Eu sinto que quanto mais a pandemia perdura, pior a minha percepção do tempo fica. Tipo, não foi ontem que a temporada de primavera começou? Como assim já estamos escrevendo as nossas impressões finais?! Bem, divagações à parte, nesta postagem vocês poderão conferir as nossas impressões finais de 86, Bakuten!!, Bishounen Tanteidan, Jouran: The Princess of Snow and Blood, Mashiro no Oto, Sayonara Watashi no Cramer e Shakunetsu Kabaddi.
86 [Mari]
Quando alguém me pergunta o que caracteriza uma boa adaptação em anime, a minha resposta é sempre a mesma: esta nova forma de contar a história precisa tirar proveito dos recursos que são próprios do meio da animação e acrescentar algo em relação ao material original, tornando-a assim uma experiência diferente, que pode ou não engrandecer a obra. As pessoas responsáveis pela adaptação de 86 parecem concordar comigo, visto que o anime trabalhou muito bem com as virtudes do diretor Ishii Toshimasa, com destaque para suas hábeis transições entre cenas (que eu não tinha gostado tanto assim num primeiro momento, mas depois fiquei convencida de que eram uma excelente escolha para contar a história de 86), e expandiu o universo da obra. Uma parcela de conteúdo original foi acrescentada entre os acontecimentos da Light Novel, servindo para melhor desenvolver os personagens e preencher lacunas que possivelmente poderiam ter sido deixadas pela autora. Os fãs de mangás e LN adaptadas normalmente torcem o nariz para animes que incluem conteúdo original em seus trabalhos, mas esse não me parece ter sido o caso com 86, que foi muito elogiado tanto pelos marinheiros de primeira viagem como pelos leitores da LN.
Nas palavras de Callum May, também conhecido como The Canipa Effect, nome do canal que ele tem no YouTube: “Episódios de anime com conteúdo original podem gerar uma má reputação. Embora longas adaptações da Shonen Jump possam usá-los como fillers […], eles também podem ser usados como uma forma de a equipe de criação do anime contar sua própria história. O episódio 10 de 86 provou que, para esta equipe, adaptar esta obra não é um trabalho qualquer, mas um projeto de paixão criativa por si só”. O Canipa está muito mais apto do que eu para discutir sobre os aspectos técnicos do anime, então recomendo dar uma lida nas resenhas episódicas que ele postou semanalmente no Anime News Network, mas acredito firmemente que não seria exagero meu dizer que 86 teve uma das adaptações mais enriquecedoras que já vimos nos últimos anos.
Quanto ao enredo, bem, 86 entregou tudo aquilo que eu esperava dele: críticas à estrutura de poder fascista que há em seu universo e as tentativas (mal sucedidas) da protagonista de tentar mudá-la; tapas na cara de quem acha que luta contra um sistema opressor se faz do conforto de nossos sofás, em um lugar seguro e distante dos perrengues daqueles que sofrem; e, é claro, posicionamentos nada sutis sobre como racismo, políticas higienistas e genocídio são coisas terríveis e que não devem ser apoiadas por ninguém, mesmo que grande parte da população e/ou daqueles que detêm o poder possam se beneficiar disso. 86 inteiro é uma surra em otaku que acha que opressões estruturais são “mimimi”, embora eu não espere que eles entendam isso ao assistirem (e se assistirem), tamanho o eco que deve fazer na cabeça deles.
A jornada de Lena e seus subordinados, que acompanhamos até aqui, é bela e incrivelmente dolorosa ao mesmo tempo. 86 já está confirmado com um segundo cour e eu mal posso esperar para descobrir quais serão os próximos passos da nossa querida Major.
9.0/10
Bakuten!! [Mari]
Bakuten!! é uma verdadeira joia. Embora estruturalmente não traga nada de inovador para o gênero de animes de esporte, tudo o que ele apresenta é tão bem feito que ao final de cada episódio só nos resta aplaudir a equipe envolvida com o projeto. Dá pra sentir a paixão e a entrega dos diretores, roteiristas, chefes de animação, compositores, animadores, dubladores e todos os demais que fizeram parte dessa produção através da tela. Fiquei imensamente feliz quando anunciaram que teremos uma continuação em filme, pois tenho certeza que essa equipe é capaz de nos entregar muito mais.
Tematicamente Bakuten!! segue uma premissa comum: os protagonistas da história fazem parte de um clube de ginástica rítmica que mal tem membros suficientes para participar das competições, mas que mesmo assim possui grandes ambições. Cada personagem tem sua própria “história de origem” em relação ao esporte, mas todos eles compartilham uma mesma motivação: eles querem voar juntos. Bakuten!! trabalha com ideias de inspiração, esforço, coletividade, futuro, rivalidades e o papel dos educadores e treinadores para nutrir e lapidar o talento desses garotos. É uma obra que nos permite sonhar, mesmo nos momentos em que precisamos manter os pés no chão. Dependendo do quão emotivo você for, Bakuten!! certamente será capaz de te fazer derramar lágrimas de tristeza e de felicidade no decorrer dos seus 12 episódios.
Minhas expectativas eram moderadas, mas digo com tranquilidade que o anime superou-as completamente. Estou ansiosa para descobrir aonde a jornada de Shoutarou, seus colegas de time e rivais irá nos levar!
8.0/10
Bishounen Tanteidan [Lucy]
Assistir as coisas sem expectativa é bom demais, porque o mínimo necessário já te deixa satisfeita. Como mencionei nas primeiras impressões da temporada, decidi por assistir esse anime de maneira completamente despretensiosa, e com certeza aproveitei muito mais assim do que se eu construisse grandes expectativas.
Tenho sempre aquele pinguinho de afeição por coisas supostamente realistas porém com toques de absurdo, e Bishounen Tanteidan se encaixa por completo nesse molde. Jamais que eu ia imaginar que a tal estrela que a menina buscava no primeiro episódio era um satélite militar, que ela só conseguiu vê-lo porque tem supervisão, e que seria sequestrada por uma organização criminosa por saber demais – e isso foi só o segundo episódio. Por mais bizarro que isso soe quando descrito, tem alguma magia no anime que faz isso funcionar (depois do estranhamento inicial, é claro). Todos os outros casos também dão uma baita forçada no tecido da realidade, mas é fácil de ignorar porque é tudo muito belo e combina com as personalidades exageradas do elenco – falo isso de maneira positiva.
Falando em beleza, o Shaft conseguiu entregar um bom trabalho, com arte bonita e animação sem necessidade de correções (amém!). Não é a direção mais surtada do Shinbo – diria que é uma das mais contidas das que eu vi, até –, mas ainda tem alguns toques característicos da equipe. Destaco os segmentos com estilos fora do padrão da série. Sou muito fraca por esse tipo de coisa, admito, então não é surpresa que essas mudanças tenham sido alguns dos pontos altos de certos episódios para mim.
E falando em pontos altos, levanto mais um tópico que mencionei nas impressões iniciais: a protagonista Mayumi. Sim, ela segue como peça principal da série, e tem todo o destaque e desenvolvimento que merece! Gosto mais dela do que dos meninos, para ser sincera. Esse era o maior risco de decepção pra mim, mas felizmente não se concretizou. Na verdade, o tempo todo eu pensei que Bishounen Tanteidan poderia acabar como uma decepção – assim como a série Monogatari foi para mim. É injusto comparar duas temáticas tão diferentes, eu sei, mas certas manias do autor (e do estúdio) acabaram por me deixar hesitante. Como não poderia deixar de ser, é claro que tem piadas sobre personagens lolicons, e o foco constante nas pernas de um menino de 12 anos acabam ficando desconfortáveis dependendo da cena… mas sinceramente, poderia ter sido bem pior, considerando o que já consumi do Nisioisin, então…? Será que devo considerar isso uma vitória?
Creio que sim, porque ao colocar tudo numa balança, os positivos superam com folga os negativos. Bishounen Tanteidan não apresenta grandes mistérios, nem é o próximo Ouran (sempre tem alguém para comparar…), mas cumpriu o que prometeu: meninos bonitos sendo detetives. Já está bem melhor do que muitas outras obras por aí, não?
7.0/10
Jouran: The Princess of Snow and Blood [Ana]
Nas minhas primeiras impressões eu meio que já previa onde isso ia chegar, mas ainda assim quis dar um voto de confiança e continuar assistindo. Então não vou me alongar muito aqui: continuou sendo bomba. É com muito pesar que digo isso porque em diversos momentos Jouran: The Princess of Snow and Blood mostrou que podia ser algo melhor, mas simplesmente pegou o potencial e jogou no lixo.
A começar pela animação. Realmente foi o ponto forte do anime, principalmente nas cenas de ação, em que um estilo um pouco diferente era usado e eu gostei bastante dessa escolha. Agora a história… Se no meio do anime tivemos a impressão de que o objetivo da protagonista havia sido concluído, de uma maneira em que ficamos nos perguntando o que poderia acontecer na segunda metade para nos motivar a continuar assistindo, mesmo com a possibilidade de haver uma reviravolta, isso não foi executado da melhor maneira. Tanto os acontecimentos em si, como a forma e a velocidade que aconteciam não faziam muito sentido. Outro ponto foi o próprio final. Tem histórias que a gente já não espera muito um final feliz, mas aqui esse parecia ser o único ponto que a gente podia se apegar já que os personagens mal tiveram um aprofundamento necessário para que nos importássemos de fato com a maioria deles e muito menos tiveram um bom desenvolvimento, e simplesmente nos últimos minutos pisaram na possibilidade de um final minimamente decente.
Alerta de spoilers aqui, mas não tenho muito como fugir, então se não quiser ler, pule para o próximo parágrafo. A morte da Sawa no final deixa um gosto amargo na boca, pela sensação de que tudo que ela fez tenha sido em vão. Até mesmo os pontos que eu tinha gostado, como a sua aproximação da Hana durante a gravidez e os laços fortalecidos com a Asahi, ficam ofuscados, porque Sawa não apenas a deixou, como a menina nem paz vai ter, pois de alguma forma seu poder foi passado para ela. A desgraça parece não ter fim.
Sinceramente fico na expectativa de que o estúdio possa animar algo no futuro com uma história melhor, eles mostraram aqui que tem potencial, mas infelizmente esse anime vai ficar facilmente esquecido com tantas coisas que realmente valeram a pena nessa temporada.
5.0/10
Mashiro no Oto [Mari]
O páreo foi duríssimo, especialmente com 86 na disputa, mas temos aqui o meu AOTS (anime of the season). Espero muito que as vendas do Blu-Ray sejam bem sucedidas e que o anime alavanque os números do mangá para que possamos ter a confirmação de novas temporadas, pois se tem uma coisa que a finalização de Mashiro no Oto deixou bem claro é que a história que acompanhamos até aqui marcou apenas o começo da busca de Setsu pelo seu verdadeiro som. O jovem, que antes não tinha o menor interesse por competições e preocupava-se somente em imitar o som de seu avô, agora descobriu a sensação maravilhosa que é ter um público vibrando por você, a alegria de tocar ao lado de seus amigos, e a satisfação de saber que está no caminho certo para encontrar o seu eu autêntico. Mesmo com seus sentimentos confusos de perda com a morte de seu avô, a pressão de seus pais, e as expectativas daqueles ao seu redor, Setsu segue em frente, vivendo um dia após o outro.
Mashiro no Oto é uma obra que trabalha com muitos temas. Além do período de luto pelo qual o protagonista e seus familiares passaram, um de seus pontos centrais é a busca de Setsu pelo seu lugar no mundo e sua motivação para tocar o shamisen, que é mais do que apenas um instrumento musical. Como o próprio Kamiki Seiryuu disse no episódio 12, o shamisen é uma arte, é uma forma pela qual as pessoas escolhem expressar os seus sentimentos, e Setsu, que tem emoções tão voláteis, vê isso refletido na maneira como toca. O som de Setsu é vivo, está em constante mudança, e nem todos serão capazes de aceitá-lo (como sua mãe, que quer que ele toque da mesma forma que o avô). O futuro está em aberto e cabe a Setsu decidir quem ele irá querer se tornar. O cast secundário também é bastante rico, com personagens carismáticos e que tem os próprios conflitos para resolver. Seus caminhos se cruzam com o de Setsu e, juntos, eles seguem evoluindo.
Apesar dos recursos limitados do estúdio Shin-Ei Animation, Mashiro no Oto mostrou-se ser um dos animes mais esteticamente bonitos da temporada. Além disso, a adaptação contou com um elenco de dubladores magnífico e, na minha humilde opinião, ainda teve a melhor abertura da temporada (“BLIZZARD” da banda BURNOUT SYNDROMES) e o melhor encerramento (“Kono Yume ga Sameru made feat. Yoshida Brothers” da Miliyah Katou). Espero muito, muito mesmo ver uma continuação no futuro!
9.5/10
Sayonara Watashi no Cramer [Ana]
Vamos de mais bomba! Nesse caso aqui uma junção de uma péssima animação com uma história bem razoável, fica até difícil levantar quais seriam os pontos positivos de Sayonara Watashi no Cramer, mas vamos por partes…
Primeiramente, é impossível ao pensar em Cramer não falar do quão medíocre foi a animação. Poxa, LIDENFILMS, vocês podiam ter feito melhor! A prova disso é que o filme, uma prequel da história do anime, que também foi possível de se assistir entre alguns dos episódios finais, mesmo com um CG meio estranho, foi melhor. Ao menos nós conseguimos ter uma visão panorâmica e de outros ângulos durante as partidas, o que não acontecia no anime, em que só mostrava as meninas correndo e a gente nunca sabia em qual parte do campo elas estavam, fica muito difícil acompanhar um jogo de futebol assim. Além disso, a fluidez das cenas de movimento era bastante inconsistente, mas o que me frustra ainda mais é que nem as cenas estáticas conseguiam ser bonitas, os personagens muitas vezes pareciam meio vesgos, sem contar aquela cena em que os personagens estão olhando através de grades, mas a grade simplesmente sumia apenas na frente do rosto deles… Tenho nem palavras pra descrever além de: horrível, horrível, horrível!
Logo no início eu meio que já previa que animação seria um desastre, minha pergunta era mais se a história iria compensar e bem… Nem tanto. Aqui também fica difícil não fazer uma comparação com o filme, em que a Nozomi parecia alguém muito mais determinada quando passava por toda a adversidade de ser a única menina a jogar com os meninos do que agora que está em um time feminino. Colocaram a maior parte da atenção a ela, mas senti um desenvolvimento bem raso para falar a verdade, por muitas vezes ela ficava mais babando as habilidades alheias das adversárias do que realmente se esforçando para ser melhor que elas.
Se a protagonista é assim, imagine as outras personagens… A gente mal sabe quais são as funções delas no time… Eu esperava bem mais da Sumire e da interação dela com a Midori, mas elas também ficaram meio apagadas. Além delas, o resto do time é tão coadjuvante que a gente mal sabe quem são as meninas, tirando a irritante da Shiratori e a capitã do time, uma das poucas que dá pra ter o mínimo de simpatia. O desenvolvimento das Warabis como um time é quase nulo, parece que Nozomi, Midori e Sumire são tão boas a ponto de serem reconhecidas pelo time adversário e até receberem a proposta de se mudarem para lá e o restante é tão ruim que não merece o mínimo de desenvolvimento. Pensar que uma das poucas que ganhou isso foi a Sawa, que era apenas manager do time, mas que decide entrar como jogadora e o professor que aos poucos foi se mostrando mais aberto e dando mais conselhos às garotas, do jeito dele. Por vezes cheguei a pensar se não seria mais interessante se nós estivéssemos acompanhando a jornada do time adversário, Kirishima, que foi veterana da Midori em outro colégio e até Aris, a “menina esquisitona” e suas colegas talvez nos renderia algo mais empolgante.
Pois bem, tivemos 13 episódios dessa forma e no último, mesmo que as meninas continuem ruins e sem ganhar jogos, parece que a derrota recente fortaleceu o time e dá aquele gosto de que daqui pra frente as coisas vão ser melhores, mas aí o anime acaba, né? Acredito que a obra tenha uma mensagem muito bacana de que meninas podem sim se desenvolver como jogadoras de futebol. Temos uma ex-jogadora como treinadora que inspirou dezenas de garotas que são realmente talentosas, mas parece que além de não saberem explorar direito nada disso, ainda jogaram para um estúdio que só foi capaz de piorar a situação. Não dou uma nota mais baixa por pena, mas fica difícil defender. Como diria a Mari: é o anime mais feio que a gente já viu.
5.0/10
Shakunetsu Kabaddi [Ana]
É, gente, não deu, levei um struggle e fui contaminada pela energia de Shakunetsu Kabaddi. É o melhor anime de esporte que eu já vi? Com certeza não. Ele é bem genérico em diversos pontos, na verdade, e esse havia sido um dos pontos que me incomodou no começo, mas acredito que a obra conseguiu aproveitar todos os clichês do gênero inseridos da melhor forma e nos oferecer algo divertido de assistir.
Devo dizer que o esporte em si é realmente um pouco confuso de se entender, mas eles se esforçaram em tentar nos explicar minimamente como a coisa funciona e aos poucos foi ficando mais fácil compreender o que acontecia nas partidas. Além disso, os personagens, por mais fisicamente genéricos que fossem, são divertidos, não dá pra negar. Até mesmo o típico jogador, no caso era o capitão, que ao se olhar para ele não se dá nada pela ausência de força física, mas ao jogar parece estar possuído, sendo extremamente rápido e habilidoso funcionou muito bem. Os três últimos que entraram no time também foram uma surpresa positiva, sendo os mais únicos, trazendo um diferencial de aparência e personalidade, só gostaria apenas de ter visto mais deles já que foram inseridos nos últimos quatro episódios. Até mesmo com o “struggle” fiquei mais simpática com o andar da coisa, porque entendi melhor o uso e ele não foi tão exagerado como imaginei.
Embora a animação seja bem ok, a arte ainda me incomodou um pouco, eu não sei dizer bem o que é, mas o anime não é realmente bonito, sabe? Não que isso interfira muito no aproveitamento no fim das contas, mas ainda assim é meio esquisito. No mais, acho que Shakunetsu Kabaddi conseguiu cumprir o que propôs, além de nos entreter, passou uma mensagem bacana sobre como um esporte, sendo o mais impopular que for, pode ser divertido, a emoção de se aprender, praticar e competir com os colegas de equipe que o protagonista havia perdido jogando futebol, sendo resgatado com o Kabaddi foi algo bem legal de se acompanhar. Gostaria muito de uma continuação, já que agora temos uma equipe maior e melhor estruturada, mas acho um pouco difícil pela baixa popularidade do anime. De qualquer forma, o desfecho foi algo positivo, então ao menos esse aqui, de todos que eu estou opinando, não foi bomba! Haha.
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