime em si acabou não me surpreendendo. Segui até o final mais pela estética e pela animação maravilhosa do estúdio ufotable do que qualquer outra coisa.
Embora alguns personagens sejam interessantes (como o Mutsunokami devido a sua personalidade), a história não tem nada de muito especial. Basicamente, a obra resume-se a guerreiros portadores de espadas de períodos diferentes que tentam em todo episódio proteger a história, impedindo que o Exército do Tempo Retrógrado mude o seu curso. Nesse sentido, o que prende o espectador são as cenas de ação – o forte do estúdio –, sempre muito bem animadas. A atmosfera um tanto sombria também foi algo que me agradou.
Por se tratar de uma adaptação de um jogo que aparentemente tem uma história curta, acredito que o estúdio fez um bom trabalho. Caso você curta cenas de ação bem animadas e não se importe quando falta profundidade no enredo de um anime, recomendo que assista – a adaptação é realmente muito, muito bonita esteticamente falando (desde os cenários até o character design e a retratação de cada período histórico).
7.0/10
Keppeki Danshi! Aoyama-kun acabou sendo mais episódico do que eu esperava, em que cada semana um novo personagem específico roubava os holofotes. Isso não é necessariamente ruim – o único ponto é que consequentemente alguns personagens acabaram sendo mais interessantes e renderam tramas mais engraçadas.
Como o esporte ficou em segundo plano e o anime passou a ser sustentado mais por slice of life e comédia, acredito que a obra conseguiu manter um nível razoável, sem apelar pra uma comédia forçada que não funcionasse ou fosse ofensiva, mesmo que existisse uma repetição de situações às vezes. Por esse motivo, conforme citado em relação aos personagens, alguns episódios, por consequência, acabaram sendo mais engraçados e melhores que outros.
Mesmo sem muita profundidade, foi um anime divertido e, assim, leve de acompanhar, com uma animação muito bonita (ainda que simples) e de bônus uns chibis bonitinhos que elevavam mais o humor. Recomendo pra quem não procura algo muito focado no esporte, embora o tenha como plano de fundo, e que gostaria de dar umas risadas ou passar o tempo.
7.5/10
Made in Abyss foi um anime maravilhoso de acompanhar – a direção, os cenários, a história, as atuações dos dubladores e a animação… Tudo colaborou para que essa obra, na minha opinião, tenha se tornado a melhor temporada.
Made in Abyss é uma montanha russa de emoções: uma hora você se sente super animado e motivado com a empolgação da Riko; minutos depois, você fica tipo “PELO AMOR DE DEUS, ELES SÃO SOMENTE CRIANÇAS!!!!”. Em outras palavras, preparem-se para sofrer.
O anime teve, de fato, alguns episódios que foram mais fracos do que outros, mas nada que diminuísse muito o seu brilho, já que logo no episódio seguinte algo empolgante acontecia e o anime voltava a surpreender. Gostaria também de destacar a dublagem da Ozen, feita pela maravilhosa Sayaka Ohara (Erza <3), que fez um trabalho maravilhoso com essa personagem, e que acabou se tornando uma das minhas favoritas da série.
9.0/10
Escrever sobre Re:Creators é muito difícil. Embora eu tenha acompanhado a obra religiosamente a cada novo episódio durante os últimos seis meses, eu ainda não sei muito bem o que escrever sobre essa experiência. Posso dizer, no entanto, que ela foi bastante divertida – bem, até o momento em que caímos em uma ladeira de sofrimento, pelo menos.
Vamos começar pelo básico: a proposta. Re:Creators é praticamente a realização do sonho de todo otaku quando era criança: ver seus heróis preferidos interagirem em uma mesma história e ter a possibilidade de conhecê-los pessoalmente. A discussão que a ideia de sermos capazes de criar mundos e a forma com a qual eles influenciam o nosso próprio acarreta é, de fato, interessante. Uma história nunca é somente uma história – há sempre uma mensagem por trás de cada uma delas, algo que o autor quer mostrar ao mundo. Gostei, particularmente, quando o Matsubara falou algo como “minha escrita é prova de que eu vivi” (não necessariamente com essas palavras, mas algo nesse sentido).
Re:Creators acerta em cheio quando decide abordar questões específicas da indústria: o terror que são os prazos, o medo de não conseguir escrever algo bom, a angústia das coisas não saírem como você esperava, o sentimento de inferioridade quando comparado ao sucesso dos outros etc. O desenvolvimento entre a ilustradora Marine e a mangaká Suruga é algo que eu definitivamente destacaria, pois uma não se achava boa o suficiente por “demorar muito para desenhar” e admirava a outra por ser capaz de fazer desenhos bonitos rapidamente, enquanto a outra em questão achava o mesmo por não conseguir fazer desenhos tão bons/detalhados quanto àquela ilustradora. É um conflito que surge através de palavras não ditas, mas ao mesmo tempo impulsiona ambas a polirem suas habilidades, e eu gosto muito de ver as personagens crescerem através do próprio esforço, ainda que precisem derramar muitas lágrimas, suor e até mesmo sangue (no caso da Suruga com o Blitz) pelo caminho.
Outra coisa que merece ser destacada é a questão de cyberbullying. Infelizmente essa prática é muito comum (sobretudo em canais como aquele mostrado no anime) e não é tratada com a seriedade que deveria por grande parte da população. É lamentável que as pessoas precisem chegar ao ponto de cometer suicídio para que os outros comecem a se importar, mas a mensagem de conscientização, que é o que fica, merece ser passada adiante.
Quanto à narrativa em si, tivemos alguns problemas. Diálogos expositivos demais (embora eu aprecie o esforço dos autores de tentar mostrar a lógica que eles utilizaram para construir aquele universo); enredo arrastado na reta final da obra (ainda que seja compreensível que eles tenham optado por essa tática para construir uma tensão e criar expectativas em relação ao desfecho); e previsibilidade. Quanto ao último ponto, eu particularmente não tinha pensado na possibilidade até que vi outras pessoas comentarem sobre, mas muita gente achou anticlimático o fato da Shimazaki ter retornado como uma criação, por se tratar de algo muito previsível na opinião de quem acompanhou a obra. Nesse sentido, eu preferi me preocupar com a execução da coisa, e acho que a equipe não desapontou, embora não tenha revelado nenhuma surpresa no fim das contas.
Em linhas gerais, Re:Creators é uma boa obra. Não é tudo aquilo que poderia ter sido, mas cumpriu a proposta que prometeu de início. A trilha sonora é definitivamente o maior destaque da adaptação, mas também tivemos algumas cenas de ação bastante legais, que já são marca do diretor Ei Aoki. Não é exatamente o tipo de coisa que eu recomendaria, mas foi uma experiência que eu particularmente curti, apesar dos pesares.
7.5/10
Com o passar as semanas, Sakura Quest se tornou uma obra que eu amo e que eu nunca imaginei que me pegaria dessa forma. O anime, cuja história fala sobre uma jovem que vai para uma cidade do interior a trabalho com o objetivo de ajudá-la a voltar a crescer, conquistou um espaço enorme no meu coração. A gente se apaixona por absolutamente todas as personagens desse anime! A cada episódio, aprendemos mais sobre cada uma delas, entendemos o que se passa na vida delas e, às vezes, até nos identificamos bastante com algumas situações que elas precisam enfrentar ou decisões que precisam tomar.
Sakura Quest trabalha muito com os conflitos e as dificuldades individuais de cada uma de suas personagens principais, mostrando as maneiras que elas podem (ou não) superar seus problemas, e a forma com a qual isso é feito faz a gente pensar um pouco sobre os nossos próprios relacionamentos, e até mesmo sobre o que queremos fazer da vida: partir em uma jornada para uma cidade grande e tentar a vida lá ou permanecer em sua cidade natal? Quais são os riscos que cada situação acarreta? Até onde perseguir um sonho vale a pena? E se nada der certo, o que faremos?
Além disso, o anime possui uma trilha sonora maravilhosa! Eu costumo pular as aberturas, porém me recusei a fazer isso com Sakura Quest. Acompanhar essa obra foi uma experiência incrível e eu tenho certeza que quem assistir também vai se apaixonar pela cidade e por seus moradores.
Um comentário em “Impressões finais: Temporada de Verão (2017)”