Chegamos à reta final de um ano relativamente fraco e esquecível em termos de anime. Apesar disso, tivemos uma ou outra obra que se destacaram nas temporadas anteriores, por isso ficaremos na torcida para que pelo menos algumas das nossas escolhas salvem a Fall 2021 para nós. Nesta postagem vocês encontrarão as nossas primeiras impressões de Blue Period, Komi-san wa, Comyushou desu., Sankaku Mado no Sotogawa wa Yoru, SELECTION PROJECT e Taishou Otome Otogibanashi.
Blue Period [Mari]
Falo com tranquilidade que Blue Period será o principal candidato a AOTS (anime of the season). Só é uma pena que a Netflix tenha decidido lançar internacionalmente cada episódio com duas semanas de atraso em relação ao Japão…
Em um primeiro momento Blue Period não parece ter nada de muito especial. O protagonista Yatora é o típico estudante do colegial que passa mais tempo se esforçando para atingir as expectativas alheias, sejam estas de seus amigos, professores ou pais, e assim sentir que está fazendo sua contribuição para a sociedade ou que é parte de um grupo, do que fazendo algo que ele realmente gosta. É possível ver esse contraste pela forma que Yatora se dedica aos estudos ao mesmo tempo em que faz coisas “rebeldes” com seus amigos, como beber e fumar, mesmo sendo menor de idade. Yatora não sente que está genuinamente vivendo e isso só muda quando ele descobre a paixão de pintar. Este despertar lhe leva a outro conflito: viver de arte é muito difícil, então será que realmente vale a pena estudar isso na faculdade, apesar de todas as incertezas do futuro, e sabendo que sua única chance de seguir tal caminho, devido à situação financeira de sua família, seria por meio de uma universidade pública cuja taxa de admissão baixíssima?
Vejam bem, não se trata de um enredo grandioso. Histórias de pessoas que encontram uma paixão e decidem ir atrás de seus sonhos existem aos montes por aí. Mas o que torna Blue Period interessante, além do tema que não é tão comumente explorado pelos animes, é o seu elenco de personagens. Desde a professora cujo comportamento nos surpreende no decorrer do episódio até o personagem não-binário e a veterana do Clube de Artes responsável pela pintura que chamou a atenção de Yatora, nota-se como cada um tem um perfil único e que há significado naquilo que eles dizem e fazem. Mal posso esperar para ver o que sairá das interações que eles terão entre si!
Quanto à parte técnica, ela me parece OK. Não há nada que me salte aos olhos até o momento, seja de forma positiva ou negativa. Como o estúdio Seven Arcs também foi responsável pela adaptação de Arte, se eles mantiverem a mesma qualidade daquela ocasião em Blue Period, já me darei por satisfeita. A ver o que teremos pela frente!
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Komi-san wa, Comyushou desu. [Mari]
Mais uma vítima da Netflix jail, Komi-san wa, Comyushou desu. também é um dos candidatos a AOTS: além de ser baseado em um mangá bastante elogiado pela comunidade otaku, a adaptação tem se mostrado uma das mais visualmente bonitas da temporada. O character design simples permite uma maior fluidez de movimentos que, somada aos belíssimos cenários apresentados até aqui, torna a experiência de assistir o anime gratificante. E se você, assim como eu, notou uma significante semelhança entre a adaptação de Major 2nd (especialmente a segunda temporada) e Komi-san wa, Comyushou desu., você não está louco: além de ambas terem sido produzidas pelo estúdio OLM, elas também contaram com o mesmo diretor: Watanabe Ayumu. Torço para que Komi-san consiga chegar até o final da temporada com a mesma qualidade que começou!
Embora seja uma comédia (romântica?) sobre uma garota que tem um transtorno de comunicação social, o anime é autoconsciente. A dificuldade da protagonista de se comunicar não é apenas um artifício para torná-la fofa; ela é genuinamente tratada com a seriedade que merece e algo que Komi quer superar. Como disse a Ana enquanto assistíamos à estreia: comecei o episódio rindo e terminei chorando. E, no meu caso, ainda tive um ataque de fofura.
Ainda é difícil dizer que direção Komi-san tomará, principalmente depois da cena final em que descobrimos que o tal colégio de elite na verdade é uma junção de gente ablublubé das ideias. Até o momento eu gostei da dinâmica da Komi com o Tadano, mas não sei o que esperar das interações que estão por vir. Aguardemos os próximos capítulos!
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Sankaku Mado no Sotogawa wa Yoru [Lucy]
Eu adoro mistério e adoro BL, então não é surpresa pra ninguém que eu tenha abraçado com tudo a ideia desse anime assim que ele foi anunciado. Mas aí eu abri o episódio e me deparei com transeuntes em CG passando pela tela, então abaixei minhas expectativas.
É claro, uma animação ruim não necessariamente é uma morte imediata — mas se a direção também não ajuda, estamos nos complicando mais ainda. Um dos pontos centrais do anime, como o gênero indica, é a relação entre os protagonistas, catapultada desde o início por se tornarem parceiros em exorcismos. O que propulsiona a tensão entre eles é que os métodos usados são basicamente uma metáfora para sexo, só que com um agravante: não dá pra sentir química nenhuma entre a dupla. Tem todas as frases de duplo sentido, as poses, os toques, mas não tem nada de sensual fora um gemido aqui ou ali. São só os caras parados, falando ou pensando sobre como a sensação é boa. Na verdade, chega a ser quase desconfortável, ainda mais quando o diálogo está recheado de chavões clássicos do gênero sobre consentimento (ou a falta dele, no caso). Espero que o desenvolvimento emocional entre eles melhore essa situação, porque não sei se a direção encontrará seu rumo.
Logo, estou depositando o resto da minha esperança na história. Ouvi diversos elogios ao mangá nos últimos anos, especialmente se tratando da parte de mistério e conflitos psicológicos. O caso apresentado no primeiro episódio é um tanto corrido, ao ponto de que pode ser um pouco confuso como que eles chegaram do ponto A ao B, mas é o suficiente para entender o clima que a série quer passar. Fora isso, já apresenta aquela que eu imagino que será a antagonista da série — e que até onde sei, não deve ser usada para “atrapalhar” o romance, então estou curiosa para ver mais dela. Quanto aos protagonistas… gostei do pobre coitado do Mikado, mas não vou muito com a cara do loiro (repare que nem gravei o nome dele). Bem, mistério, né? Sempre vai ter o personagem suspeito desde o início.
Apesar dessa grande decepção visual logo de cara, — se o primeiro episódio teve essa animação, imagina como estaremos daqui a três meses? — quero ver mais de Sankaku Mado. Acredito que os elogios que ouvi não foram à toa, e a proposta inicial realmente tem um grande potencial. E convenhamos, eu quero acreditar! A ideia desse anime é tão “nossa, isso foi feito pra mim”! Espero que não gastem toda a minha boa vontade…
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SELECTION PROJECT [Lucy]
Vamos começar revelando um ponto crucial: você está lendo isso agora porque este é o único anime que eu planejei ver essa temporada que já não está sendo comentado pela equipe, e foi uma decisão completamente às cegas, só porque é um anime de idol. Mas trago boas notícias: consigo me ver acompanhando Selection Project pelas próximas semanas.
Isso é, se a série seguir o conceito inicial — a rodada final de um concurso nacional para escolher a nova grande artista de uma empresa. Todas as personagens relevantes são apresentadas brevemente ao longo desse episódio, mesmo que de maneira um pouco corrida, e a ideia que fica no ar é que esse vai ser o “Arco de Torneio com Idols – The Animation”. Cada uma das meninas se encaixa numa forminha de “tipo” de waifu, como é típico do gênero, mas sempre há a possibilidade de desenvolver elas além disso, ainda mais se tratando de um história que as coloca para competirem entre si. Breve spoiler do primeiro episódio aqui, mas fica óbvio que mesmo que nossa protagonista não esteja entre as finalistas a princípio, alguma coisa vai mudar o jogo. O que, para ser sincera, é uma pena, porque eu gostei da Seira, a menina que passou no lugar dela… e que não aparece em nenhum dos materiais promocionais. Sentirei sua falta, Seira.
Aliás, fiquei admirada com a quantidade de esforço colocado no character design de meninas que talvez nem apareçam mais a partir do próximo episódio! Ponto positivo para Kanna Hirayama, que inclusive ganhou o 2º lugar no nosso RC Awards em 2020 pelo trabalho dela em Kanojo, Okarishimasu — mas aqui podemos ver que os designs dela têm mérito próprio, se destacando mesmo quando é para uma obra original, sem mangá no qual se basear. A animação também ajuda bastante em fazer as meninas brilharem, com atenção a pequenos detalhes que são expressos de maneira fluída. Garotas fofas e estúdio Doga Kobo é uma combinação comprovadamente de sucesso, então não tenho preocupações nesse departamento!
Não tenho muitos comentários sobre minhas esperanças pro anime — até porque não tenho nenhuma mesmo. Esse é o tipo de obra que você sabe bem o que vai encontrar se decidir assistir, então a única coisa que espero é que as músicas sejam legais. De resto? Só quero me divertir e ver as meninas sendo fofas juntas.
E eu não consegui encaixar isso em lugar nenhum do review, mas o apresentador do concurso é um panda meio gay dublado pelo Daisuke Ono. Certamente não é o que eu esperava ao abrir o episódio, mas você nunca irá me pegar reclamando disso.
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Taishou Otome Otogibanashi [Ana]
Dentre os animes escolhidos pra ver nessa temporada, com certeza temos aqui aquele que vai dar um quentinho no peito, trazendo leveza com uma pitada de momentos engraçados.
Acho importante contextualizar o momento histórico em que a história se passa: o período Taisho, de 1912 a 1926, foi repleto de problemas políticos e econômicos para o Japão. Devido a isso, por mais que com os olhares de hoje seja absurdo as mulheres serem simplesmente vendidas por valores nem tão altos assim para serem noivas/esposas de alguém, isso era algo comum na época. Esse foi o caso da protagonista Yuzuki, que mesmo sendo ainda uma adolescente, que frequentava a escola e tudo mais, pelos problemas financeiros da família, foi vendida para ser noiva do Tamahiko, um jovem que após sofrer um acidente e perder o uso da mão direita, se torna pessimista e amargurando com a vida.
É curioso observar o contraste entre os dois: apesar de as coisas também não serem fáceis para Yuzuki, ela consegue encarar tudo com bastante leveza, e pretende passar essa energia para ele, mesmo com todos os afazeres que agora ela tem cuidando dele. Logo no primeiro episódio já temos momentos fofos e engraçados dos dois, tendo os famosos rostinhos corados, nos mostrando que por mais que seja algo arranjado e que eles nem se conheciam até então, algo romântico pode acabar de fato surgindo entre eles.
A equipe por trás da adaptação não é extremamente experimente, mas gostei de como as coisas foram conduzidas até então e estou curiosa para saber como vão desenvolver esse romance e o que mais Taishou Otome Otogibanashi terá a nos oferecer.
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2 comentários em “Primeiras impressões: temporada de outono (2021)”